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Conheça seis situações que podem prejudicar suas finanças e como evitá-las

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A criação de hábitos virtuosos na vida financeira tem o poder de mudar fortemente nossa qualidade de vida no presente e no futuro. Nesse sentido, a planejadora financeira Maria Angela de Azevedo Nunes explica que a tarefa é mesmo difícil, uma vez que nossa capacidade de análise é limitada. Ela participou da Terceira Semana Nacional de  Educação Financeira, promovida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e por entidades do mercado financeiro e dos ministérios do Trabalho e Educação.

Para ela, os primeiros passos de um planejamento de sucesso estão em poupar, definir objetivos e escolher os melhores instrumentos de investimento de acordo com as suas necessidades. “Fazer um orçamento, por exemplo, é libertador e um bom hábito, e bons hábitos viram virtudes”, completa.

Economista participante do Grupo de Estudo e Trabalho em Psicologia Econômica (GET-PE) e da Associação Internacional de Pesquisa em Psicologia Econômica (Iarep, na sigla em inglês), Maria Angela também é sócia da consultoria financeira Moneyplan e professora do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper).

Abaixo ela listou as seis situações mais comuns que minam os bons hábitos financeiros. Descubra qual o seu perfil e como assumir o controle do seu orçamento:

1) Você está empregado, ganha razoavelmente bem, mas não consegue poupar

A especialista conta que a primeira cena típica de desordem financeira é quando uma pessoa tem um trabalho, um salário razoável e mesmo assim não consegue guardar dinheiro.

Em seu primeiro exemplo, ela cita um jovem que ainda mora com os pais. Seus parentes, preocupados com o desprendimento do filho em relação às reservas futuras, resolvem ter uma conversa. No entanto, esse bate-papo em família não resulta numa conscientização por parte do jovem. As justificativas dele incluem afirmações como: “não se preocupem, quando eu estiver pensando em casar, vou parar de sair tanto e começar a guardar um pouco do meu salário”, ou “Tenho muita coisa para curtir até lá e não sei se fará tanta diferença na minha vida se eu não guardar dinheiro nos próximos anos”.

Na avaliação de Maria Angela, esse comportamento do jovem mostra sinais muito comuns de crença infundada na capacidade de auto-controle futuro. Afinal, quem disse que quando ele estiver às vésperas de se casar, ele guardará dinheiro? “Se ele não tem o hábito de fazer isso hoje, por que terá o hábito de fazer amanhã?”, questiona. Além disso, há uma escolha intertemporal míope, que significa que o jovem está olhando apenas para o momento presente, sem preocupações com o futuro. “Ele optou pela gratificação imediata, sem considerar possíveis gratificações futuras”, explica.

2) Quando você cria um orçamento gigante

Outro entrave visto em finanças pessoais é a criação de um orçamento muito pesado. Para exemplificar, a economista conta a história de um casal de 48 e 50 anos. Eles têm dois filhos estudando no exterior, possuem um bom apartamento próprio, dois carros e quase nenhuma reserva guardada.

Até agora, os salários os dois têm sido suficientes para assumir todos os compromissos da família, mas a esposa anda preocupada sobre a sustentabilidade dessas contas e tentado, sem sucesso, conversar com o marido sobre ajustes para começar a guardar algum dinheiro para a aposentadoria. Em contrapartida, o marido tem usado como justificativas para não economizar falas como “deveríamos ter começado a poupar quando éramos mais jovens”, “agora, com as despesas que temos, não vai dar para guardar quase nada, a não ser que nossos filhos deixem de estudar no exterior” ou “será que vale a pena nos sacrificarmos agora, já perdemos o tempo certo”.

De acordo com a especialista, essa postura é chamada de falácia dos custos incorridos, ou seja, já que eu não fiz no passado, não farei agora. “O que as águas passadas tem a ver com o futuro? A pessoa fica presa nisso, principalmente nessa faixa etária”, conta. Ela alerta que uma decisão equivocada no passado tem um peso muito grande sobre as decisões no presente e o fracasso de ter “falhado” antes atrapalha. “As pessoas costumam criar orçamentos pesadíssimos e, mesmo assim, não reprogramam seus hábitos para poupar, mesmo vendo que estão rumo a uma situação arriscada, do ponto de vista de assumir todos os seus compromissos, no presente e no futuro”.

