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O sensacionalismo da Operação Carne Fraca destruiu a reputação de um dos setores mais importantes do Brasil e a imagem do país frente aos estrangeiros, que já não era tão positiva, agora está ainda pior. Não só a produção e exportação de carnes são afetadas, mas outros segmentos que também lutaram para abrir mercado, o que acaba com a expectativa de retomada da economia para este ano.

Se, na melhor das hipóteses, a previsão era de crescer 1%, a perda do setor de carnes pode consumir este percentual. De volta à estaca zero. O próprio governo reduziu sua estimativa de crescimento de 1% para 0,5%, uma taxa insignificante para um país que registrou dois anos de recessão seguidos, encolhendo quase 8%. Para 2018, o Ministério da Fazenda estima um crescimento do PIB da ordem de 2,5%. Isso, se outro escândalo não vier à tona.

Se todos os países suspenderem as compras de carne, cerca de US$ 15 bilhões em exportações serão jogados no lixo. As vendas já caíram de milhões por dia para milhares. Em 2016, as exportações brasileiras globais de carne (bovina, suína e frango) totalizaram US$ 13,6 bilhões, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O valor corresponde a 7,5% do total exportado pela economia brasileira e fica atrás apenas do minério de ferro e da soja. Dentre as nações que já declararam o embargo, estão a União Europeia, China, Chile, Coreia do Sul e Hong Kong.

Além da piora da balança comercial, a operação gera outros fatores negativos. Estima-se ainda que a redução das exportações brasileiras de carne pode custar cerca R$ 1 bilhão a menos em impostos, bem no meio de uma crise fiscal. A baixa arrecadação provocada pela falta de crescimento econômico levará o governo a ampliar o corte no orçamento para cumprir a meta de déficit primário de R$ 139 bilhões. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles já fala em aumento de impostos.

Outro dado já ruim que ficará ainda pior é o desemprego, ampliando as estatísticas negativas. Os frigoríficos já iniciaram as demissões. A JBS anunciou a suspensão da produção de carne bovina em 33 das 36 unidades do país por três dias para ajustar a produção até que haja uma decisão sobre as restrições à importação de carne brasileira.

Para exportar é preciso criar toda uma estrutura de marketing e imagem sólida. As negociações levam anos para serem concretizadas, como foi com o mercado asiático. As duas maiores empresas brasileiras, JBS e BRF, receberam estímulos bilionários via BNDES para se tornarem gigantes deste setor. Para acabar com a reputação bastou que a Polícia Federal fizesse uma coletiva de imprensa, sem apresentar laudos de especialistas.

Mesmo que haja irregularidades, a forma como a operação Carne Fraca foi anunciada, via ventilador, mostrou-se irresponsável. Nos últimos meses o que se vê é todo esforço para estragar a imagem brasileira no mercado internacional: os escândalos da Petrobras, Odebrecht, a denúncia de golpe, os denunciados da Lava Jato e agora a carne.

Minou-se o pouco otimismo existente de que voltaríamos a crescer. Muitos serão afetados pela estagnação que levará a mais corte de gastos do governo, mais desemprego, menor consumo e investimento e, provavelmente mais impostos.

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