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Crise de Crédito na China

Por JL Torres

 

Nos últimos anos, a República Popular da China construiu um novo arranha-céu a cada cinco dias, mais de trinta aeroportos, sistemas de metrô em vinte e cinco cidades, as três pontes mais extensas do mundo e mais de nove mil e seissentos quilômetros de rodovias de alta velocidade, além de empreendimentos imobiliários comerciais e residenciais em larga escala.

Há duas maneiras de interpretar esse movimento: trata-se, é claro, de uma modernização necessária em um país que se urbaniza rapidamente; mas também podemos enxergá-lo como um sintoma de uma economia desequilibrada, cujas recentes fontes de crescimento não são sustentáveis.

Associado às recentes tensões nos mercados financeiros, o desequilíbrio econômico vivenciado pela China nos últimos anos pode ser visto como uma terceira onda da crise que abalou as estruturas de Wall Street e da City of London em 2007 (Crise Imobiliária Americana) e que colocou em risco a unidade da zona do euro a partir de 2009 (Crise da Dívida Europeia). Se confirmada, a Crise de Crédito Chinesa será o capítulo final para a maior crise econômica da história da humanidade.

O crescimento da economia chinesa

Desde o final de 1978, o governo chinês reformou a economia do país, que passou de uma economia centralizada e bastante fechada ao comércio internacional, para uma economia de mercado, que tem um setor privado em rápido crescimento e que desempenha um papel fundamental na economia global.

Desde que foram introduzidas, estas reformas ajudaram milhões de pessoas a saírem da pobreza, cujo índice encolheu de 53% em 1981, para apenas 8% em 2007. O governo chinês chama o seu sistema econômico de "socialismo com características chinesas", mas a maioria dos especialistas o considera como uma economia mista.

Enquanto o setor privado chinês domina 59,9% do PIB, o setor público formado por 159 empresas estatais controlam os setores mais importantes da economia (setor de utilidade pública, indústrias pesadas e recursos energéticos). Estas empresas estatais possuem e controlam dezenas de milhares de empresas subordinadas. Governos de cidades, de comunidades e de pequenas povoações também controlam empresas estatais ou coletivas ao seu nível local.

As reformas econômicas no país começaram com uma mudança essencial no sistema de trabalho agrícola: fazer o país sair de um sistema de agricultura coletiva para um sistema agrícola de responsabilidade familiar. A reforma expandiu-se mais tarde para incluir a liberação gradual dos preços, a descentralização fiscal, o aumento da autonomia das empresas estatais, que aumentaram o controle das autoridades governamentais locais, e a implantação de gestores na indústria para que houvesse um meio de se permitir uma grande variedade de empresas privadas nos ramos de serviços e de manufatura leve.

Além disso, a reforma econômica incluiu: a fundação de um sistema bancário diversificado, mas com o domínio avassalador dos bancos estatais; o desenvolvimento do mercado de bolsas de valores; o rápido desenvolvimento do setor privado; e a abertura da economia para o comércio exterior e para o investimento estrangeiro.

A China implantou as reformas a um ritmo gradual, embora haja grande evidência de que o controle do estado aumentou durante a década de 1990. A reforma econômica também implantou as condições de igualdade nos maiores bancos estatais da China para investidores estrangeiros no mercado internacional de divisas e no mercado de bônus durante a década de 2000.

Apesar do comércio exterior da China ter conseguido crescer mais rapidamente do que o PIB nos últimos trinta anos, não pode ser considerado como o único elemento de sucesso para o crescimento da economia do país. Na verdade, o sucesso chinês foi multifatorial. Além da expansão das exportações, o imenso investimento estatal na infraestrutura e na indústria pesada, e a forte expansão do setor privado em indústrias leves, também foram primordiais. O setor público menor, porém altamente concentrado, dominado pelas grandes 159 empresas estatais, tem provido investimentos importantes em utilidades, na indústria pesada e nos recursos energéticos, facilitando o crescimento do setor privado e direcionando os investimentos.

