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SulAmérica: investidor deve ter cautela com apostas na queda dos juros

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Apesar da melhora dos mercados em meio à crise política que quase derrubou o governo de Michel Temer e da expectativa de queda forte dos juros, especialistas alerta para a necessidade de o investidor tomar cuidado com suas aplicações. Muitos mudaram suas projeções para os juros recentemente, baixando a estimativa para o fim deste ano e para o próximo para perto de 7%, ou até 6%, por conta das indicações do Comitê de Política Monetária (Copom) em sua última reunião. Mas a maioria acha que as taxas podem subir caso o cenário político ou o desajuste fiscal aumente no ano que vem, e aí as opiniões se dividem sobre até onde a Selic pode subir.

Cenário binário

O cenário é tão nebuloso que não dá para fazer muitas projeções, afirma Marcelo Mello, vice-presidente da SulAmérica Investimentos. “São duas coisas totalmente arriscadas, a reforma da Previdência passar ou não e a eleição para presidente e para o Congresso que assume em 2019”, explica. “O melhor cenário é passar a Previdência e termos um candidato responsável fiscalmente, e aí podemos ter juros de até 7% ao ano”, diz. “Mas, se for diferente, o juro pode subir e voltar para 14%, 15% ou até mais se questão fiscal não for resolvida, e isso é uma coisa que não conseguimos antecipar”, alerta. “São eventos binários, por isso não dá para ter posições muito grandes e longas”, diz.

Segundo ele, antes do Copom de julho, que baixou a taxa básica Selic de 10,25% para 9,25% ao ano, indicando um novo corte de mesma magnitude, a gestora previa 8% para a Selic no fim deste ano. “ Veio a ata, reduzimos para 7,5% com viés de baixa, mas o mercado já caminha para 7% e provavelmente vamos reduzir novamente”, diz.

Mercado ajustado para 7%

Mello observa, porém, que os ativos no mercado já estão com seus preços ajustados para a queda da taxa para 7%. Os rendimentos dos papéis prefixados do governo já caíram, e a curva de juros futuros ficou mais baixa no curto prazo e alta no longo. Mas a NTN-B, corrigida pela inflação do IPCA, ainda tem um pouco mais de premio embutido, avalia Mello. “A NTN-B não se ajustou e pode ser opção melhor neste momento”, afirma, citando em especial as de prazo mais curto. A NTN-B 2024 principal, que paga juros no vencimento, pagava hoje 4,97% mais IPCA, segundo dados do Tesouro Direto.

Inflação implícita

Outra opção nos juros é uma operação chamada compra de operação implícita. Nela, o fundo procura ganhar com a diferença entre a inflação embutida nas taxas futuras prefixadas e a efetiva. Para isso, compra NTN-B, que paga juros reais mais IPCA, e vende contratos prefixados no mercado futuro de juros. A diferença entre o juro real da NTN-B e o juro prefixado é a inflação implícita nas taxas prefixadas. “Na transição Dilma-Temer, o juro para 2024 chegou a ter uma inflação implícita de 9,5% e, agora, está em 4,60%, um patamar muito baixo”, diz. Ou seja, com a inflação subindo, a tendência é a NTN-B render mais que o prefixado.

“A taxa projetada pelo mercado significa acreditar que, de hoje até 2024, a inflação vai ser no máximo 4,60%, e tem muita coisa para acontecer, como a questão fiscal e a eleição de 2018, então comprar a inflação implícita nesse patamar parece boa opção”, Mello. Esse tipo de operação não está disponível para pequenos investidores, mas costuma ser feita por gestores de fundos multimercados, que são a alternativa para capturar esses ganhos.

Reduzindo prazos e valores das aplicações

Mello explica que, como o mercado está mais ajustado, sem grandes prêmios, a SulAmérica está encurtando os prazos das aplicações em seus fundos, apostando na inflação implícita e no juro real em NTN-B até 2024. Ele lembra que os fundos ativos em geral, sejam multimercados ou renda fixa, estão mais cautelosos desde a crise política de maio. “Ninguém está de peito aberto em juros depois do dia 17 de maio”, lembra.

Multimercados e renda fixa de maior risco antes de ações

Mesmo assim, de lá para cá, os mercados voltaram bem, com a bolsa retomando os 68 mil pontos. O investidor local, porém, não vai aumentar posição em bolsa tão cedo. Antes, deve aumentar o risco em estratégias ativas de renda fixa, como crédito ou prazos mais longos, ou ir direto para multimercados, acredita Mello.

Na bolsa, quem tem comprado mais são os estrangeiros, que acumulam cerca de R$ 8 bilhões de saldo no ano, mostrando a confiança maior do investidor externo, que foi o responsável pela recuperação da bolsa após a crise política. “Se a questão previdenciária ganhar força, podemos ter uma recuperação mais forte do mercado de capitais pelo fluxo de investidores internos”, afirma Mello.

Reforma capenga da Previdência já ajudaria

Ele acha, porém, que é cedo para acreditar nesse cenário, já que o presidente Temer ganhou uma batalha na Câmara, mas está mais fraco para aprovar uma reforma polêmica como a da Previdência, e que exige dois terços dos votos. “O governo vai ter de se alinhar bem com PSDB para aprovar a reforma ainda que desidratada” afirma Mello, que acredita que, se passar a idade mínima para aposentadoria, já será suficiente para se ver uma inflexão no crescimento do endividamento público e espaço para juros menores.

Risco, só com proteção

Enquanto isso, a estratégia é muito alinhada com a baixa convicção no que vai acontecer no lado fiscal, o que recomenda posições menores, de curto prazo ou protegidas. “Se abrimos uma posição em bolsa, fazemos outra em dólar para compensar, pois o cenário pede conservadorismo”, afirma Mello.

Fundos de previdência também encurtam posições

Nos fundos de previdência privada, a ordem também é reduzir os prazos das carteiras para o menor possível e manter posições líquidas, esperando este momento de incerteza passar. “Se tivermos demonstração maior do alinhamento do governo, a percepção de que Temer consegue trazer as bancadas que votaram contra ele no processo do Supremo para apoiar a Previdência, pode haver algum prêmio nos ativos nos níveis atuais”, diz. “Precisamos ver o governo se posicionando, os partidos, o Congresso apoiando as reformas antes de aumentar posições.

Proteção na NTN-B e juros atrativos

De qualquer maneira, a NTN-B, além do juro real atrativo, protege do cenário menos otimista, afirma Mello. E é o mercado que menos voltou desde a crise política. Com os juros das NTN-B caindo, porém, as fundações terão de se mexer. “Quando o juro caiu para 7,25% em 2013, as fundações correram comprar títulos longos, e talvez tenham agora de alongar novamente os prazos em papéis prefixados, com alguma migração também para multimercados e carteiras de crédito”, diz o executivo. “Como esses fundos têm um volume grande de recursos, podem puxar o trem”, explica Mello.

Para o investidor, a opção é a compra direta de NTN-B ou de fundos de renda fixa atrelados ao IMA-B, índice que reflete a variação das NTN-B do mercado, e que pode ser de papéis de até cinco anos (IMA-B 5) ou mais de cinco anos (IMA-B 5+), afirma Mello.

Ele observa que as pessoas físicas têm um movimento semelhante ao das fundações, incomodados com juros caindo, olhando fundos de crédito e também multimercado, que tem captação expressiva este ano. “É uma fotografia do que ocorreu em 2013, de migração para estratégias mais sofisticadas de valor agregado”, afirma. “Se a Selic ficar em patamar reduzido de maneira estrutural, haverá espaço no setor de fundos para estruturas de maior valor agregado.”

 

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