VisaNet: atual líder do mercado de cartões também pode ter maior IPO do Brasil
Por: Giulia Santos Camillo
09/06/09 - 18h00
InfoMoney
SÃO PAULO - O primeiro IPO (Initial Public Offer) deste ano e o único desde o aprofundamento da crise financeira internacional, no terceiro trimestre do ano passado. É essa a marca carregada pela oferta inicial da VisaNet, que começou oficialmente nesta terça-feira (9). Porém, dependendo do desempenho da operação, ela também pode ficar conhecida como sendo o maior IPO do Brasil.
Quem ocupa o primeiro lugar atualmente é a OGX Petróleo, do grupo ...
VisaNet: atual líder do mercado de cartões também pode ter maior IPO do Brasil
Por: Giulia Santos Camillo
09/06/09 - 18h00
InfoMoney
SÃO PAULO - O primeiro IPO (Initial Public Offer) deste ano e o único desde o aprofundamento da crise financeira internacional, no terceiro trimestre do ano passado. É essa a marca carregada pela oferta inicial da VisaNet, que começou oficialmente nesta terça-feira (9). Porém, dependendo do desempenho da operação, ela também pode ficar conhecida como sendo o maior IPO do Brasil.
Quem ocupa o primeiro lugar atualmente é a OGX Petróleo, do grupo EBX de Eike Batista, que arrecadou R$ 6,7 bilhões. Coincidentemente, a empresa também foi a última a realizar uma oferta inicial no ano passado, mais especificamente no segundo trimestre. Caso a VisaNet exerça as opções de lote suplementar e adicional e considerando o teto do intervalo de preço por ação estimado, de R$ 15,00, a captação da oferta pode atingir R$ 9,7 bilhões.
Levando em consideração apenas a oferta inicial e o piso das estimativas de preço, de R$ 12,00 por ação, a arrecadação pode chegar a R$ 5,7 bilhões, ainda assim ocupando lugar privilegiado na lista dos maiores IPOs do Brasil, atrás apenas de OGX, Bovespa Holding (R$ 6,6 bilhões) e BM&F (R$ 6 bilhões).
Rivais
Logo atrás da VisaNet, com uma captação de R$ 4,6 bilhões, ficaria a maior concorrente da empresa, a Redecard, cujo IPO remonta ao boom das ofertas iniciais, em 2007. As duas companhias são as maiores no segmento de intermediação financeira do Brasil.
O desempenho da Redecard no mercado acionário não deixa a desejar. Sua oferta inicial havia sido a maior desde a reabertura do mercado, em 2004, até ser ultrapassada pelos IPOs das bolsas, realizados no mesmo ano. A precificação das ações ficou acima do teto e deu início aos rumores de abertura do capital da VisaNet.
O mercado em 2007, porém, era completamente diferente de hoje. Tendo iniciado as operações na bolsa paulista a um preço de R$ 27,00 por ação, os papéis da Redecard terminaram o último pregão a R$ 27,83. No follow-on, realizado entre fevereiro e março de 2008, os preços ficaram abaixo da cotação das ações na BM&F Bovespa e a captação foi de R$ 2,2 bilhões.
Mercado de cartões
Conforme as informações fornecidas no prospecto preliminar da oferta, a VisaNet é a líder no setor de cartões de pagamento no mercado brasileiro, em termos de volume financeiro de transações, "detendo participação de 46,8% no mercado que movimentou R$ 375,4 bilhões em 2008, de acordo com dados divulgados pela ABECS".
Além de ressaltar sua cobertura no território nacional, que abrange cerca de 96% dos municípios brasileiros, a companhia destaca que é a única adquirente da bandeira Visa no Brasil, "a marca líder de cartões de pagamento e de maior aceitação no País".
Em termos de resultados operacionais e financeiros, os dados da VisaNet apontam um crescimento de 25,9% em volume financeiro de transações no período de 2006 a 2008. No primeiro trimestre de 2009, este mesmo indicador totalizou R$ 47,7 bilhões, o equivalente a um acréscimo de 22,4% quando comparado aos R$ 39 bilhões contabilizados no mesmo período de 2008.
Números do primeiro trimestre de 2009
Os resultados da VisaNet nos três primeiros meses deste ano mostraram redução significativa do lucro. Contudo, tanto a receita quanto o Ebitda (geração operacional de caixa) tiveram altas de dois dígitos na mesma base de comparação. Confira os números:
R$ milhões 1T09 1T08 Variação (%)
Receita líquida 791,3 663,2 +19,3%
Ebitda Ajustado* 535,8 447,2 +19,8%
Lucro Líquido 333,2 604,2 -44,9%
*Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização
Riscos
Dentre os riscos destacados pela VisaNet em seu prospecto preliminar estão a concorrência do setor de cartões de pagamento no Brasil e a dependência da bandeira Visa. Ademais, há também os riscos de regulação e influência do governo brasileiro no segmento de cartões e na economia em geral, o que pode afetar os negócios da empresa.
Além dos riscos operacionais e regulatórios relativos à atividade da empresa, há também os riscos intrínsecos ao mercado acionário. Antes de entrar na oferta inicial da empresa, os investidores devem avaliar as vantagens e desvantagens da operação.
Sem recursos
Um ponto importante que deve ser lembrado é que a companhia não receberá quaisquer recursos advindos da oferta, já que ela consiste na venda das ações atualmente detidas por seus acionistas. "Os acionistas vendedores receberão todos os recursos líquidos resultantes da venda das ações objeto da oferta, inclusive caso haja emissão de ações adicionais ou o exercício das opções de ações suplementares", informa a VisaNet.
Vale observar, então, as instituições que poderão se beneficiar da captação da oferta, em especial o Bradesco e o Banco do Brasil. Confira a estrutura societária da VisaNet:
Acionistas Número de ações Participação no capital
Columbus* 535.792.790 39,259%
BB Investimentos 431.665.024 31,629%
Grupo Santander Brasil 202.971.410 14,872%
Visa International 136.478.370 10,000%
Membros da Administração 607 0,0%
Outros 57.875.600 4,24%
Total 1.364.783.800 100%
*Parte do conglomerado Bradesco
Perspectivas
As expectativas em torno do IPO da VisaNet são positivas. De acordo Luís Felipe Amaral, sócio-gestor de renda variável da Equitas Investimento, a perspectiva para a demanda de investidores estrangeiros interessados na oferta é bem otimista.
A atratividade da operação engloba dois fatores. Primeiro, o fato de a VisaNet ser uma companhia voltada à economia doméstica, que tem apresentado uma resiliência relativa frente à crise financeira internacional. Segundo, a expectativa de que os papéis da empresa tenham uma boa liquidez no mercado.
Um outro ponto que merece atenção é a visão dessa operação como precursora da retomada de IPOs brasileiros. Segundo Andrés Kikuchi, da Link Investimentos, se a oferta realmente tiver a demanda esperada, ela "pode abrir uma porta para diversas outras ofertas de empresas que não estavam buscando ou não tinham como primeiro canal a distribuição de ações no mercado primário".
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