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Crise faz investidor private sacar para colocar dinheiro nas empresas; previdência cresce

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O número de clientes de alta renda que resgataram aplicações para reforçar o caixa de suas empresas cresceu expressivamente no ano passado e neste ano, afirma José Albino, presidente do Comitê de Private Banking da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). “Nunca vi tanta gente resgatar o dinheiro na pessoa física para aportar na empresa”, diz, ao comentar os números do setor de private de 2015.

Segundo ele, o movimento continua neste ano. Segundo Albino, o dinheiro vai para complementar o caixa das empresas, pagar dívidas, já que a oferta de crédito nos bancos, com a crise, diminuiu, e os juros subiram. “Muitas empresas ficaram sem acesso ao crédito, pois ficou mais difícil obter os recursos e os bancos estão pedindo mais garantias e fazendo mais exigências”, diz. Assim, o dono acaba fazendo um empréstimo (mútuo) para a empresa, esperando que quando a situação melhorar o dinheiro volte.

Além de pagar dívidas, muitos endinheirados estão sacando aplicações para aproveitar oportunidades de mercado que surgem para as empresas, como a compra de um concorrente ou investimentos. “Tem ativos baratos para comprar e que são atrativos com a perspectiva de longo prazo”, afirma Albino.

Esses resgates foram um dos motivos que provocaram uma queda no crescimento do setor de private banking no ano passado, explica o executivo. Em 2015, o total investido pelos privates, ficou em 9,07%, ou R$ 651 bilhões, perto do percentual de 2013 e 2014, mas bem abaixo dos 20% ao ano do período de 2010 a 2012. O número de clientes ficou em 110 mil contas e 52 mil grupos econômicos, abaixo dos 57,7 mil grupos de 2014. “Quando o patrimônio cai abaixo de R$ 1 milhão, o investidor sai do private e vai para o segmento de alta renda”, explica.

Queda no valor dos ativos

Além dos saques para ajudar as empresas, os recursos em private caíram por conta da perda de valor dos ativos, em especial das ações. “Houve uma perda considerável de patrimônio devido ao mau desempenho da bolsa, e isso afetou o crescimento do segmento”, diz Albino, lembrando que desde 2010 o Índice Bovespa apresenta desempenho ruim. Segundo ele, hoje há uma rejeição ao investimento em ações. “Mas o cliente está sempre querendo saber quando a bolsa vai voltar a subir para comprar de novo”, diz.

E houve também os que mandaram dinheiro para fora do país, para diversificar ou aproveitar as oportunidades lá fora. O movimento foi forte em 2013 e 2014, quando o dólar estava mais baixo, em torno de R$ 2,50, e favorecia as remessas, mas continuou no ano passado mesmo com o dólar mais alto. E os recursos aplicados no exterior não entram nas estatísticas do private banking local.

LCI e LCA

Albino observa que houve forte aumento das aplicações em papéis isentos, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), mas a procura diminuiu com a queda de rentabilidade desses papéis. As aplicações em LCI aumentaram em 10% e as em LCA, em 20,9%. “Mesmo assim, o interesse do investidor é grande, pelo efeito psicológico da isenção de imposto”, diz. Além disso, há a liquidez após 90 dias e a garantia das aplicações ate R$ 250 mil por CPF e por banco. O executivo lembra que o governo estuda tributar esses papéis, mas observa que esse processo é complicado pois acabará encarecendo as linhas de crédito para os setores que hoje são beneficiados, o agronegócio e o imobiliário. “Mas a discussão continua no radar”.

Previdência privada dispara

Um destaque no segmento de alta renda foi a previdência privada, que vem ganhando espaço nos últimos 3 ou 4 anos e cresceu 27,7% apenas no ano passado, representando já 8,6% dos recursos aplicados em private. Em 2009, havia R$ 5,7 bilhões aplicados em previdência pelos privates, número que chegou em 2015 a R$ 61,1 bilhões. E o crescimento deve continuar, pois o ponto de equilíbrio seria uma participação entre 12% e 15% das carteiras, diz o executivo.

Os motivos pela forte procura são as vantagens dos fundos de previdência para organizar sucessão e o planejamento tributário, já que o imposto sobre esses fundos é mais baixo, 10% após 10 anos, e pelo fato de eles não entrarem no inventário. “Eles são o nosso truste”, afirma Albino, referindo-se à figura jurídica existente nos Estados Unidos que permite separar parte do patrimônio para herdeiros de maneira diferenciada, e que não existe no Brasil. Além disso, os fundos de previdência podem ser sacados poucos dias após a morte do titular pelos beneficiários e não pagam imposto sobre herança (ITCMD) na maioria dos Estados. “A previdência deve continuar crescendo acima da média dos privates”, diz.

Clientes mais conservadores e busca por liquidez

Albino diz que outra tendência é a de aumento do conservadorismo dos aplicados. Hoje, segundo ele, a palavra de ordem dos clientes private é a preservação de valor. “O cliente diz que não pode perder dinheiro, e se atravessar esse período turbulento sem ganhar nada, mas também sem perder, já estará muito bom”, diz. Por isso, a tendência de maior procura por fundos de renda fixa e títulos públicos.

Outra preocupação é com a liquidez, afirma o executivo. “O cliente quer estar preparado para mudar de aplicação caso o cenário mude e surjam oportunidades”, diz. Com isso, está ocorrendo um encurtamento dos prazos dos papéis e das aplicações. “Em muitos casos, o cliente prefere ganhar menos, mas ter o dinheiro à disposição para sacar”.

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