As ações da Braskem têm um mês positivo, acumulando ganhos de
8,75% em fevereiro até a sessão da última quarta-feira (21), ainda
que com baixa de 11,39% no acumulado de 2024. Na tarde desta
quinta-feira (22), os papéis avançavam cerca de 5%.
Com baixa de cerca de 16% entre o fim de novembro e meados de
fevereiro com o noticiário sobre o afundamento de solo em cinco
bairros de Maceió no fim do ano passado e as possíveis implicações
para a petroquímica, os papéis tiveram uma recuperação recente com
a retomada do noticiário sobre a venda da fatia da Novonor
(ex-Odebrecht) na companhia e possíveis novos interessados.
Nesta semana, o jornal Valor Econômico noticiou que Saudi Basic
Industries Corp (Sabic), que faz parte do grupo Saudi Aramco,
demonstrou interesse em fazer uma oferta individual pela Braskem.
Além disso, Jean Paul Prates, presidente da Petrobras (PETR4),
disse que a empresa petroquímica estatal do Kuwait, PIC, também
“perguntou sobre a Braskem.” Por fim, Prates disse que a petroleira
brasileira pode exercer o seu direito de preferência, mas que esta
não é a sua opção número um, pois quer um sócio na Braskem,
intenção que tem reiterado nos últimos dias.
Atualmente, a Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) tem 36,1% do
capital total da Braskem (BOV:BRKM5) e 47% do capital votante da
empresa, enquanto a Novonor detém participação de 50,1% no capital
votante da Braskem e de 38,3% no capital total.
O Bradesco BBI ressalta que ainda não há oferta formal não
vinculativa da Sabic, nem mesmo da PIC. “Caso alguma oferta seja
enviada, o que possivelmente faria as ações da Braskem reagirem bem
seria uma oferta mais voltada para o caixa. Além disso, nenhuma
dessas ofertas garantiria o direito de tag along [dispositivo que
permite vender ativos por 80% a 100% do valor de venda dos
acionistas majoritários, em caso de mudança de controle] aos
acionistas minoritários”, aponta o banco.
No início de novembro, cabe lembrar, o grupo petrolífero de Abu
Dhabi Adnoc fez uma oferta não vinculante, no valor de R$ 10,5
bilhões, pela participação da Novonor. Na semana passada, Petrobras
e Adnoc estiveram em trabalhos de auditorias prévias (due
diligence) na Braskem, com a previsão para serem concluídas em
aproximadamente duas a três semanas.
“Este desenvolvimento pode abrir caminho para uma nova fase no
processo de venda da Braskem”, avalia a equipe de analistas da
Levante Corp. A casa ressalta que, para que a venda da petroquímica
avance, a Adnoc precisa apresentar, após a conclusão da due
diligence, uma oferta vinculante (com um compromisso de compra
firme). Nesse ponto, a Petrobras também poderá indicar oficialmente
sua posição na transação.
“Concordamos que os avanços nas análises, mesmo após os eventos
em Maceió, são positivos para a empresa. Com o preço atual das
ações, as negociações poderiam gerar valor para os acionistas da
companhia, explicando a alta no preço das ações na semana passada”,
ressaltam os analistas, lembrando que na semana passada o papel
subiu 10,95%.
Por outro lado, apesar dos esforços recentes da Adnoc para
finalizar a due diligence na petroquímica, uma possível oferta
poderá ser adiada devido à CPI da Braskem no Senado. “Destacamos
que o trabalho da CPI pode ser crucial para a avaliação mais
detalhada sobre a possível necessidade de aumentar as provisões da
petroquímica após o incidente de afundamento do solo em Maceió,
Alagoas”, avalia a casa, em visão também compartilhada pelo
Bradesco BBI. Enquanto isso, as incertezas devem permanecer.
Operacional ficou de lado?
No meio de um noticiário movimentado, a companhia também
divulgou no início da semana prévia operacional do quarto
trimestre, que não trouxe números muito animadores, principalmente
para Brasil.
“Os dados indicam a persistência de um cenário difícil para o
segmento, com spreads petroquímicos mantendo-se em patamares
historicamente baixos e volumes abaixo do potencial devido ao
desequilíbrio entre oferta e demanda. As taxas de utilização das
fábricas da empresa permanecem em níveis historicamente baixos,
refletindo uma menor produção e utilização da capacidade em um
contexto de excesso de oferta”, avalia a Levante. No Brasil, a
utilização das centrais petroquímicas atingiu 66%, uma redução de 6
pontos percentuais (p.p.) em relação ao ano anterior e de 2 p.p. em
relação ao trimestre anterior.
O destaque positivo foi o crescimento de 10% no spread de
polietileno (PE) base etano, que aumentou 10% no período devido à
redução no preço do etano no mercado internacional. Esse movimento
impactou positivamente, sobretudo, os spreads no México. A
petroquímica divulga seus resultados financeiros em 6 de março.
Para o BTG Pactual, tanto os dados de vendas como os spreads
ficaram aquém das suas expectativas, suportando a visão de que a
melhoria prevista do ciclo ocorrerá a um ritmo mais lento do que
esperava antes. As vendas consolidadas caíram 6% na base trimestral
e ficaram 7% abaixo do esperado pelo banco, vendo uma recuperação
ainda muito gradual. Assim, na visão dos analistas, o balanço do
4T23 encerrará “um ano para ser esquecido” para a petroquímica. A
XP também espera outro trimestre fraco para a empresa (embora
melhorando tanto em uma base trimestral quanto anual, com projeção
de um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações
(Ebitda, na sigla em inglês) ajustado de R$ 1,053 bilhão.
O BTG segue com recomendação neutra para as ações, ressaltando
que já há algum tempo que defende uma abordagem mais cautelosa em
relação à BRKM5, com o argumento que a oferta e demanda de
petroquímicos permaneceria desequilibrada por mais tempo e
impediria uma recuperação mais rápida dos spreads. “Apesar da queda
de cerca de 40% desde as máximas do ano passado, ainda vemos as
ações BRKM5 sendo negociadas com um valuation pouco atraente, pois
ainda prevemos revisões negativas adicionais de lucros”,
avaliam.
Com o operacional não ajudando e com diversas especulações sobre
a venda de sua fatia, a expectativa é de mais volatilidade para as
ações nas próximas semanas, levando à cautela dos analistas. De
acordo com compilação LSEG, de nove casas que cobrem o papel, 6
possuem recomendação neutra e 3 de compra para BRKM5.
Informações Infomoney
BRASKEM PNA (BOV:BRKM5)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2024 até Mai 2024
BRASKEM PNA (BOV:BRKM5)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mai 2023 até Mai 2024