3) Gastando sua reserva de emergência

Uma terceira situação ocorre quando uma pessoa está preocupada com o emprego e possui reservas equivalentes a seis meses de suas despesas mensais para emergências, mas está vendo que sua situação está complicada e que existem chances de que ela perca o emprego. Quatro meses depois, essa mesma pessoa resolve trocar de carro, utilizando praticamente toda sua reserva e pegando um pequeno financiamento. As justificativas desse investidor são as seguintes: “era pouco dinheiro mesmo”, “meu carro antigo já estava muito velho” e “a oferta foi imbatível, valeu a pena”. Nesse caso, Maria Angela detalha que a pessoa escolheu observar apenas o lado positivo de sua ação e desprezou os riscos. Novamente, num escolha intertemporal; ela escolheu o presente, uma gratificação imediata, ao invés do futuro.

4) Na aposentadoria

O momento da aposentadoria costuma trazer desafios para o orçamento doméstico, geralmente pressionado por rendas bem menores. A professora usa como exemplo a história de um casal de aposentados há dez anos, com rendimentos modestos, mas que vivem num apartamento de quatro quartos, com um condomínio bastante alto. O casal havia combinado de se mudar para um local menor depois que os três filhos saíssem de casa. Os filhos saíram, mas eles ainda não tomaram a iniciativa de procurar um novo lar. O marido vem tentando convencer a mulher a retomar esses planos, mas ela usa como desculpa argumentos como: “sempre morei num apartamento deste tamanho e não vou me acostumar num menor”, “acho que agora só apareceu um comprador porque o preço está muito baixo”, “o apartamento vale muito mais” e “não gostei daquele rapaz que fez a avaliação”.

Nesse caso, o principal viés apontado pela especialista é o da ancoragem, tomar como ponto de referência uma situação ou informação passada, fixar uma ideia irrelevante para uma decisão no presente. Maria Angela também verifica um “efeito posse” nesse quadro, a esposa atribui muito mais valor ao que é dela. A professora compara a força do chamado efeito posse com um test-drive, por exemplo, em que durante o teste o possível comprador já se sente dono do bem e acaba seduzido.

5) Escolhas de investimentos e aversão à perda

Nesse estágio, o poupador já atua como investidor esclarecido, mas é traído por suas fortes convicções. A planejadora financeira usa como exemplo a pessoa que cria suas próprias estratégias, “sempre que determinada ação sobe até certo percentual, ele vende o papel, mas quando esse papel cai, o investidor segura a ação ou até compra mais para fazer preço médio”. Como justificativa a pessoa usa pensamentos como: “quando estou ganhando, vendo mesmo, sou ganancioso” e “acredito muito nas empresas que escolho, se está caindo não acho que vale a pena vender, prefiro comprar mais”.

Na visão de Maria Angela por trás dessas explicações está a aversão à perda. Toda vez que se está ganhando, há o medo de perder e a pessoa realiza rapidamente o lucro. Mas, quando se está perdendo, o medo de perder mais é tão grande que a pessoa aguenta o prejuízo ou aumenta a aposta de risco. O viés dessas pessoas é chamado de atribuição, no qual elas acham que o sucesso dependia dela; quando é sucesso é competência, quando é fracasso tem alguém ou alguma coisa que está fazendo com que você tenha insucesso. Cuidado!

6) Inércia e status quo

Por fim, Maria Angela fala da inércia na tomada de decisões sobre investimentos. É quando uma pessoa lembra que precisa falar com o gerente em janeiro, por exemplo, para perguntar sobre determinado fundo DI que tem altas taxas de administração e está rendendo muito pouco e esquece. Em fevereiro, ele ainda não falou com o banco. As justificas? “um mês muito corrido”, “até falei com meu gerente que me apresentou outras opções de investimentos, mas como precisava de tempo para analisar, deixei a mudança para outro momento”. A especialista recomenda atenção para esse tipo de comportamento.

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