Hoje o dia foi de correção no mercado de câmbio brasileiro. O preço do dólar recuou 0,30% nesta sexta-feira, interrompendo uma sequência de duas altas consecutivas. Na véspera, a moeda norte-americana havia avançado 0,77% e atingido o maior valor de fechamento desde 29 de setembro.

Mesmo com a desvalorização de hoje, o dólar fechou a primeira semana de 2016 com uma alta acumulada de 2,34%, cotado a R$ 4,0403 para venda e a R$ 4,0376 para compra.

Cenário internacional

Apesar da leve recuperação das demais moedas mundial frente ao dólar, o cenário ainda é de muita preocupação mundo afora. A razão? As inúmeras dúvidas que pairam sobre a real situação da economia chinesa.

Nesta semana, o pregão das maiores bolsas de valores do gigante asiático foi suspenso duas vezes, através da ativação do mecanismo de circuit breaker, acionado após o principal índice de ações país cair rapidamente abaixo de sete por cento. Tudo por que indicadores que medem a atividade do setor industrial e do setor de serviços vieram bem abaixo do esperado pelo mercado. Isso gerou um grande pânico nos investidores, que passaram a alocar seus recursos em ativos considerados mais seguros, como o ouro e o dólar.

Na tentativa de recuperar a confiança do mercado, o governo chinês adotou algumas medidas ao longo da semana: injetou quase US$ 20 bilhões nos mercados e fixou sua taxa de câmbio diária no menor patamar dos últimos quatro anos e meio. Hoje, na tentativa de recuperar um pouco mais da confiança do mercado, a China cancelou o mecanismo de suspensão automática de negociações com ações na bolsa de valores.

A China é a segunda maior economia do mundo e um dos principais parceiros comerciais do Brasil, servindo de referência para investidores em mercados emergentes.

Do outro lado do mundo, o governo dos Estados Unidos divulgou que a criação de vagas fora do setor agrícola no país somou 292 mil empregos em dezembro. Com isso, a taxa de desemprego permaneceu em 5%, menor nível em sete anos e meio. Os relatórios de outubro e novembro foram revisados para cima para mostrar a criação de 50 mil vagas a mais do que anteriormente divulgado.

Mesmo dados mais fortes que o esperado sobre o emprego dos EUA divulgados nesta manhã não foram suficientes para elevar as cotações do dólar, embora possam sugerir que o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, tem margem para elevar os juros mais rapidamente neste ano.

Os preços do petróleo, que haviam atingido as mínimas em 12 anos e meio na véspera, chegaram a recuperar-se em reação ao bom humor com a China. À tarde, porém, voltaram a cair, em meio ao excesso de oferta global. A volatilidade no petróleo tem arrastado consigo os preços de outras commodities e reduzido o apetite por ativos mais arriscados, como o real.

Cenário nacional

No cenário local, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) divulgou a inflação oficial de 2015. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) encerrou o ano em 10,67%, muito acima do limite máximo da meta do governo.

O objetivo era manter a alta dos preços em 4,5% ao ano, mas com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos, ou seja, podendo oscilar de 2,5% a 6,5%.

Banco Central

Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade ao seu programa diário de interferência no câmbio e realizou mais um leilão de rolagem dos swaps cambiais que vencem em 01 de fevereiro, vendendo a oferta total de até 11,6 mil contratos. Até o momento, o BC já rolou o equivalente a US$ 2,823 bilhões, ou cerca de 27% do lote total, que corresponde a US$ 10,431 bilhões.

Os leilões de rolagem servem para adiar os vencimentos de contratos que foram vendidos no passado.

Variação da cotação do dólar comercial em 08 de Janeiro de 2016