A decisão do governo de permitir que a China seja usada por empresas multinacionais e empresas não registradas pelo alvará como uma plataforma de exportação faz do país um grande competidor entre outras economias de exportação asiáticas, como Coreia do Sul, Singapura e Malásia.

O início da crise econômica chinesa

Em 2008, após o colapso do banco Lehman Brothers, o mundo presenciou um encolhimento dramático do comércio mundial. Isso foi catastrófico para a China, que tinha um crescimento muito dependente das exportações ao Ocidente. Quando as economias ocidentais pararam, diversas fábricas chinesas foram paralisadas.

Na ocasião, hordas de migrantes chineses pobres foram forçados a voltar para suas aldeias. A situação alarmou o governo e ameaçou o acordo implícito entre o Partido Comunista e a população chinesa que, há trinta anos, abriu mão de direitos democráticos em troca da tão sonhada prosperidade econômica.

Medidas adotadas pelo governo chinês para combater a crise econômica mundial

Como resposta, o governo chinês lançou um pacote de estímulo de dimensões gigantescas – o equivalente a R$ 1,5 trilhão de gastos estatais diretos – e instruiu que bancos "abrissem a carteira" e emprestassem dinheiro como se não houvesse amanhã.

A estratégia funcionou, a seu modo. Enquanto muitas das economias ocidentais e o Japão estagnaram, a China viveu anos de grande expansão, retomando sua taxa de crescimento anual acima de 10%.

Mas as fontes de crescimento eram limitadas e, desde então, mudaram.

Entenda a Crise de Crédito Chinesa

Mesmo antes do pacote de estímulo, a China investia a taxas maiores do que quase todos os demais países na história.

Antes da crise de 2008, o investimento estava em torno de 40% do PIB, três vezes mais do que a maioria dos países desenvolvidos. Após a crise, graças aos estímulos e às obras de infraestrutura, os investimentos subiram para 50% do PIB – um nível sem precedentes – e ali continuaram.

A questão é que, quando uma grande economia investe nesse ritmo para criar empregos e riqueza, possivelmente não obterá retorno de grande parte dos investimentos – que são muito maiores do que qualquer decisão racional dos empresários.

Quer um exemplo? A China tem vastos empreendimentos imobiliários – ou mesmo cidades inteiras – com luzes que nunca foram acesas e com estradas que mal foram percorridas por veículos.

Porém, o que torna tóxica uma grande parte desse investimento é o seu financiamento: uma explosão nos empréstimos. A proporção das dívidas chinesas em relação ao PIB tem crescido rapidamente.

A maioria das pessoas sabe que houve uma grande expansão de crédito na China, mas não conhece sua dimensão. No começo de 2008, o setor bancário chinês tinha um tamanho em torno de US$ 10 trilhões. Agora, tem entre US$ 24 e 25 trilhões. Esse aumento é equivalente ao total do setor bancário comercial americano, que levou mais de um século para ser constituído.

O Ocidente aprendeu a duras penas, após a Crise Imobiliária dos Estados Unidos e a Crise da Dívida da Zona do Euro, os perigos de um sistema financeiro que cria muito crédito rapidamente. Além disso, no caso da China, boa parte dos endividamentos está oculta, financiada por instituições chamadas de shadow banks, à margem do sistema financeiro tradicional.

Não há exceções na história das finanças: conceder empréstimos nessa escala faz com que os devedores não consigam quitar suas dívidas e implica em grandes perdas aos credores. A questão não é se isso vai acontecer, mas quando e qual a dimensão dos seus efeitos.

É por isso que vimos alguns episódios recentes de estresse nos mercados financeiros chineses, o que pode prenunciar problemas mais graves.

Quando o crescimento é gerado por um longo período de investimento lastreado em dívida, há dois desdobramentos possíveis: se essa grande expansão é encerrada cedo o bastante e de modo controlado e a economia é retomada de maneira sustentável, ocorre uma retração econômica, mas desta forma evita-se um desastre; no entanto, se a concessão de crédito passa dos limites, uma crise se torna inevitável.

