Alta de 94% para as ações preferenciais, avanço de 74% para os ativos ordinários. Contrariando as expectativas do mercado para o primeiro ano do governo Lula, os papéis da Petrobras saltaram em 2023 e foram responsáveis por boa parte da alta de 22,8% do Ibovespa no período.

No dia último 27 de dezembro, a empresa alcançou um pico histórico de maior valor de mercado em seus mais de 70 anos de existência, ultrapassando a marca de R$ 530 bilhões.

A expectativa de mudanças muito bruscas nos principais pilares para a tese de investimentos da companhia – precificação, disciplina de capital e dividendos – não se confirmou, mas alterações (ainda que algumas sutis) foram sentidas ao longo do ano, o que levam a uma maior divisão dos analistas sobre a tese de investimentos na empresa. De acordo com consenso LSEG, de onze casas que cobrem os ativos PN (BOV:PETR4), cinco recomendam compra e seis têm recomendação de manutenção.

A empresa, cabe ressaltar, modificou sua política de preços de combustíveis, reduziu o pagamento de dividendos (de 60% para 45% do fluxo de caixa menos capex), propôs a criação de reservas de capital (permitindo maior retenção de lucros) e aumentou seu limite de investimento.

Para os que estão otimistas, porém, as oportunidades com os ativos superam os eventuais riscos, ainda que muitos não vejam a ação como a sua preferida do setor de petróleo.

O Goldman Sachs tem recomendação de compra para a ação em 2024, mas aponta preferência pela PRIO (BOV:PRIO3). O Santander, por sua vez, tem PETR4 como a sua preferida entre as companhias integradas da América Latina, mas para o setor em geral possui preferência para a PetroReconcavo (RECV3).

Os analistas do banco espanhol estimam um provento extraordinário de US$ 6,5 bilhões pela Petrobras (BOV:PETR3) em 2024 , que levará a um dividend yield (dividendo em relação ao preço da ação) em 2024 de 16%.

Sobre dividendos, o Goldman vê capacidade para o pagamento de até US$ 7 bilhões em proventos extraordinários em fevereiro (um dividend yield de 7,5%). Isto pressupõe que a empresa reduziria a posição de caixa para US$ 8 bilhões (nível mínimo exigido pela administração), o que pode revelar-se demasiado agressivo, portanto, este montante deve ser visto como o limite superior de um possível dividendo extra a ser pago.

Sobre os investimentos, os analistas apontam o novo plano estratégico divulgado no fim do ano passado para o período entre 2024 e 2028 (de US$ 102 bilhões) não deve ser completamente implementado. “Portanto, modelamos um capex de cerca de US$ 15 bilhões em 2024, que se compara aos cerca de US$ 19 bilhões anunciados com o plano estratégico para o ano”, reforçam. Já para a projeção de produção, esperada em 2,2 milhões de barris por dia neste ano, o Goldman a vê como conservadora à luz do aumento das plataformas na frota em 2023. A expectativa do banco para 2024 é de produção de 2,55 milhões de barris.

A XP Investimentos ainda vê bons pagamentos de dividendos e uma alta chance de dividendos extraordinários para o ano fiscal de 2023, com estimativa de 15% de dividend yield com os dividendos mínimos para o ano, e 18% adicionando os extraordinários. Porém, vê riscos para a Petrobras, como aumento de capex e M&As. Desta forma, assim como o Goldman, tem preferência pela PRIO. “O ano deve ser bom para petroleiras juniores, que devem exibir aumento de produção e geração de caixa. A PRIO é nossa Top pick devido à nossa projeção de maior produção com o start-up de Wahoo, maior rendimento de fluxo de caixa livre (20,3% versus 19,2% da Petrobras) e opcionalidades da tese”, reforça.

Para o BB Investimentos, a Petrobras manterá o foco no pré-sal, mas também criará um caminho de diversificação ligado à transição energética, o que deve resultar em um menor patamar de dividendos no curto prazo, mas possibilitar uma atuação em segmentos que devem complementar o portfólio para demandas futuras.

A Genial, por sua vez, tem recomendação neutra para os ativos preferenciais da estatal, avaliando as estimativas de fluxo de caixa livre e rendimento de dividendos como “interessantes”, mas tendo baixa margem de segurança para uma recomendação mais agressiva no papel.

Um ponto que ganhou destaque logo no começo do ano e deve ser monitorado é a mira da Petrobras em ativos vendidos nos últimos anos. Três processos de desinvestimentos concluídos em gestões anteriores não seguem como previsto; um dos contratos de venda foi rescindido por parte da petroleira estatal, conforme destacou a Bloomberg recentemente. Assim, o tema sobre a possível retomada dos investimentos seguirá sendo monitorado.

Há também investigações em curso sobre a venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), atual Refinaria de Mataripe, na Bahia. A Rlam foi vendida em novembro de 2021 para o fundo de investimento árabe Mubadala por US$ 1,65 bilhão, ou cerca de R$ 10 bilhões na época da venda, valor considerado abaixo do esperado por bancos de investimentos como o BTG e pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), que esperavam pelo menos o dobro pela venda.

Um outro ponto de atenção é a cotação do petróleo, que teve a primeira queda anual em 2023 desde 2020. Apesar da recuperação no início deste ano em meio às tensões geopolíticas no Oriente Médio, a oferta mundial será monitorada de perto. Produção recorde nos EUA e o aumento da produção de países fora da OPEP+ elevaram a oferta, apesar dos compromissos do cartel. Vários bancos cortaram as projeções para a commodity neste ano.

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