Grupo Casas Bahia quer mostrar que pode voltar a ser a rede de varejo consistente que já foi no passado
20 Setembro 2023 - 3:27PM
ADVFN News
Uma semana após computar um resultado abaixo do esperado em seu
follow-on, o Grupo Casas Bahia quer mostrar ao mercado que pode
voltar a ser a rede de varejo consistente que já foi no passado. E,
para isso, está trazendo de volta o slogan, o garoto propaganda e o
foco nos negócios que nunca deixaram de ser rentáveis, como a venda
de móveis e eletroeletrônicos. Aposta que, para o CEO da companhia,
Renato Franklin, vai garantir fôlego para atravessar os próximos
trimestres em que a varejista ainda precisará queimar caixa.
O esforço da empresa, em seu plano de transformação, é trazer de
volta a força da marca. Depois de ter trocado o nome Via por Grupo
Casas Bahia (BOV:BHIA3), a varejista anunciou nesta quarta-feira
(20) a volta do antigo slogan “Dedicação total a você”. Trouxe de
volta o antigo garoto-propaganda, Fabiano Augusto, conhecido pelo
bordão “Quer pagar quanto?”. Ao mesmo tempo, investiu em
Inteligência Artificial para viabilizar uma redução de R$ 200
milhões ao ano no custo de suas campanhas de marketing. Além de
seguir com o plano de encerrar operações que não eram rentáveis e
concentrar seu capex nas categorias onde a empresa é forte.
“Somos líderes em categorias como móveis e linha branca, e é aí
que temos mais escala, mais desconto, margem bruta mais alta”,
afirma. “Um dos desafios da companhia é trazer consistência. Como a
empresa trocou de controle e de gestão mais vezes, ficou sem
consistência. Estávamos gastando muito dinheiro para construir
outras coisas que não davam retorno”, acrescenta.
A estratégia anunciada faz parte do esforço da companhia de
colocar a estrutura de capital em ordem. Mas seu desafio não é
pequeno. Com 66% de sua dívida concentrada no curto prazo e rodando
no vermelho, a companhia corre contra o tempo para reduzir custos e
melhorar o caixa para fazer frente aos vencimentos e recuperar a
credibilidade junto ao mercado.
No follow-on precificado na semana passada, levantou R$ 622
milhões, abaixo do R$ 1,21 bilhão esperado. Parte das ações ficou
com os acionistas de referência, segundo informações obtidas junto
ao mercado. Na visão de profissionais do mercado de capitais
ouvidos pelo IM Business, a comunicação do Grupo Casas Bahia foi
falha e gerou ainda mais desconfiança do mercado. “Em um primeiro
momento, anunciam uma reestruturação e dizem que não iriam precisar
chamar capital. Dias depois, anuncia um follow-on. Foi uma
estratégia que criou ruído”, diz. Para a fonte, uma solução neste
momento tem que passar por um ajuste operacional rigoroso, que
resulte em redução de custos e melhora da margem.
Para Franklin, a queda da ação da Casas Bahia de quase 30%, logo
após a operação, mostra que o mercado tem uma percepção de risco
“maior do que a realidade” da empresa. Ele afirma que tem confiança
de que o plano anunciado será suficiente para reverter o quadro ao
longo dos próximos dois, prazo em que a companhia espera voltar a
mostrar crescimento. Até lá, afirma, o foco será na melhora das
margens. “Estou confortável e seguro de que vamos fazer a
transformação da empresa”, afirma Franklin. “O resultado do follow
on foi importante e deixou um upside na mesa. Se a gente vai criar
uma história de longo prazo, o investidor que acreditou na gente
tem potencial de ganho.”
O executivo reiterou o plano de vender 100 lojas, as que traziam
menos retorno para a companhia – número que foi considerado pequeno
por alguns analistas mas que, segundo Franklin, é suficiente para
liberar o fluxo de caixa. E também de monetizar parte de seu
crédito tributário. Há outros ativos estratégicos sendo avaliados
para uma possível venda. Conjuntamente, essas ações devem ser
suficientes para levantar cerca de R$ 1 bilhão. Outro reforço de R$
1 bilhão deve vir da redução de estoques. E há a possibilidade de
uma nova oferta de ações no total de R$ 500 milhões.
Diante desse cenário, Franklin se diz confortável com a atual
situação de endividamento da companhia. No ano que vem, além de R$
600 milhões de dívida junto ao mercado, vence um total de R$ 1,2
bilhão junto aos bancos Bradesco e Banco do Brasil – de quem o
executivo afirma esperar uma postura de “suporte”. “A companhia
está tranquila, confortável. Precisamos entregar, mas pensa no
upside que podemos ter. Se a gente muda a percepção, tira os riscos
da mesa e passa a gerar caixa todo o mês, de forma disciplinada,
ganhamos outro patamar “, afirma. “Estamos num cenário de mercado
desafiador, mas este é o melhor momento para fazer os ajustes.”
Informações Infomoney
Grupo Casas Bahia ON (BOV:BHIA3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2024 até Mai 2024
Grupo Casas Bahia ON (BOV:BHIA3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mai 2023 até Mai 2024