Os papéis deixaram de ser penny stocks, mas a volatilidade intrínseca a de ativos que valem centavos permanece. Após sessões de forte queda, as ações do grupo Casas Bahia têm registrado uma sessão de disparada; às 16h01 (horário de Brasília), os ativos saltavam 11,74%, a R$ 11,23, após terem a chegado a saltar 14,43% (R$ 11,50) mais cedo.

Alguns fatores levam a essa disparada dos ativos.

Em primeiro lugar, os papéis experimentam uma trégua após recuar nas quatro sessões anteriores, acumulando no período um declínio de cerca de 24%. No acumulado de 2023, a baixa é de cerca de 79%.

As ações, por sinal, caíram mais de 10% na última sexta (15), na primeira sessão pós-grupamento dos ativos, operação que foi feita para que a varejista seguisse no Ibovespa, mas que também deu “mais espaço para os ativos caírem”.

Assim, após diversas baixas, os papéis têm uma trégua e registram uma sessão de ajuste de preços, aponta Gabriel Bassotto, analista-chefe de ações do Simpla Club.

Porém, há fatores de alívio recente para os papéis. Além de BHIA3 figurar na segunda prévia do Ibovespa, divulgada nesta semana, a varejista teve uma vitória diante de uma possível antecipação de dívidas (que não ocorreu).

Em fato relevante divulgado na noite de segunda-feira (18), a companhia informou que Assembleia de titulares de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) da Casas Bahia (BOV:BHIA3) recusou antecipar vencimento de títulos de dívidas (debêntures) da empresa pela segunda vez no ano.

No final de novembro, o S&P Rating havia rebaixado o rating das 1ª, 2ª e 3ª séries da 20ª emissão de certificados de recebíveis imobiliários da Opea Securitizadora, que são lastreados na 8ª emissão de debêntures, de A- para BBB-. Com isso, foi acionado um novo gatilho para que os titulares dos títulos pudessem pedir antecipação das dívidas.

Contudo, os investidores decidiram não declarar o vencimento antecipado dos títulos.

Em contrapartida, o grupo varejista terá que pagar um prêmio flat equivalente a 0,1% sobre o saldo do valor dos títulos acrescido de uma remuneração que será calculada considerando a última data de pagamento da remuneração até o dia do pagamento do prêmio.

“Caso a antecipação acontecesse, poderia acionar o covenant de outras debêntures da companhia, culminando em um evento letal”, ressaltou a Genial na ocasião.

Assim, avalia Bassotto, a companhia teve um alívio financeiro. “Ela hoje tem operado no prejuízo, tem queimado caixa, então se tivesse ainda que se preocupar com a antecipação de novas dívidas, haveria preocupação maior com sua liquidez e solvência”, ressalta.

O analista pondera ao lembrar que “obviamente o problema não foi resolvido, a companhia ainda continua muito endividada” e quanto mais conseguir rolar essas dívidas ou pelo menos evitar a antecipação dos seus vencimentos, será melhor para ela.

Por conta disso, apesar do alívio, analistas seguem cautelosos com o ativo BHIA3. Logo após o grupamento, a XP reiterou recomendação neutra e preço-alvo de R$ 17,7/ação, uma vez que vê desafios a serem enfrentados pela companhia como i) ambiente competitivo acirrado; ii) taxas de juros ainda elevadas e poder de compra comprimido; e iii) riscos de execução no plano de transformação da companhia.

De 12 casas que cobrem o papel BHIA3, segundo compilação LSEG, 8 recomendam manutenção e 4 recomendam venda.

Em novembro, logo após o resultado do terceiro trimestre de 2023, o BB Investimentos cortou a recomendação dos papéis para venda.

O banco destacou na ocasião que as ações BHIA3 seguiam em um movimento de queda livre desde meados do 2S22, em um contexto de incertezas quanto à capacidade da companhia em resolver seus problemas internos e voltar a crescer com rentabilidade.

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Grupo Casas Bahia ON (BOV:BHIA3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024 Click aqui para mais gráficos Grupo Casas Bahia ON.
Grupo Casas Bahia ON (BOV:BHIA3)
Gráfico Histórico do Ativo
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