São Paulo, 25 de Setembro de 2015 – Em agosto de 2015, os preços coletados nas indústrias de transformação brasileiras variaram, em média, 7,27% quando comparados a agosto de 2014. No mês anterior, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) apontava para uma variação anual de 6,71%. As quatro maiores variações de preços ocorreram na fabricação de: outros equipamentos de transporte (36,74%), fumo (35,90%), papel e celulose (25,95%) e madeira (22,53%).
As principais influências para o indicador mês contra mês do ano anterior de agosto de 2015 vieram de: alimentos (1,43%), outros produtos químicos (1,17%), veículos automotores (0,91%) e Indústrias extrativas (-0,88%).
A seguir, são analisados detalhadamente os oito setores que, no mês de agosto de 2015, encontravam-se entre os principais destaques do Índice de Preços ao Produtor, de acordo com o indicador na comparação com o mesmo mês do ano anterior:
Outros equipamentos de transporte
Em agosto de 2015, os preços do setor apresentaram variação positiva de 6,83% em relação ao mês anterior. O resultado nesse indicador depende em grande parte da variação da taxa de câmbio (R$/US$), tanto que no acumulado do ano houve uma variação de preços de 24,52% contra uma variação cambial de 33,0% e nos últimos 12 meses foi de 36,74% contra uma variação cambial de 55,0%. Em agosto o setor apresentou aumento de preços para todos os índices que são analisados (mês contra mês anterior, acumulado no ano e acumulado nos últimos doze meses) e seus resultados foram os maiores para o indicadores acumulado ano e doze meses desde o início da pesquisa, em dezembro de 2009.
Fumo
Em agosto de 2015, os produtos do fumo mostraram variação positiva de 6,67% na comparação com o mês anterior. Já na comparação com igual mês do ano anterior, os preços do setor fumo registram aumento de 35,90%. Este diferencial nas taxas deste ano e do ano anterior se mostra compatível com as variações na taxa de câmbio (R$/US$) no período, com impacto imediato nos preços em real de ―fumo processado. De acordo com dados do Banco Central, na comparação entre agosto de 2015 e agosto de 2014 verifica-se uma apreciação do dólar de aproximadamente 55,0% e um aumento acumulado no ano de 33,0%. Por fim, observa-se uma variação positiva de 22,66% nos produtos do fumo no acumulado de 2015, que também caminhou no mesmo sentido do dólar, sendo esta a sétima variação positiva no ano (quarta consecutiva) e a décima primeira variação positiva dos últimos doze meses. Além disso, outro fator que motiva tal variação positiva em 2015 foi a regulamentação estipulada pelo governo que estabelece um preço mínimo para cigarros em 2015, determinado pela Lei 12.546 de 14 de dezembro de 2011.
Papel e Celulose
A variação de preços observada em agosto contra julho, de 3,96%, é a quarta maior da série, que teve seu ápice em março de 2015 (4,94%). Entre as indústrias de transformação, o setor teve o terceiro maior aumento de preços ao produtor do mês; o terceiro maior aumento acumulado desde Janeiro/2015 (16,99%); e o terceiro maior aumento (25,95%) no período de um ano. Comparado com o índice de Julho (1,14%), o de Agosto teve um aumento de 2,82%. Com o desempenho de agosto/2015, a indústria de papel e celulose, dentro das indústrias de transformação, teve uma influência de 0,15% no aumento de 1,25%, ficando atrás apenas de ―Produtos Alimentícios‖ (0,32%) e ―Outros Equipamentos de Transporte‖ (0,16%). As razões para o aumento dos preços do setor foram a alta no custo da matéria prima — em particular da ―celulose‖, que por sua vez é um dos produtos fabricados pelo setor —, cotada em dólar, e nos demais custos de produção. Os produtos do setor que tiveram maior influência na variação de agosto foram ―celulose‖, ―papel kraft para embalagem não revestido‖, ―papel para escrita, impressão e outros usos gráficos, não revestidos de matéria inorgânica‖ e ‗fraldas descartáveis‖. Em conjunto, da variação de 3,96%, estes produtos tiveram influência de 3,84%.
Madeira
Em agosto de 2015, na comparação com o mês imediatamente anterior, os preços dos produtos de madeira apresentaram variação positiva de 3,22% (após recuo de 0,57% em julho), com destaque para a influência dos produtos cotados em moedas internacionais. O resultado de agosto é a sexta taxa positiva registrada em 2015, com isso a variação acumulada no ano chegou a 13,11% — quarta maior taxa entre as indústrias extrativas e de transformação. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o setor também apresentou a quarta maior taxa das indústrias extrativas e de transformação: 22,53%, mantendo a trajetória de alta desta taxa, iniciada em fevereiro de 2015 — evolução compatível com a trajetória do câmbio (R$/US$) nos últimos meses.
