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O que Janet Yellen pode falar na sexta-feira

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O Federal Reserve dos EUA vem mantendo a sua taxa básica próxima a zero desde que eclodiu a crise do sub-prime. Em janeiro de 2009 ela foi levada a zero e ficou aí até janeiro último, quando o Comitê de Política Monetária tentou começar o CICLO DE NORMALIZAÇÃO DA POLÍTICA MONETÁRIA, elevando a taxa básica em 0,25%. Os resultados foram surpreendentemente ruins: os mercados acionários, de dívida e de moedas colapsaram mundo afora. O índice S&P500, que mede o desempenho das 500 empresas mais negociadas nas bolsas dos EUA, desabou 12% em um mês.

Depois desse sinal claro dos mercados, o FED reagiu interrompendo o processo de NORMALIZAÇÃO. O objetivo era o de levar as taxas de juros até o seu nível considerado normal, entre 3,5% e 4,5% ao ano, em resposta à melhoria das condições da economia, particularmente no mercado de trabalho, que mostrou o desemprego caindo dos 10% para 4,9%. Porém, com essa reação dos mercados, a diretoria do FED viu riscos claros de que o derretimento dos preços levasse a um contágio da economia.

A recuperação é frágil, como já apontava o FED em 2014 em suas pesquisas relativas ao mercado de trabalho, apresentadas no Seminário de Jackson Hole. Apesar da taxa de desemprego cair, ela cai ou porque muita gente saiu do mercado de trabalho (a participação Força de Trabalho caiu em 2,5% do PIB) ou por que a criação de vagas se baseia em empregos de baixa qualidade (baixa remuneração e regime de trabalho parcial). Assim, os custos de trabalho se mantêm baixos, apesar da produtividade em queda, levando a inflação a um ponto bem distante da meta do FED de 2% no longo prazo. Veja o gráfico da inflação anual, medida pelo índice de preços do consumo do PIB, excluídos os preços de alimentos e energia:

Além disso, apesar da inflação baixa ser motivo de alegria entre os formuladores de política[1], inflações muito baixas acompanhadas de baixo crescimento são um pesadelo para os BCs.

A solução proposta pelo FED e outros Bancos Centrais foi, como sabemos, inundar a economia com dinheiro e reduzir os juros básicos a zero. Resolvido o problema, bastaria retornar à “normalidade”. Veja os juros do FED, os FED FUNDs:

Observe que os juros só estiveram tão baixos nos anos 1950 ou 1960, e que o período de 1972 a 1990 foi de juros elevadíssimos.

Porém, apesar dos estímulos nada convencionais, a economia não está reagindo e tudo indica que ela é altamente dependente, no momento, da forte liquidez e dos juros zerados. Retirar essa combinação por disparar um ciclo de ajuste que leve para a recessão ou, pior, à depressão. Some a isso os problemas da União Europeia e do Japão, que estão se arrastando em taxas de crescimento perto de 1% e inflações de 0% no ano. A diretoria do FED monitora exatamente isso.

Diante desse cenário, a interpretação que alguns analistas e parte da imprensa especializada fazem a respeito dos próximos passos do FED parece equivocada. Apesar de 70% dos economistas consultados pelo Wall Street Journal acreditar em uma alta de juros em dezembro, os mercados se agitam com as manchetes a respeito da possibilidade de uma alta agora em setembro. A deixa para essa surpresa, seriam os discursos que alguns diretores fizeram recentemente ou números mais “quentes” para a atividade econômica e para o mercado de trabalho. Mas veja a tabela abaixo:

Cada ponto representa o nível dos juros ao final de 2016 que um votante no Comitê de Política Monetária acreditava ser viável na reunião de junho. Seis diretores acreditavam que a taxa ficaria em 0,75%, com uma alta, e todos os outros onze acreditavam em pelo menos outra alta, fechando o ano em 1%, no mínimo. Assim, o mais provável é que, se a diretoria mantivesse seus votos nas próximas reuniões, tivéssemos duas altas, uma em novembro e outra e dezembro. E nada parece ter mudado tão bruscamente para que os diretores pensem em subir mais rápido. Ao contrário, de junho para cá tivemos o Brexit e a piora de indicadores de preços e atividades nos EUA. Somente o mercado de trabalho mostra alguma resistência.

Portanto, quando o mercado promove uma realização, como hoje, ele não está sinalizando uma mudança de sua percepção em relação à política monetária. Provavelmente está apenas realizando, afinal, 80% dos economistas de Wall Street veem apenas uma alta dos juros básicos em dezembro.

[1] Os economistas chegaram a chamar o breve período de baixa inflação e “alto” crescimento de A GRANDE MODERAÇÃO. Esse breve período foi de 1985 a meados dos anos 2.000. Robert Lucas, em 2003, chegou a declarar: “the central problem of depression-prevention has been solved” .

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