Então, qual será o desfecho do milagre econômico chinês?

Medidas adotadas pelo governo chinês para combater a crise de crédito do país

O governo anunciou reformas que, em tese, podem reequilibrar a economia nos próximos anos ao trocar o investimento baseado em crédito por outro baseado no consumo.

Mas as reformas estão em estágio inicial, e a concessão de crédito continua. E mais: a atual explosão de investimentos nos setores imobiliário e de infraestrutura tem gerado tantos lucros a milhares de autoridades do Partido Comunista que há dúvidas quanto à habilidade do governo central em implementar mudanças.

Além disso, existem as consequências sociais: um crescimento econômico mais lento pode não ser suficiente para satisfazer a ânsia dos chineses por mais empregos e um padrão de vida melhor, algo que pode desencadear protestos populares.

Mas e se a bonança de crédito não for contida? Poderíamos estar diante de uma crise que chacoalharia não apenas a China, mas o mundo inteiro.

O recente crescimento chinês deu forma ao mundo como o conhecemos hoje: propiciou aos ocidentais a compra de produtos baratos e, para países exportadores (como o Brasil), a venda de commodities. O outro lado é que os preços mundiais dos alimentos e da energia subiram e a influência chinesa no resto do mundo mudou o equilíbrio de poder global.

Será que uma China enfraquecida traria benefícios ao Ocidente? Talvez não fosse algo totalmente ruim. Mas uma China repentinamente incapaz de prover o crescente padrão de vida esperado por seu povo seria um país mais instável – e também mais perigoso.

Panorama atual da economia mundial

Amplas reformas são urgentemente necessárias para impulsionar a produtividade e reduzir as barreiras ao comércio a fim de que o mundo evite uma nova era de crescimento lento e desemprego alto. Após a crise financeira global, o impulso para reformas perdeu força.

A desaceleração difundida na produtividade desde a crise pode pressagiar o início de uma nova era de baixo crescimento. Esse sentimento, que já predominava entre os países mais avançados há algum tempo, agora se espalhou pelas economias emergentes e já é re-alimentada pelo alto desemprego e queda da participação na força de trabalho em muitos desses países.

Remédios recomendados incluem reduções em barreiras regulatórias para competição, maior abertura ao comércio exterior e investimentos e mudanças em tributação no emprego, consumo, propriedade e herança.

Economia Chinesa

Com um produto Interno Bruto (PIB) nominal estimado em US$ 8,2 trilhões, a economia da República Popular da China é a segunda maior do mundo, superada somente pelo Estados Unidos da América.

O país asiático é a nação com o maior crescimento econômico dos últimos trinta anos, com uma média de crescimento anual do PIB em torno de 10% (dez por cento), de renda per capita em torno de 8% (oito por cento) e de exportações em torno de 15% (quinze por cento). Tal expansão reduziu drasticamente a pobreza no país, mas este rápido crescimento trouxe grandes desigualdades na distribuição de renda.

Apesar de ser o terceiro país com maior extensão territorial do mundo, a China é altamente pobre em recursos naturais, e, apesar de ter cerca de vinte da população mundial vivendo dentro de suas fronteiras, o seu papel dentro da economia mundial foi relativamente pequeno por mais de um século.

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Crise das Hipotecas nos Estados Unidos

O epicentro da crise econômica mundial que vem abalndo o planeta desde 2007 teve origem nos Estados Unidos, mais especificamente, no mercado imobiliário do país.

Tudo começou com os cidadãos comuns norte-americanos atrasando ou deixando de pagar a hipoteca da casa própria. Com isso, foram afetadas todas as empresas envolvidas nos empréstimos imobiliários. O problema é que o calote não foi pequeno.

Nas últimas décadas, a classe média norte-americana hipotecou em massa seus imóveis. Como funciona: empresas especializadas forneciam os empréstimos e tomavam as casas como garantia. Essas empresas, por sua vez, funcionavam como intermediárias no processo. Elas buscavam junto a investidores o dinheiro para oferecer nos empréstimos.

