Câmbio afeta frigoríficos agora, mas gera ganho à frente
08 de Outubro de 2008 | 19:02
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Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Os frigoríficos exportadores de carne bovina do Brasil, que dominam as vendas no mercado internacional, podem sofrer perdas financeiras no terceiro trimestre devido à forte oscilação cambial, mas certamente terão ganhos no período seguinte, pois gerarão mais reais com suas vendas externas, disseram um integrante da indústria e uma fonte do setor.
"Todas essas empresas devem apresentar alguma perda com câmbio, no hedge... é o caso ...
Câmbio afeta frigoríficos agora, mas gera ganho à frente
08 de Outubro de 2008 | 19:02
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Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Os frigoríficos exportadores de carne bovina do Brasil, que dominam as vendas no mercado internacional, podem sofrer perdas financeiras no terceiro trimestre devido à forte oscilação cambial, mas certamente terão ganhos no período seguinte, pois gerarão mais reais com suas vendas externas, disseram um integrante da indústria e uma fonte do setor.
"Todas essas empresas devem apresentar alguma perda com câmbio, no hedge... é o caso de empresas que trabalhavam alavancadas... acharam que o dólar fosse cair e subiu...", disse um especialista no mercado que pediu para não ser identificado.
"Só que o dólar se mantendo nos níveis elevados, as exportações vão gerar mais reais, então há um ganho, tem o impacto negativo no terceiro tri, e o impacto positivo vem no quarto tri", acrescentou ele.
Desde agosto, o dólar subiu quase 50 por cento frente ao real, e nesta quarta-feira só não fechou em alta novamente porque o Banco Central vendeu a moeda pela primeira vez em 5 anos.
Embora haja um "hedge natural" com as exportações, essas empresas do agronegócio foram, no setor, aquelas que mais fizeram aquisições no exterior, o que também levanta a preocupação da alta do dólar pelo lado do endividamento, segundo o especialista.
"No Minerva, mais da metade da dívida é em dólar, o JBS tem uma operação grande em dólar, o Marfrig também. Tudo isso aí, o dólar sobe, fica com a dívida maior. Mas se a dívida for de longo prazo, não tem um efeito caixa... não precisa desembolsar dinheiro...", declarou.
O endividamento financeiro total do Marfrig ao final do segundo trimestre era de 2,52 bilhões de reais, sendo a maior parte de 1,89 bilhão de reais de longo prazo.
"O Marfrig estava com uma dívida grande até o terceiro tri, porque ele fez aquisições, só que agora ele acabou uma emissão, o BNDESPar entrou comprando boa parte, e aí ele vai melhorar a posição de caixa, ele está com aproximadamente 1 bi (de reais) em caixa, em uma posição tranquila."
No caso do JBS, cerca de 60 por cento do endividamento é em moeda estrangeira, mas a empresa afirma manter uma posição confortável da dívida líquida em relação ao Ebitda.
O analista citou ainda o caso extraordinário do JBS, que acabou ganhando dinheiro ao "travar o dólar" após a captação para pagar as aquisições do National Beef e da Smithfield nos EUA.
SITUAÇÃO CONFORTÁVEL
O Minerva, terceiro exportador de carne bovina do Brasil, depois do Marfrig (segundo) e do JBS (primeiro), tinha uma dívida total no segundo trimestre de 700 milhões de reais, a maior parte (661 milhões de reais) em moeda estrangeira, mas afirmou estar em situação tranquila, considerando que a receita gerada com exportações no ano é superior a esse montante.
"Temos hoje receita em dólares de 80 milhões por mês. Vai dar 900 milhões de dólares no ano", disse o superintendente de Relações com Investidores do Minerva, Ronald Aitken, lembrando que 65 por cento dos ganhos da empresa são com exportações.
Ele ressaltou que a empresa praticamente não será afetada pela alta do dólar, pois "tem uma postura bastante conservadora", buscando "se endividar sempre na proporção de receita".
Aitken disse ainda que a dívida tem vencimento de longo prazo, em 2017, o que também conta a favor da empresa.
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