Outros produtos químicos
A indústria química registrou pelo terceiro mês seguido uma variação positiva de preços, neste caso de 1,07%; o que gerou um acumulado no ano de 8,92% (maior taxa neste tipo de comparação em toda série do IPP) e de 11,17% na comparação com o mesmo mês de 2014. O cenário da indústria química dos produtos petroquímicos básicos e intermediários para plastificantes, resinas e fibras é ligado aos valores internacionais e aos preços da nafta, produto com queda de preços entre dezembro de 2014 e março de 2015, mas com uma recuperação de preços nos últimos meses. Além destes grupos também merece menção os produtos químicos inorgânicos, mais especificamente os produtos ligados à fabricação de adubos e fertilizantes, que tendem a seguir os patamares delimitados pelos preços internacionais. Além do citado aumento da nafta nos últimos meses, o setor apresentou uma elevação de seus custos associados à energia, compra de matérias-primas e dos custos atrelados à cotação do dólar (desvalorização do real frente à moeda americana em 55,0% nos últimos 12 meses). A variação de preços do mês em relação ao mês anterior tiveram valores positivos à exceção do ―propeno (propileno) não-saturado. São eles: ―borracha de estireno- butadieno‖, ―copolímero de etileno/acetato de vinila (EVA) e ―dióxidos de titânio. Em relação à influência, no mês contra mês anterior aparecem dois produtos em destaque com resultados positivos: ―adubos ou fertilizantes à base de NPK‖ (também destaque no acumulado e doze meses) e ―herbicidas para uso na agricultura‖. Em contrapartida aparecem com resultados negativos o ―propeno (propileno) não-saturado‖, também destaque na influência acumulado no ano e nos doze últimos meses e o ―etileno (eteno) não-saturado, que é destaque no acumulado e nos doze últimos meses com resultados positivos. Finalmente destacam-se em termos de influência, todas positivas, ―superfosfatos‖ no acumulado do ano e ―polipropileno (PP)‖ nos doze meses. Os quatro produtos de maior influência no mês contra mês imediatamente anterior representaram 0,26% no resultado de 1,07%; ou seja, os demais 28 produtos contribuíram com 0,81%.
Alimentos
Em agosto de 2015, os preços dos alimentos variaram, em média, 1,68%, segundo maior resultado no ano (1,70% em março de 2015). Com isso, até agosto houve uma variação acumulada de 4,17%, resultado que só foi suplantado recentemente pelo de dezembro de 2013 (6,80%). A comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, em agosto, foi de 7,57%, maior resultado observado entre maio de 2014 (9,20%) e este. Enquanto entre as maiores variações aparecem três carnes distintas – “carnes de bovinos congeladas”, variação positiva; “carnes de suínos frescas ou refrigeradas”, variação negativa; e “carnes e miudezas de aves, frescas ou refrigeradas”, variação positiva -, em termos de influência, apenas a primeira citada se destaca. Os outros produtos de maior influência são: “resíduos da extração de soja”, “sucos concentrados de laranja” e “óleo de soja refinado”, todos com variações positivas de preços. Os quatro produtos de maior influência respondem por 1,17% da variação de 1,68%. Num ambiente de desvalorização cambial (aproximadamente 9,0% em agosto, 33,0% ao longo de 2015 e 55,0% em doze meses), é de se esperar que produtos voltados à exportação despontem como os mais influentes nas várias comparações habitualmente feitas. Nesse sentido, justifica-se a influência positiva de “sucos concentrados de laranja”, “carne de bovino congelada” e mesmo a “carne de bovino fresca ou refrigerada” e os derivados de soja. Deve-se ponderar, todavia, que outros fatores também influenciam esses preços, como, por exemplo: problemas de oferta da soja americana em meses anteriores e, para o mesmo produto, a entressafra atual; no caso da carne, o restabelecimento de mercados (China) ao produto brasileiro.
Veículos Automotores
O resultado de agosto foi uma variação de 0,93%, a segunda maior do ano (1,33%, em janeiro). Com isso, o setor acumula, no ano, uma variação de 4,50% e 8,58%, na comparação com mesmo mês do ano anterior. Neste último caso, é a segunda maior variação observada na série (8,61%, em maio de 2015), que teve início em dezembro de 2010. Vale dizer que o setor foi destacado na análise justamente por sua influência na comparação mês com o mês do ano anterior, a terceira maior (0,91% em 7,27%) entre todas as atividades das indústrias extrativas e de transformação. Dois produtos são destaques tanto em termos de variação quanto de influência: “caixas de marcha para veículos automotores” e “chassis com motor para ônibus ou para caminhões”. Em termos de influências, os outros dois são: “automóveis para passageiros, a gasolina, álcool ou bicombustível, de qualquer potência” e “peças para motor de veículos automotores”. Em conjunto, os quatro produtos influenciam o resultado de 0,93% em 0,74%.
Indústrias extrativas
Em agosto, os preços das indústrias extrativas recuaram, em média, em 8,70%, quarta maior taxa negativa da série que teve início em janeiro de 2014. Com o resultado de agosto, o acumulado no ano chegou a – 6,50%. Por sua vez, a taxa anualizada (agosto de 2015 contra agosto de 2014) foi de – 21,60%, que, apesar de expressiva, é a segunda menor entre as negativas (em julho de 2015, – 14,68%). Vale dizer que a série anual teve início em dezembro de 2014 e todos os seus resultados são negativos. Este setor está em destaque nessa análise por que foi a maior variação negativa, na comparação mês com o mês imediatamente anterior, e também foi destaque em termos da influência no índice mês imediatamente anterior e no índice anual. Vale dizer que, nos três casos, foi o único setor destacado com variação negativa de preços. Dos quatro produtos que compõem o setor, “minérios de ferro” e “óleos brutos de petróleo” têm, na comparação mês com o mês imediatamente anterior, no acumulado e no anual, influência negativa. Por sua vez, os outros dois produtos (“gás natural” e “minérios de cobre em bruto ou beneficiados”) geram, nas três comparações, influências positivas.
Entenda o Índice de Preços ao Produtor (IPP)
Produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Produtor (IPP) tem como principal objetivo medir a variação média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no Brasil.
O IPP mensura a evolução dos preços de produtos de vinte e três setores da indústria de transformação. Cerca de mil e quatrocentas empresas são visitadas pelo IBGE para a pesquisa.
Os preços coletados ainda não apresentam a incorporação de impostos tarifas e fretes, sendo definidos apenas pelas práticas comerciais usuais. O instituto coleta, aproximadamente, cinco mil preços por mês.
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