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A inflação está caindo sistematicamente

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Com juros básicos a 14,25%, o BCB está tentando recuperar a credibilidade perdida durante a crise política. Manter os juros básicos elevados sinaliza para a sociedade (na verdade para o mercado e a imprensa especializada) que a atual diretoria tem um compromisso sério com a luta contra a inflação e está decidida a não arredar o pé até que a inflação correte e as expectativas de inflação futura caiam até um nível considerado satisfatório. Qual é esse nível satisfatório que são elas…

O Sistema de Metas de Inflação estabelece como meta o IPCA, calculado pelo IBGE. Ele deve ficar em 4,5%, podendo oscilar entre 2,5% e 6,5%. Essa oscilação é aceita porque o Brasil é um caso à parte, fora dos padrões imaginados na teoria econômica que ajudou a fazer a fundações do Sistema de Metas de Inflação mundo afora. Como a margem de erro é formidavelmente grande, a possibilidade do Banco Central aceitar um número qualquer é grande, como também é grande a possibilidade do mercado não gostar do mesmo. No final das contas, algo que deveria servir para estabelecer regras rígidas para a política monetária, acaba sendo flexibilizado demais pelo mercado ou pelo BC. O fato é que o BC pode considerar essa trajetória de queda do IPCA, de 10,5% em 2015, para 7,5% e 5,8% em 2016 e 2017, respectivamente, satisfatória ou insatisfatória. Vai depender de como isso atuará sobre as expectativas do mercado. É claro que, à primeira vista, isso pode parecer um problema que tem duas soluções opostas para o mesmo resultado (satisfatório/não satisfatório), mas isso é porque a trajetória e o nível da inflação precisa ser combinada com outras variáveis, sobretudo com as expectativas.

Hoje a FGV divulgou o IPC-S, que mede a inflação semanal e é um bom antecedente da tendência o índice oficial, o IPCA. I índice vem caindo gradativamente, após ter explodido meses atrás. Os alimentos e a energia elétrica, que foram responsáveis por esse salto, passaram a contribuir para a queda do índice. Veja a tabela do resultado de hoje:

Note que apesar da alimentação ainda estar subindo em ritmo elevado (0,69%/0,7%) essa alta estabilizou-se e deve cair daqui para a frente. Contribuíram para aqueda a alimentação (que tem água e luz) e, nessa semana, o transporte, com a gasolina caindo de +0,82% para -0,01%. Veja a evolução do IPC-S nos últimos anos:

Os grandes picos ocorrem no final e início do ano, marcando as despesas com impostos, material e mensalidade escolar, além dos alimentos. Mas os picos foram elevadíssimos já a partir de 2012, subindo de cerca de 1%, em 2012-2013, para 1,7%, em 2015-2016. Veja o gráfico do IPC acumulado em doze meses:

As linhas pontilhadas em vermelho indicam os limites superiores e inferiores da meta de inflação e a verde o centro de 4,5%. A inflação saiu do limite superior a partir de maio de 2014 e não voltou mais. Ela só retorna à banda de tolerância (que não à meta de 4,5%, mas o intervalo 2,5% – 6,5%) no ano que vem.

É claro que o Brasil é terreno fértil para a imaginação dos economistas e analista no sentido de explicar porque a inflação explodiu quando a economia teve uma de suas maiores contrações da história. Porém, o único consenso é de que o BC deverá manter uma postura rígida em relação ao que se espera dele em seu combate, daí que muitos engrossem o grupo dos que acreditam em manutenção da Selic ao longo de todo o ano e reduções a partir do ano que vem.

Ocorre, porém, que manter as taxas no nível atual, com inflação em quedas e expectativas melhorando, pode ser um remédio amargo. Como disse Paracelso, no século XVI, “a diferença entre o remédio e o veneno está na dose”, e essa dose de juros pagos pelo Tesouro Nacional pode ser um contraponto importante à tentativa de estabilização levada a cabo pelo governo. Ao mesmo tempo que o presidente do BC, Ilan Goldfajn, exorta o governo ao controle dos gastos, ele abre uma outra torneira que faz os gastos explodirem em um efeito que pode ser mais que desastroso. A evolução da dívida depende dos juros básicos e o BC sabe disso. Há um limite fiscal para a postura “rígida” do BC.

Colocando os pesos na balança, de um lado a necessidade de recuperar a confiança, de outro, os limites fiscais das taxas de juros, é possível que os juros caiam nesse ano, sobretudo se a inflação continuar desacelerando, sinalizando que em 2017 estaremos dentro do intervalo de tolerância do BC. Porém, dada a enorme margem de manobra do BC, essa queda não está garantida. É necessário um pouco de “arte” para definir a estimativa acerca de quando os juros começam a cair. Levando em conta a trajetória recente da inflação e a possível manutenção do cenário externo, é razoável “apostar” em pelo menos uma queda dos juros em novembro. Não se descarta, igualmente, a possibilidade de uma queda em outubro ou, nenhuma queda nesse ano. Façamos a distribuição das probabilidades:

Queda em outubro: 25%

Queda em novembro: 60%

Nenhuma queda em 2016: 15%

Como dito acima, apesar da clareza da elaboração do marco teórico, a sua implementação depende mais da “arte” do que da ciência.

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