AFernandes2
- Dono
- 166
- 11/07/2007
Vejam a matéria abaixo e o resultado na bolsa ! ´Gostaria de entender !
MERCADO DE CAPITAIS
Presidente da Abrasca Alfried Plöger deveria respeitar os sócios, mas em sua empresa vive às turras com eles. A briga está na Justiça.
Ricardo Baltazar
O empresário Alfried Karl Plöger, uma das pessoas que mais deveriam zelar pelos bons costumes no mercado de capitais, está dando um mau exemplo. Presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas, a Abrasca, Plöger vive reclamando do governo, e gosta de dizer que os juros altos e os impostos são os entraves que impedem o crescimento do mercado. Mas ele raramente fala sobre o que anda acontecendo na Companhia Melhoramentos de São Paulo, fundada por sua família há mais de um século. Endividada e com anos de prejuízos acumulados, ela está quase quebrada. As vendas vão mal. E a empresa está sendo processada na Justiça por causa dos maus tratos sofridos pelos acionistas minoritários que nos últimos anos puseram dinheiro novo na Melhoramentos.
A empresa foi levada aos tribunais porque dois anos atrás entrou em rota de colisão com os sócios minoritários da Melpaper, fabricante de papel higiênico, guardanapos e toalhas de papel, controlada pela Melhoramentos. Juntos, o banco Pactual, dois fundos de pensão ligados a estatais e outros investidores possuíam 47% da Melpaper. Em 1998, Plöger e os outros donos da Melhoramentos propuseram um aumento de capital aos acionistas da Melpaper. O Pactual esperneou, mas a operação foi aprovada. Resultado: o pedaço dos minoritários na Melpaper foi reduzido a pó. As ações do Pactual e dos outros investidores passaram a deter apenas 3% do capital da empresa, e assim seu poder de interferência na administração do negócio desapareceu. Junto com a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, e o investidor José Antonio Bortoluzzo Netto, o Pactual foi à Justiça exigir uma indenização pelo prejuízo causado pela operação. "O aumento de capital serviu para mostrar o desprezo com que as rés tratam seus minoritários", diz a ação.
O processo de aprovação do aumento de capital foi tumultuado. Segundo a ação, documentos foram sonegados aos acionistas, um laudo de avaliação apareceu sem data nem autoria e o preço das novas ações foi estabelecido de forma incompreensível. O destino do dinheiro também não foi respeitado, de acordo com os sócios minoritários. Numa operação simultânea, a Melhoramentos transferiu para a Melpaper o controle de outra companhia do grupo, a Melhoramentos Florestal. Assim, o dinheiro do aumento de capital entrou na Melpaper por uma porta e saiu pela outra, voltando à Melhoramentos como pagamento pela Melhoramentos Florestal. "Fizemos tudo dentro da lei", afirma Plöger (leia entrevista abaixo). O processo na Justiça está longe do fim. Há meses espera-se que um perito examine os números da Melpaper e chegue a uma conclusão sobre o preço fixado para as ações no aumento de capital. Não há previsão para a data do julgamento.
É briga de gente grande, e, ao que tudo indica, houve também erros de avaliação do Pactual e da Previ. Eles entraram na Melpaper porque quiseram e só perceberam que tinham feito um péssimo negócio depois de perder muito dinheiro. A Melpaper foi criada em 1994, quando a Melhoramentos comprou uma fábrica de papel do grupo americano Kimberly Clark. A operação foi coordenada pelo Pactual, que investiu dinheiro seu e de clientes no negócio. Fundos de pensão como a Previ e o Fapes, dos funcionários do BNDES, entraram depois, quando as ações da empresa foram lançadas no mercado. Com projeções excessivamente otimistas, o Pactual convenceu investidores do Brasil e dos Estados Unidos a colocar R$ 33 milhões na empresa. A desilusão veio quando os executivos indicados pelos fundos instalaram-se na administração da Melpaper.
As perspectivas reais da empresa eram muito menos brilhantes do que o Pactual havia sugerido. Plöger e seu irmão, Ingo, sempre deram as cartas sozinhos na Melhoramentos e não aceitavam os palpites dos novos sócios. As ações da Melpaper despencaram. Um ano depois, o papel valia menos de um décimo do que os fundos de pensão tinham pago. Nesse ambiente, o Pactual se viu forçado a recomprar as ações de vários clientes arrependidos. Outros investidores pularam fora do barco. Fizeram bem. A Melpaper nunca deu um centavo de lucro. Até setembro do ano passado, data do último balanço publicado, acumulou um prejuízo de R$ 105 milhões. Isso só serviu para agravar a situação financeira da Melhoramentos, que tem usado artifícios contábeis para fechar o balanço. Em 1998, a empresa superavaliou uma fazenda para inflar o patrimônio e evitar que ele fosse corroído pelas perdas acumuladas nos últimos anos. A Comissão de Valores Mobiliários não gostou. O caso também está na Justiça.
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