Olha só como o líder das pesquisas fala merda, é o vale tudo pra conseguir votos...POLÍTICA16/09/2022 20:02ELEIÇÕES 2022/ESPECIAL: PARA ANALISTAS, REDUÇÃO EXPORTAÇÃO CARNE NÃO É EFICAZ PARA CONTER PREÇOPor Isadora DuarteSão Paulo, 16/09/2022 - A questão retomada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de discutir o quanto que o Brasil exporta de carne e de "deixar um pouco" no mercado interno para conter os preços do alimento em um eventual novo governo não resolveria o elevado preço do produto pago pelo consumidor final. A avaliação é de analistas do mercado pe...
Olha só como o líder das pesquisas fala merda, é o vale tudo pra conseguir votos...POLÍTICA16/09/2022 20:02ELEIÇÕES 2022/ESPECIAL: PARA ANALISTAS, REDUÇÃO EXPORTAÇÃO CARNE NÃO É EFICAZ PARA CONTER PREÇOPor Isadora DuarteSão Paulo, 16/09/2022 - A questão retomada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de discutir o quanto que o Brasil exporta de carne e de "deixar um pouco" no mercado interno para conter os preços do alimento em um eventual novo governo não resolveria o elevado preço do produto pago pelo consumidor final. A avaliação é de analistas do mercado pecuário e de economistas ouvidos pelo Broadcast Político, além da percepção dos próprios pecuaristas e da indústria. Eles classificam uma eventual medida no sentido de restringir exportações como equivocada e ineficaz para ampliar o consumo interno da proteína.No último sábado, em comício em Taboão da Serra (SP), Lula voltou a falar sobre a necessidade de medidas que amenizem a inflação e possam diminuir o custo de alimentos, como a carne, quando disse ser preciso repensar como é feita a distribuição da proteína. "Não é possível o Brasil ser o primeiro produtor de carne do mundo e alguém ter de ficar na fila do osso. Por isso, nós vamos ter que discutir o preço da carne nesse País. Nós vamos discutir se vai continuar só exportando ou se vai deixar um pouco pra nós comermos", afirmou. Ele não especificou sobre qual proteína estava falando, mas deu a entender que se referia à bovina por citar picanha na sequência. Apesar das declarações, articuladores da sua campanha afirmam que medidas no sentido de controle de exportações ou taxação das vendas externas não são discutidas dentro do programa de governo do candidato.A ideia volta à tona em meio aos elevados preços da carne bovina no varejo e, consequentemente, menor consumo per capita da história do País. Neste ano, a disponibilidade de carne bovina per capita deve ficar em torno de 24,8 kg por habitante ao ano, a menor de uma série histórica iniciada em 1996, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Dessa forma, o consumo de carne bovina pelos brasileiros deve cair ao menor nível em 26 anos. No entanto, analistas observam que não há falta de carne no mercado e que o principal motivo do consumidor não ter acesso ao produto é a corrosão da renda. Por outro lado, alguns consultores reconhecem que a medida poderia levar ao arrefecimento do preço do produto no curto prazo, mas o efeito no médio e longo prazo, apontam eles, seria o reverso, o do aumento do preço.Analistas do mercado pecuário apontam o desemprego elevado e a baixa capacidade dos consumidores de absorver os atuais valores praticados devido à corrosão da renda, como os principais fatores para o baixo consumo do alimento no País. "É um pronunciamento eleitoreiro que não tem nada a ver com a realidade da produção. Não está faltando carne no mercado interno, o que está faltando é poder aquisitivo da população", disse o sócio-diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres. "O consumo de carne bovina não caiu porque esteja faltando carne, caiu porque houve um forte aumento de desemprego e em cenário de poder aquisitivo da população corroído, o que faz com que as pessoas busquem alternativas para alimentação, como consumo de suínos, aves e ovos. O ato de suspender a exportação bagunça a produção e, com isso, terá escassez de suprimentos", afirmou o consultor.Neste cenário, o consultor especialista na cadeia de proteína animal avalia que uma eventual restrição das exportações implica na desorganização da produção e na, consequente, redução do suprimento. Torres cita países, como Índia e Argentina, que tomaram medidas semelhantes protecionistas com a suspensão das exportações e tiveram como resultado o encarecimento dos alimentos e o recrudescimento da crise de segurança alimentar. Outro fator pontuado pelo consultor é o fato de que o Brasil poderia perder participação no mercado externo com a redução das exportações tendo seus tradicionais destinos atendidos pelos concorrentes, além de que os próprios frigoríficos nacionais podem substituir a oferta por meio de outras origens.Torres lembra que País o exporta entre 25% a 30% do que produz anualmente de carne bovina, sendo somente o excedente da produção enviado ao mercado externo. Em 2021, a exportação brasileira de carne bovina somou 1,868 milhão de toneladas, enquanto a produção somou aproximadamente 7,8 milhões de toneladas, de acordo com dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) e de abates do IBGE. "Não adianta também derrubar a cotação da arroba do boi de forma artificial porque gera desestímulo à produção em meio ao alto custo de engorda e confinamento. O efeito de controlar a exportação no curto e no médio prazo é a queda vertiginosa da produção de carne bovina", observou Torres. O consultor aponta que o mercado já vem se ajustando, com a cotação da arroba do boi gordo em praça de São Paulo