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O soluço verificado pelo IBGE deve ser encarado apenas tecnicamente como o fim da recessão. Após oito trimestres de queda, o PIB registrou incremento de 1% nos três primeiros meses do ano em relação aos últimos de 2016. No entanto, em relação ao primeiro trimestre do ano passado, caiu 0,4%, o 12º resultado negativo. Após a divulgação, Temer aproveitou o momento para demonstrar seu “heroísmo” ao retirar o país da mais grave crise da história. A estratégia, entretanto, é apenas marketing. A crise continua, e um de suas causas é presença dele próprio no poder. Deve-se lembrar que os dados do primeiro trimestre não envolvem o último escândalo de corrupção, provocado pela delação de Joesley Batista.

Mesmo diante do crescimento de 1%, a economia brasileira ainda se encontra no mesmo patamar do final de 2010. Em valores correntes, o PIB somou R$ 1,595 trilhão. Setorialmente, a economia foi salva pelo agronegócio, que cresceu 13,4%, devido à safra recorde de grãos. O comportamento do setor não deve se repetir nos próximos trimestres e, quando retirada esta exceção, vemos que pouco mudou no comportamento da economia. Os setores que mais empregam não demonstraram recuperação, pelo contrário: o segmento de serviços ficou praticamente estável e o comércio recuou 2,5%. Já a indústria teve alta de 0,9%.

Todos os componentes da demanda interna do país diminuíram em relação ao quarto trimestre de 2016, o que evidencia que a recuperação plena da economia permanece longe. O consumo das famílias, que já se encontra em nível baixo, continua recuando, diante da contração da renda e aumento do desemprego. Os gastos do governo também caíram (0,6%), assim como os investimentos das empresas (1,6%). O cenário de crise e incerteza política, unido à baixa demanda, faz com que os empresários adiem decisões. O volume de investimentos foi de 15,6% do PIB, o menor patamar registrado em toda a série histórica do IBGE. Com tudo em queda, só houve melhora, pela ótica da demanda, das exportações, e agronegócio (produção).

Como os fatores que levaram ao dado positivo são pontuais e não relacionados à demanda interna, não será estranho se o PIB do segundo trimestre cair em relação ao primeiro. Além do menor efeito do agronegócio, pesarão os efeitos da crise política, que devem levar a uma maior contração dos investimentos, além do elevado volume de pessoas desempregadas: 14 milhões. A perspectiva é de que as chances de o país retornar à recessão são elevadas.

Ignorando esta possibilidade e tentando se firmar como salvador da pátria, Temer escreveu em sua conta no Twitter: “Acabou a recessão! Isso é resultado das medidas que estamos tomando. O Brasil voltou a crescer. E com as reformas vai crescer mais ainda”. Hábil com mesóclises e sem familiaridade com vírgulas, pode, segundo as crenças de alguns, usar o dado do PIB para ganhar força para aprovar reformas. Porém, não se pode esquecer que, nesta semana, haverá o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral, o que pode fortalecer ainda mais Temer ou lhe dar a extrema-unção. Mais conservador, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles afirmou que “ainda há um caminho a ser percorrido para alcançarmos a plena recuperação econômica, mas estamos na direção correta”.

Foi justamente a incerteza em relação ao futuro político a desculpa utilizada pelo Banco Central para não realizar um corte maior na taxa de juros, hoje em 10,25%. Em comunicado, o Copom destacou que, nas próximas reuniões, as reduções da taxa serão menores do que o corte de 1 p.p. dado. “Em função do cenário básico e do atual balanço de riscos, o Copom entende que uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado hoje deve se mostrar adequada em sua próxima reunião.”

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