A temporada de resultados do terceiro trimestre de 2023 ganha
força para as construtoras nesta terça-feira (7), com a divulgação
dos balanços de Cury e Direcional após o fechamento do mercado.
Analistas de mercado veem, mais uma vez, um trimestre misto para
as construtoras, com o segmento de baixa renda devendo ser o
destaque positivo, enquanto as construtoras de média/alta renda
devem ter, de forma geral, números mais “desafiadores”.
“O segmento de baixa renda deve ser o destaque, ajudado pelo
forte momento operacional com novos tetos de preço no MCMV [Minha
Casa Minha Vida]”, avalia a XP.
CURY3 e DIRR3 podem se destacar, mantendo sólidos níveis de
margem bruta de 37,8% e 36,9% (ajustada), respectivamente, na visão
dos analistas da casa.
Já a Tenda (BOV:TEND3) e a MRV (BOV:MRVE3) devem continuar o
processo de recuperação de rentabilidade (margem bruta de +2,8
pontos percentuais, ou p.p., ano a ano e +1,5 p.p. na base
trimestral, respectivamente), mas o lucro líquido deve permanecer
sob pressão.
A Genial também reforça a visão mais positiva para a renda mais
baixa.
Para os analistas, a demanda por habitação continua alta,
garantindo uma boa absorção das unidades lançadas, que pode ser
vista pela manutenção de VSO (vendas sobre oferta) alto e
crescimento de VSO no caso de Tenda e MRV.
Além disso, os preços médios de lançamentos continuam aumentando
– ainda que em menor magnitude – de forma que deve haver uma
recuperação das margens (MRV e Tenda) e possível crescimento das
margens para além do nível de atuação dos últimos trimestres
(especialmente para Cury, ainda que não necessariamente no
3T23).
“A perspectiva para o segmento ainda é positiva, de olho nas
mudanças mais recentes do programa e aumento do funding anual
destinado a habitação, especialmente pelo FGTS. Neste trimestre,
dentro do segmento, destacamos negativamente MRV devido à queima de
caixa que veio acima do guidance proposto pela companhia no MRV
Day; e positivamente, Cury (BOV:CURY), que segue vendendo
apartamento como se fosse água, enquanto se prepara para crescer
seu ritmo de lançamentos e gerando muito caixa (fluxo de caixa
livre anualizado de 12% no trimestre)”, aponta a Genial.
O BTG Pactual reforça que o terceiro trimestre é o primeiro após
a implementação das mudanças (positivas) do MCMV. As empresas de
baixa renda aumentaram as vendas enquanto aumentavam os preços.
Mas, na visão dos analistas, o trimestre será novamente misto,
com a margem bruta melhorando lentamente e os resultados
financeiros pressionados para MRV e Tenda, enquanto as operações
continuam apresentando um bom desempenho para Cury,
Direcional (BOV:DIRR3)e Plano (BOV:PLPL3), e o ROE (Retorno
sobre o patrimônio) será forte (bem acima do custo do capital
próprio, ou Ke).
Média e alta renda: números mais fracos, mas com algumas
empresas tendo bons resultados
Já os nomes de média/alta renda devem ter resultados mistos, com
margens sob pressão, aponta a XP.
Moura Dubeux (BOV:MDNE3) e Lavvi (BOV:LAVV3) podem se destacar
pelo lado positivo, avalia a equipe de análise da casa, combinando
crescimento de receita (+43% e +64% ano a ano, respectivamente) e
rentabilidade sólida (margens brutas de 36,3% e 32,9%,
respectivamente).
De um modo geral, as prévias operacionais mostraram lançamentos
mais fracos l no trimestre (lançamentos %Co, ou como porcentagem da
companhia, em uma média de -50% frente o 2T23), levando a vendas
líquidas mais baixas (vendas líquidas %Co em uma média de -9%),
apesar de ser outro trimestre de vendas saudáveis de estoques.
“Assim, esperamos ver alguma pressão nas receitas e um cenário
mais fraco para as margens brutas, dados os descontos mais altos
nas vendas de estoques”, apontam. O destaque negativo fica para a
EzTec (BOV:EZTC3): “vemos resultados pressionados, com o lucro
líquido diminuindo 68% na base anual”.
A Genial também vê que a performance das construtoras desse
segmento deve ser fraca no trimestre, de forma geral, com quedas em
receita e lucro no comparativo trimestral.
Do ponto de vista positivo, espera que, além da já citada Moura
Dubeux, Cyrela (BOV:CYRE3) seja um bom nome, com manutenção de ROE
em patamares razoáveis para o momento macroeconômico desafiador
para o setor. Assim como a XP, a Genial também vê a EzTec como o
destaque negativo com ROE ainda muito aquém do agradável para
investidores (~3% anualizado).
O BTG também vê que a Cyrela como um possível destaque entre as
empresas de média/alta renda, graças às fortes vendas.
Na visão dos analistas, as construtoras de médio/alto padrão
estão apresentando um bom desempenho, apesar do cenário
macroeconômico difícil, mas a rentabilidade continua
pressionada.
“No nicho de média/alta renda, as vendas foram resilientes e
novamente nos surpreenderam, impulsionando assim as receitas, mas
os ROEs devem permanecer abaixo do custo de capital para a maioria
das empresas”, aponta o banco.
Isso porque as construtoras residenciais de média/alta renda
registraram vendas sólidas (+17% a/a), portanto o faturamento deve
crescer, mas as margens brutas ainda não recuperaram devido aos
descontos para estimular as vendas de estoque, o que significa que
o ROE permanece em níveis baixos e o fluxo de caixa é fraco
(consumo de caixa para a maioria das empresas).
Informações infomoney
CYRELA REALT ON (BOV:CYRE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
CYRELA REALT ON (BOV:CYRE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024