China e Coréia do Norte deixam operadores de câmbio aflitos nesta quarta-feira e cotação do dólar volta a disparar

O dólar encerrou o pregão desta quarta-feira cotado novamente acima de quatro reais. A nova alta do preço da moeda norte-americana foi puxada pela divulgação de mais um dado preocupante sobre a saúde da economia chinesa e pela declaração da Coreia do Norte de que realizou com sucesso seu primeiro teste com bomba de hidrogêneo. Esses novos componentes de tensão levaram muitos investidores a alocarem seus recursos em ativos considerados mais seguros – como o dólar. Com isso, a cotação da moeda disparou.

O dólar subiu 0,70% em relação ao real, fechando o terceiro pregão de 2016 vendida a R$ 4,0214 e comprada a R$ 4,0192. Nas três primeiras sessões do ano, a moeda norte-americana já acumula uma alta de 1,86%.

Cenário internacional

O mercado de câmbio brasileiro começou o dia com a notícia de que a Coréia do Norte testou com sucesso um artefato nuclear de hidrogênio em tamanho reduzido nesta quarta-feira. O governo do país asiático reivindica o reconhecimento mundial do avanço de seu poder de fogo e capacidade de ataque a seus inimigos.

A notícia liga o sinal de alerta no Japão e na Coreia do Sul, inimigos declarados do governo norte-coreano. Também aumenta o desafio da política externa dos Estados Unidos e testa a capacidade da China de controlar seu aliado mais instável.

Além do medo de uma possível guerra nuclear, os operadores do mercado de câmbio tiveram que lidar com a divulgação de mais um dado preocupante sobre a economia chinesa. Desta vez, foi o fraco desempenho do setor de serviços da China que contribuiu para sustentar a apreensão nos mercados globais. Na última segunda-feira, dados fraquíssimos sobre a produção industrial e a atividade industrial chinesa já haviam feito o preço da moeda norte-americana disparar.

Em resposta, o banco central chinês  injetou quase US$ 20 bilhões nos mercados e fixou sua taxa de câmbio diária no menor patamar dos últimos quatro anos e meio, o que alimenta os temores de que a segunda maior economia do mundo pode estar ainda mais fraca do que o esperado.

Cenário nacional

No cenário local, investidores aguardavam novas sinalizações do governo sobre sua estratégia para enfrentar a crise econômica, após a troca de Joaquim Levy por Nelson Barbosa no Ministério da Fazenda alimentar preocupações com a possibilidade de o governo afrouxar o rigor fiscal.

Também cresce a expectativa pelo fim do recesso no Congresso Nacional, que adia a decisão de medidas importantes para a busca do ajuste das contas públicas e acirra os ânimos dos investidores.

Entre as medidas a serem analisadas pelo Congresso após a volta do recesso está a retomada da CPMF, prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016 e necessária nos cálculos do governo para fechar o ano com a meta de economizar 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto).

Banco Central

Pela manhã, o Banco Central (BC) realizou mais um leilão de rolagem dos swaps cambiais com vencimento em 01 de fevereiro, vendendo a oferta total de até 11,6 mil contratos.

Até o momento, o BC já rolou o equivalente a US$ 1,695 bilhão, ou cerca de 16% do lote total, que corresponde a US$ 10,431 bilhões.

Variação da cotação do dólar comercial em 06 de Janeiro de 2016