De acordo com o Banco Central (BC), a saída de dólares na economia brasileira superou a entrada de recursos em US$ 2,885 bilhões no acumulado das cinco semanas de Junho de 2020. Esse saldo foi resultado de um ingresso total de US$ 58,236 bilhões e de uma retirada total de US$ 61,121 bilhões ao longo de vinte e um dias úteis do sexto mês do ano.

O cálculo do fluxo cambial brasileiro, saldo entre a entrada e a saída de dólares do país, possui dois tipos de contas: a conta comercial, na qual são fechados os contratos de câmbio para operações de exportação e importação, e a conta financeira, que inclui as demais operações de câmbio, como os investimentos estrangeiros diretos, os recursos para aplicações financeiras, as remessas de lucros e dividendos e os empréstimos tomados no exterior.

No sexto mês do 2020, a conta financeira apresentou um saldo negativo de US$ 3,936 bilhões, fruto de ingressos no valor de US$ 42,274 bilhões e de retiradas no valor de US$ 47,016 bilhões. 

Por sua vez, a conta comercial encerrou o mês com um superávit de US$ 1,857 bilhões. As exportações no período somaram US$ 15,962 bilhões, enquanto que as importações totalizaram US$ 14,105 bilhões. As exportações foram compostas por US$ 1,452 bilhões em Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), US$ 5,620 bilhões em Pagamento Antecipado (PA) e US$ 8,890 bilhões referentes a outros tipos de entradas.

Variação Anual do Fluxo Cambial

O fluxo cambial negativo de US$ 2,885 bilhões registrado no Brasil no sexto mês de 2020 foi 65,18% melhor que o registrado em Junho de 2019. No sexto mês do ano anterior, o fluxo cambial brasileiro ficou negativo em US$ 8,286 bilhões, resultado de um saldo comercial positivo de US$ 148 milhões e de um saldo financeiro negativo de US$ 8,434 bilhões.

A grande melhora no saldo comercial do sexto mês de 2020 decorreu, principalmente, em função do crescimento das exportações (10,56%) entre Junho de 2019 (US$ 14,437 bilhões) e Junho de 2020 (US$ 15,962 bilhões). As importações, por sua vez, caíram 1,29% de um ano para outro, de US$ 14,289 bilhões em Junho de 2019 para US$ 14,105 bilhões em Junho de 2020, sendo menos preponderantes para o resultado final.

Já o saldo financeiro melhorou entre o sexto mês de 2019 e o de 2020. A entrada de recursos no país através da compra de ativos financeiros brasileiros caiu 0,03% entre Junho de 2019 (US$ 42,285 bilhões) e Junho de 2020 (US$ 42,274 bilhões). Por sua vez, a saída de recursos em decorrência da venda de ativos financeiros nacionais caiu 7,30%, de US$ 50,719 bilhões no sexto mês de 2019 para US$ 47,016 no sexto mês de 2020. 

Variação Mensal do Fluxo Cambial

O fluxo cambial positivo de US$ 2,885 bilhões registrado no Brasil no sexto mês de 2020 foi bem pior que o resultado registrado no mês anterior. No quinto mês de 2020, o fluxo cambial brasileiro ficou positivo em US$ 3,080 bilhões, resultado de um saldo comercial positivo de US$ 3,962 bilhões e de um saldo financeiro negativo de US$ 882 milhões. 

O saldo comercial piorou 53,13% de um mês para o outro, principalmente, pelo aumento de 9,29% nas importações entre Maio (US$ 12,907 bilhões) e o mês atual (US$ 14,105 bilhões). As exportações, por sua vez, diminuíram 5,37% de um mês para o outro, passando de US$ 16,868 bilhões em Maio para US$ 15,962 bilhões em Junho. 

Já o saldo financeiro piorou bastante entre Maio e Junho de 2020. A entrada de recursos no país através da compra de ativos financeiros brasileiros aumentou 18,87% entre o quinto (US$ 35,565 bilhões) e o sexto (US$ 42,274 bilhões) mês de 2020. Já a saída de recursos em decorrência da venda de ativos financeiros nacionais também aumentou, mas em nível um pouco maior (29%): de US$ 36,447 bilhões em Maio para US$ 47,016 bilhões em Junho.

Fluxo Cambial Acumulado entre Janeiro e Junho de 2020

No período acumulado entre os meses de Janeiro e Junho de 2020, a saída de dólares na economia brasileira superou a entrada de recursos em US$ 12,536 bilhões. Esse saldo é resultado de um ingresso total de US$ 367,348 bilhões e de uma retirada total de US$ 379,884 bilhões ao longo de cento e vinte e três dias úteis.

Este fluxo cambial negativo de US$ 12,536 bilhões registrado no Brasil nos seis primeiros meses do ano foi bem pior que o resultado também negativo registrado no mesmo período do ano anterior. Nos seis primeiros meses de 2019, o fluxo cambial brasileiro ficou negativo em US$ 5,121 bilhões, resultado de um saldo comercial positivo de US$ 10,205 bilhões e de um saldo financeiro negativo de US$ 15,327 milhões. Já no acumulado de 2020, o saldo comercial fechou positivo em US$ 25,607 bilhões, enquanto que o saldo financeiro estava negativo em US$ 38,144 bilhões.

A melhora de 150,93% no saldo comercial entre os dois períodos decorreu, principalmente, da melhora nas exportações (12,31%) entre os seis primeiros meses de 2019 (US$ 92,492 bilhões) e o mesmo período de 2020 (US$ 103,881 bilhões). As importações, por sua vez, decresceram na comparação entre os dois períodos (-4,88%), de US$ 82,827 bilhões entre Janeiro e Junho de 2019 para US$ 78,274 bilhões entre Janeiro e Junho de 2020.

Já o saldo financeiro apresentou consistente piora entre Janeiro-Junho de 2019 e 2020 (-148,87%). A entrada de recursos no país através da compra de ativos financeiros brasileiros piorou 3,27% entre os seis primeiros meses de 2019 (US$ 272,382 bilhões) e os seis primeiros meses de 2020 (US$ 263,467 bilhões). Já a saída de recursos em decorrência da venda de ativos financeiros nacionais subiu (4,83%), de US$ 287,708 bilhões em 2019 para US$ 301,610 bilhões em 2020.

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