Com o aumento desse mercado, o investimento em imóveis tornou-se bastante atrativo. Aumentando a demanda, o preço dos imóveis subiu. 

Os problemas começaram em 2006, quando o presidente do Fed (o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, deu a entender que estava surgindo um movimento inflacionário no país, por conta do excesso de dinheiro no mercado. Como forma de controle, as taxas de juros entraram em um movimento de leve alta. 

Com a alta dos juros, as pessoas, ao invés de comprar imóveis, começaram a se sentir mais atraídas a aplicar em títulos do governo. O mercado imobiliário, então, começou um movimento reverso, de queda nos preços, provocada pela menor procura.

Com os preços dos imóveis em baixa, as novas hipotecas alcançaram valores menores – e as empresas de concessão de crédito passaram a enfrentar a inadimplência. No total, 4,95% dos empréstimos imobiliários não foram pagos no quarto trimestre de 2006. Tratava-se do nível mais elevado desde 2003. A maior parte da inadimplência sera referente aos empréstimos concedidos ao segmento baixa renda.

O calote atingiu as empresas de hipoteca, mas também os investidores que emprestaram dinheiro a elas. Sem receber as prestações, a empresa não repassava o dinheiro ao investidor. Esse, por sua vez, para reduzir suas perdas, vendia ações de outros negócios na bolsa de valores. Com todo mundo vendendo, as bolsas despencaram.

Crise da Dívida na Zona do Euro

A crise na Europa foi causada pela dificuldade de alguns países europeus em pagar as suas dívidas. Cinco dos países da região – Grécia, Portugal, Irlanda, Itália e Espanha – não vêm conseguindo gerar crescimento econômico suficiente para honrar os compromissos firmados junto aos seus credores ao longo das últimas décadas. O risco de inadimplência é real e tem consequências de longo alcance, que se estendem além das fronteiras da zona do euro.

A economia mundial experimentou um crescimento lento desde a crise financeira dos Estados Unidos entre 2008 e 2009. A crise americana expôs as políticas fiscais insustentáveis dos países na Europa e no mundo.

A Grécia, um dos países que não conseguiu realizar reformas fiscais, foi um dos primeiros a sentir o aperto de um crescimento mais fraco. Quando o crescimento diminui, assim como as receitas fiscais, torna os elevados déficits orçamentários insustentáveis. Na verdade, as dívidas da Grécia eram tão grandes que ultrapassaram o tamanho de toda a economia do país. No final de 2009, a única solução que restou para o então recém-empossado primeiro-ministro George Papandreou foi assumir que a Grécia não tinha mais condições de pagar as suas contas.

Os investidores reagiram de imediato, exigindo maiores rentabilidades sobre os títulos da Grécia, o que elevou o custo dos encargos da dívida do país e exigiu uma série de salvamentos pela União Europeia (UE) e Banco Central Europeu (BCE). A partir do episódio grego, o mercado passou a exigir maiores rentabilidades sobre os títulos dos outros países endividados da região, tentando antecipar problemas semelhantes ao que ocorreu na Grécia.

Porque a rentabilidade dos títulos sobe em resposta a este tipo de crise, e quais são as suas implicações?

A razão para o aumento da rentabilidade dos títulos é simples: uma vez que os investidores passam a considerar o investimento em títulos de um país arriscado, começarão a exigir um retorno maior para compensar esse risco. Isso gera um ciclo vicioso: a demanda por maiores rendimentos equivale a custos mais elevados de financiamento para o país em crise, o que leva a uma tensão fiscal ainda maior, levando os investidores a exigir um maior rendimento, e assim por diante. A perda geral de confiança dos investidores geralmente contagia o mercado, fazendo com que os investidores passem também a exigir rentabilidades maiores para a aquisição de títulos de outros países com finanças igualmente abaladas.