O preço do barril de petróleo do tipo Brent já subiu, desde
fevereiro até o fim dessa quinta-feira (11), quase 17%, sendo
negociado, atualmente, a cerca de US$ 90. No entanto, as ações da
Petrobras, principal petroleira do Brasil, não acompanham esse
avanço do preço da commodity e os acionistas (como o próprio
governo) ficam sem se beneficiar destes ganhos.
Ao contrário da Vale, por exemplo, que se beneficia da alta do
preço do minério na China (em suas ações), no caso da Petrobras
(BOV:PETR3) (BOV:PETR4) o mesmo não acontece. Dessa forma, surge
mais um fator de preocupação aos investidores, junto com os embates
políticos, que é a defasagem dos preços dos combustíveis.
Para uma empresa privada do setor de óleo e gás, o avanço do
preço do petróleo significa maiores ganhos e, consequentemente,
valorização. Mas esse não é o caso da Petrobras. Em grande parte
por isso, as ações preferenciais da empresa de economia mista, da
qual o Estado é o principal acionista, no mesmo período caem por
volta de 5%, impactadas por uma série de fatores.
Ações da Petrobras (PETR4) não acompanham alta do
petróleo
Nos últimos dias, as principais polêmicas políticas envolvendo a
companhia, que explicam a maior parte das quedas, foram
minimizadas. Por enquanto, aparentemente, Jean Paul Prates continua
no cargo de presidente.
Fora isso, políticos, como o ministro da Fazenda Fernando
Haddad, vêm sinalizando que a Petrobras pode optar por acabar
distribuindo mais dividendos aos acionistas.
Defasagem
Mas a questão da defasagem continua. Até terça, o preço cobrado
pela Petrobras pelos combustíveis que vende estava 15% atrás das
refinarias privadas brasileiras, que seguem a paridade
internacional.
“A questão da distribuição ou não dos dividendos é diferente da
de precificação. A decisão de pagar dividendos ou investir até tem
o cunho político, mas é uma escolha de qualquer empresa, estatal ou
privado. Se você fizer maus investimentos pode minguar o lucro, mas
fazendo bons, pode alavancá-lo. Lá atrás, a Petrobras investiu no
pré-sal, por exemplo”, diz Walter de Vitto, analista da Tendências
Consultoria. “Mas a questão da precificação é clara. A Petrobras
devia cobrar os maiores preços que pode”.
Pública ou privada?
A Petrobras, na questão dos preços, fica dividida entre os
interesses dos acionistas privados e políticos. Enquanto um lado –
o privado – preza pela maximização dos lucros, o outro acaba
tendendo a usar a companhia para fatores políticos, uma vez que o
preço dos combustíveis acaba sendo algo que pesa muito nas
avaliações políticas, principalmente do Executivo Federal.
“Se ela fosse pública, estatal, seria uma prerrogativa do
governo definir quanto quer cobrar. O grande problema é ela não ser
nem pública nem privada, com isso a política de preços acaba
influenciando de maneira negativa”, diz de Vitto.
Ele lembra, no entanto, que o próprio Governo Federal se
beneficiaria de um reajuste, com lucros crescendo, bem como os
dividendos. A ajuda que a estatal traz aos cofres públicos com seus
proventos, uma vez que a União é a maior acionista, está no centro
das recentes discussões políticas.
Popularidade em risco
Flávio Conde, analista da Levante, lembra, contudo, que
recentemente a avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva vem com tendência de queda. Segundo o IPEC, em pesquisa
publicada na quarta, o número dos que consideram o governo do
petista positivo caiu para 33%, contra 43% de um ano atrás. “Se
tivéssemos em uma situação normal, com a aprovação do presidente
bem, sem preocupação, provavelmente iriam reajustar. Mas não é o
caso”, fala Conde.
Para ele, contudo, a atual defasagem não é algo tão preocupante.
“O lucro ainda está bem alto. Acompanhar o mercado internacional é
bom para os acionistas, mas não é uma necessidade”, fala.
Walter de Vitto vai no mesmo sentido, comentando que, para que a
Petrobras perdesse dinheiro, a intervenção deveria ser muito mais
radical, a ponto de os custos serem maiores que os ganhos. “Quando
o majoritário intervém na política de preços de forma agressiva,
ele acaba gerando uma redução do lucro”, pondera.
De qualquer forma, para especialistas, se a empresa mantiver
seus preços defasados, é possível que investidores fiquem ainda
mais cautelosos com as ações. Hoje, de acordo com dados da LSEG, as
ações preferenciais da Petrobras têm cinco recomendações de compra,
quatro neutras e nenhuma de venda. O preço-alvo médio fica em R$
43.
Informações Infomoney
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024