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Economia está melhor, mas a política pode azedar

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Com o fim a temporada de resultados – que nessa semana terá quase 100% das empresas do Ibovespa com resultados divulgados – e com a melhora dos dados econômicos – tanto os anunciados, como as expectativas em relação aos dados futuros – era de se esperar uma consolidação do cenário otimista. Esse cenário implica em alta na bolsa, queda nos juros e no dólar. Porém, o anúncio, pela imprensa, de que a delação de Marcelo Odebrecht pode atingir diretamente o presidente interino Michel Temer e o ministro interino das relações exteriores, Senador José Serra, tende a fazer os agentes do mercado a colocarem as barbas de molho.

As expectativas de mercado estão caindo para a inflação de 2017 e para a de 2017. A desse ano está em 7,20% e a do ano que vem em 5,14%. Considerando que a inflação de 2015 foi de 10,5%, a desinflação da economia é rápida, caindo 3,30% nesse ano e 2,06% no ano que vem. Tudo indica que o diagnóstico que já fizemos ao longo do ano passado esteja correto: a forte alta da inflação em 2014 e 2015 resultou do forte choque de oferta representado pela seca (com alta em alimentos e tarifas de água e luz) e pelo dólar (veja o post http://pepasilveira.blogspot.com.br/2016/01/o-estouro-da-meta-inflacionaria-de-2015.html ). Agora, com a recessão e a queda do dólar, juntas com a normalização do regime de chuvas, estamos vendo uma forte desaceleração da inflação. O IGP-DI, calculado pela FGV, fechado em julho, veio em -0,39%, depois de subir 1,63% em junho. O grande alívio veio dos produtos agropecuários do atacado, que foram os grandes responsáveis pela alta anterior. Veja a evolução do IGP-DI:

O mesmo comportamento foi verificado para o IPC-S, também da FGV, que calcula a inflação semanal ao consumidor. Ela subir, mas manteve-se dentro do tolerável e foi por conta dos alimentos, basicamente porque as frutas caíram menos do que na semana anterior.

Ainda que a inflação não atinja diretamente os preços em bolsa, ela reflete o estado geral da economia e influencia diretamente as expectativas. A queda da inflação, portanto, ajuda a retirar o clima apocalíptico que vivenciamos por muitos meses.

A queda esperada para o PIB estacionou na vizinha de -3,2% e isso pode ser visto como uma boa notícia, já que o encolhimento real seria de “apenas” 0,7% nesse ano[i]. Com essa queda o mercado sinaliza que o fundo do poço chegou e que são vistas taxas de crescimento positivas, ainda que modestas.

Esse ambiente geral mais positivo, que retira a sensação de fim de mundo dos agentes econômicos, é benéfica para os negócios e empurra a atividade econômica e os preços das ações para cima, ao mesmo tempo em que derruba o dólar e os juros.

Ocorre porém, que se forem confirmadas as informações da Veja, de que o empresário Marcelo Odebrecht iria delatar Michel Temer (que teria pedido R$ 10 milhões para PMDB pelo caixa dois), Eliseu Padilha (que teria recolhido o dinheiro) e José Serra (que teria recebido cerca de R$ 23 milhões), podem jogar areia nas engrenagens do otimismo atual. Ainda que sejam apenas delações, o potencial de estrago é enorme e é muito difícil imaginar onde esse processo vai parar. A delação de Odebrecht é um evento explosivo por não se conter no PT e atingir o novo coração do poder: o PMDB e o PSDB.

Ainda que o PT esteja derretendo como partido, é arriscado conceber um período de estabilidade política com um presidente e vários ministros encurralados na lava a jato, novamente. A votação no senado, a admissibilidade do processo de impeachment será um evento importante e positivo para os mercados. Mas é necessário ficar de olho em Marcelo Odebrecht e no procurador geral da República, Rodrigo Janot.

[i] A queda do ano passado gerou uma herança para esse ano em função da metodologia de cálculo do PIB.

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