tendo caído R$ 50 por arroba em dois meses, para em média de R$ 290/arroba nos últimos dias. A queda contudo não se reflete na mesma proporção no varejo. "O preço no atacado tem caído até mesmo porque a população não está comprando. Além disso, estamos saindo de um ciclo de alta de preços e entrando em um ciclo positivo de produção de boi. Em 2023, entraremos em ciclo de maior oferta de rebanho, quando as cotações da arroba do boi gordo tendem a ficar estáveis ou até caírem a depender da demanda", projetou.Maurício Nogueira, diretor da Athenagro, consultoria de Inteligência de Mercado focada na cadeia produtiva de proteína animal, observa que a medida até poderia em curto prazo provocar a queda das cotações da carne no mercado interno. Entretanto, a duração deste período de alívio de preços depende da quantidade de boi pronto para abate no mercado interno, o que Nogueira, estima que seria de no máximo um ano. "A exportação influencia sim nos preços. Caso estanquem as exportações hoje, evidentemente o excedente que está sendo exportado ficaria no mercado interno, o que derrubaria os preços em um primeiro momento. Mas no prazo máximo de um ano já reverteria o quadro para aumento de preços", avaliou Nogueira. Já em um segundo momento, as cotações do alimento "explodiriam" porque os frigoríficos tendem a reduzir o abate de animais e o estoque de bois terminados na tentativa de ajustar a oferta evitar prejuízo. "Isso jogaria os preços para um patamar mais elevado que o atual e ainda traria impacto na economia com desemprego e redução da balança comercial. Transformaremos um problema de dois a três anos (2020,2021 e 2022) em quase uma década porque a pecuária é uma cultura de ciclo longo e levaríamos bom tempo para reequilibrar a produção ", pontuou.Outra consequência evidenciada por Nogueira é a eventual perda de renda do pecuarista que hoje destina cortes de maior valor agregado ao mercado externo, o que contribui para comercializar cortes de menor valor agregado internamente sem acarretar prejuízos. "Isso poderia levar que produtores menores até deixassem a atividade.". Nogueira também prevê arrefecimento dos preços da carne bovina no ano que vem com maior disponibilidade per capita do produto diante da alta do ciclo pecuário. "Em 2023, devemos ter valores mais baixos em reais. Hoje, a renda apertada do consumidor evidencia o não acesso à carne, mas também estamos com oferta muito restrita da commodity, o que deve ser amenizado no próximo ano com maior disponibilidade de bois prontos para abate", pontuou o consultor.As alternativas apontadas pelos analistas para ampliação do consumo doméstico de carne bovina passam por questões estruturais da economia, como geração de emprego, correção da tabela do imposto de renda, revisão da carga tributária dos alimentos e alternativas emergenciais, como a concessão de auxílios e benefícios. "Você só consegue aumentar o consumo doméstico de carnes se aumentar a renda da família brasileira. Hoje, o que fica no mercado doméstico é aquilo que as famílias brasileiras conseguem adquirir. O problema não é destinar maior parcela da carne brasileira para o mercado doméstico de maneira artificial, o que desorganiza o mercado das commodities e as contas externas brasileiras", avalia o economista e sócio-diretor da MacroSector Consultores, Fabio Silveira. Ele classificou as ideias de restrição das exportações de intempestivas e atabalhoadas. "Se o novo governo, seja Lula ou seja Bolsonaro, insistir em interferência de mercado, com artificialismo de preço, teremos maior desorganização em carnes e combustíveis e desestabilidade das cadeias", comentou.Estoques reguladores - A retomada de estoques reguladores de carne, como os quais o País possuía nas décadas de 1980 e 1990 é outra alternativa apontada por parcela de analistas como instrumento para amenizar a oferta do alimento em cenário de preços elevados do produto. Silveira, da MacroSector, avalia que uma política séria de estoques reguladores em caráter emergencial poderia aliviar os preços dos alimentos sem desorganizar o mercado. "Mas temos de ter percepção que deve se tratar de uma ajuda relativamente reduzida porque sustentar estoques durante muito tempo e com juros a dois dígitos encarece o custo de sustentação dos estoques e gera despesa financeira para o Estado, recaindo sobre as contas públicas", observou.Torres e Nogueira, por sua vez, apontam para o alto custo de manutenção de estoques em meio à conjuntura de orçamento público apertado. "Estamos falando em custo altíssimo para manter reserva de produto congelado e que teria de ser regulado pelo mercado privado para não causar distorção no mercado. Na minha opinião, estoque não funciona na cadeia de proteína animal", pontuou Nogueira, da Athenagro. Ex-ministro da Agricultura e presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) também rejeita a ideia. "É descabido imaginar que estocando produto aqui daríamos mais chance ao consumo do mercado brasileiro. Isso desestimularia totalmente a produção e reduziria abruptamente a produção porque o mercado convive exatamente com o balanço entre mercado interno e externo", observou.Contato: isadora.duarte@estadao.comPara saber mais sobre o Broadcast Político, entre em contato com comercial.ae@estadao.comPara ver esta notícia sem o delay assine o Broadcast Político e veja todos os conteúdos em tempo real.MAIS NOTÍCIASPOLÍTICA16/09/2022 18:43http://broadcast.com.br/cadernos/politico/?id=ZE9J...
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