Santos Brasil reverte momento ruim e ações sobem no semestre
17/10/2017
O momento do grupo de operação portuária Santos Brasil na bolsa virou.
Com recomendações positivas dos analistas em meio à expectativa de que o pior momento do Tecon Santos - principal ativo da companhia - passou, as ações ordinárias acumulam alta de 45,8% em 2017. Só no segundo semestre, o avanço é de 71,6%, para R$ 3,50. Na semana passada, os papéis tocaram a máxima desde que a companhia foi para o Novo Mercado, há 14 meses.
Além do Tecon Santos - líder no país em movimentação de contêineres con...
Santos Brasil reverte momento ruim e ações sobem no semestre
17/10/2017
O momento do grupo de operação portuária Santos Brasil na bolsa virou.
Com recomendações positivas dos analistas em meio à expectativa de que o pior momento do Tecon Santos - principal ativo da companhia - passou, as ações ordinárias acumulam alta de 45,8% em 2017. Só no segundo semestre, o avanço é de 71,6%, para R$ 3,50. Na semana passada, os papéis tocaram a máxima desde que a companhia foi para o Novo Mercado, há 14 meses.
Além do Tecon Santos - líder no país em movimentação de contêineres considerando os dados anuais -, a Santos Brasil explora os Tecons Imbituba (SC) e Vila do Conde (PA), um terminal de carga geral também em Imbituba e um de veículos em Santos. Conta também com ativos logísticos na retaguarda dos portos.
Em agosto, o BTG Pactual passou a cobrir as três maiores empresas de portos listadas na América Latina - Santos Brasil, Wilson Sons e SAAM (chilena). No relatório dos analistas Samuel Alves e Renato Mimica, do dia 29 daquele mês, o papel da Santos Brasil teve a melhor avaliação entre as três, diante das perspectivas operacionais e financeiras.
A recomendação foi de compra, com preço-alvo de R$ 3,70, um potencial de valorização de 43% na ocasião e de 4,2% sobre o fechamento de ontem.
Os analistas escreveram que nos últimos quatro anos os investidores viram uma deterioração dos resultados da Santos Brasil, devido à forte competição e aos volumes fracos no porto de Santos. Seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) caiu mais de 80% e a queda do papel superou 60% desde 2012.
A companhia fechou 2016 com Ebitda de R$ 87,4 milhões e prejuízo líquido de R$ 19,9 milhões.
"Mas, olhando para a oferta e demanda no porto de Santos, acreditamos que o pior ficou para trás, com volumes de longo curso finalmente aumentando 13,5% no segundo trimestre na base anual."
O Itaú BBA, em relatório publicado no dia 25 de setembro, também recomendou compra. Para as analistas Renata Faber, Thais Cascello e Julia Hupperich, o segmento de terminais portuários vai manter tendência de recuperação no ano que vem.
"Acreditamos em uma expansão robusta nos volumes movimentados e armazenados, mas também uma boa recuperação de margem", dizem. O trio calcula que, só nessa divisão, o Ebitda vai dobrar em 2018, impulsionado pela alavancagem operacional e por cortes de custos.
O preço-alvo do Itaú para os papéis foi fixado em R$ 4,20.
No cenário do fim de agosto, o BTG calculava o valor da Santos Brasil em R$ 685 por Teu (contêiner de 20 pés) de capacidade. Um desconto de 55% sobre o valor de reposição da empresa e bem abaixo dos recentes múltiplos de transações de fusão e aquisição.
Ainda, os analistas do BTG avaliaram que como os ativos da Santos Brasil "têm uma importância estratégica, alguns deles poderiam naturalmente ser vistos como alvos de fusão e aquisição" por vários interessados do setor portuário. "Acreditamos que as recentes fusões e aquisições no setor confirmam nossa tese de que a Santos Brasil está subvalorizada."
Além dessas questões estruturais, Marco Saravalle, analista da XP Investimentos, comenta que os analistas estão mais atentos, no geral, às menores empresas da bolsa. Mais suscetíveis às mudanças econômicas, as chamadas "small caps" sofreram com a recessão brasileira, mas são as que se recuperam mais rápido agora.
"Nas conversas com os investidores, o que nós vemos é que de fato aumentou a demanda por esse tipo de ativo", diz. "E no caso da Santos Brasil, há os adventos particulares do setor."
Um deles, afirma Victor Mizusaki, analista do Bradesco BBI, é que o mercado entendeu que há investidores de olho em portos. Em setembro, 90% da TCP, que opera o Terminal de Contêineres de Paranaguá, foi vendido para a China Merchants. O ativo foi avaliado em R$ 4,1 bilhões, o equivalente a quase 14 vezes o Ebitda de 2016. O padrão mundial para portos é de 10 vezes o Ebitda.
"Além disso, o Tecon Santos é um ativo premium", afirmou o analista. Em relatório, o Bradesco fixou em R$ 4 o preço-alvo para a ação da Santos Brasil, levando em consideração fatores parecidos com os do BTG - múltiplos das últimas transações portuárias e o fato de que o papel estava negociado com desconto.
Mizusaki destaca ainda que uma série de cenários - se concretizados - também contribui para a perspectiva de alta do papel. "A renegociação do ’take or pay’ do Tecon Imbituba, uma discussão sobre uma eventual venda do Tecon Vila do Conde e uma possível reconfiguração do Tecon Santos com a compra do armador Hamburg Süd pela Maersk ", listou o analista.
As analistas do Itaú lembram que manter a Hamburg Süd como cliente após a aquisição será essencial para o futuro da Santos Brasil. Atualmente, quase 70% dos volumes operados no Tecon Santos são do grupo Hamburg Süd. "Há evidências de que os contêineres podem permanecer", dizem. "Mas não podemos ignorar o risco de perda dessa carga no futuro."
Mesmo sem considerar eventuais alienações de ativos, Mizusaki ressalta que a Santos Brasil pode fazer uma nova programação dos investimentos previstos no Tecon Santos, possibilidade aberta pelo Decreto dos Portos. "Com isso, a empresa teria um ciclo de investimento mais casado com a recuperação de
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