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Apesar dos resgates, previdência privada cresce com discussão de reformas, diz Brasilprev

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Apesar do ano turbulento na política e difícil na economia, o mercado de previdência privada se saiu bem neste início de ano, avalia Paulo Valle, diretor-presidente da Brasilprev. Os resgates em fundos PGBL e VGBL cresceram, mas a captação também, compensando o aumento das saídas.

A crise econômica, com mais desemprego e queda na renda real, além da menor oferta de crédito, levam mais pessoas a recorrer ao valor guardado em previdência, apesar do imposto mais alto nos saques de prazo mais curto, explica o executivo. Mesmo assim, diz, o mercado e a Brasilprev devem manter o ritmo de crescimento dos últimos cinco anos, favorecidos pela possível reforma da previdência, que aumenta o interesse pelos planos privados.

Reforma ajuda a divulgar previdência

A discussão sobre as mudanças na Previdência Social propostas pela nova equipe econômica após a posse do interino Michel Temer na Presidência ajuda a chamar mais a atenção para o setor, afirma Valle. “A maioria da população está mais alerta sobre a questão da previdência, ao mesmo tempo em que a recessão assusta um pouco as pessoas e elas ficam mais conservadoras, guardam mais dinheiro”, diz.

Essa atenção toda sobre a Previdência Social deveria ser aproveitada para que o país promova uma mudança da cultura previdenciária brasileira, defende. “A cultura no Brasil deveria ser ‘primeiro emprego-primeira previdência’, pois no começo da carreira você guarda sem sentir e quando chega aos 40 já tem um bom patrimônio”, afirma Valle. Hoje, o brasileiro começa a se preocupar com previdência aos 40 anos, quando o esforço para guardar tem de ser maior. “E a Previdência Social, do governo, vai ser cada vez mais uma renda mínima que será complementada pela poupança privada”, alerta.

Essa cultura deve incluir também uma revisão nas estruturas de incentivo para a previdência privada, para que cada vez mais as pessoas busquem poupar para o longo prazo com vantagens fiscais.

Crescimento de 30% nos ativos em 12 meses

O interesse despertado pela Previdência Social fez com que, em meio a uma recessão, a Brasilprev fechasse maio deste ano com um patrimônio de R$ 168 bilhões em ativos, 30,4% mais que os R$ 129 bilhões de maio do ano passado, afirma Bonfim. O número superou o crescimento do mercado como um todo, de 21,7%, para R$ 583,9 bilhões.

A contribuição de pessoas físicas, mesmo com o desemprego, aumentou 10,7% e o número de CPF cresceu 6%. “Estamos mantendo nosso crescimento de dois dígitos por ano no patrimônio”, diz o executivo.

Saques crescem 9%

Sobre os saques, Valle estima que eles tenham crescimento 9% este ano sobre o ano passado na Brasilprev, abaixo dos 10% do mercado em geral. “Mesmo assim está abaixo das expectativas diante da crise por que passamos”, diz. O crescimento da captação, porém, cobre esse resgate. “Temos quase 60% da captação líquida do mercado de previdência privada de maio do ano passado a maio deste ano”, diz.

Novas regras para fundos de previdência

Outro fator importante para o setor foi a Resolução 4.444 do Conselho Monetário Nacinal (CMN), que ampliou os limites de aplicação dos fundos de previdência em ações e no exterior. Antes, os fundos de previdência privada podiam ter no máximo 49% em ações e agora poderão aplicar até 70%, sendo 10% em papéis no exterior. A resolução também ampliou os ativos que os fundos podem comprar, incluindo os fundos imobiliários e os fundos indexados com cotas negociadas em bolsa, os Exchange Traded Funds (ETF). “A regulação do setor de previdência privada sempre foi muito restrita nos investimentos que podíamos fazer e agora aumentou menu”, afirma Valle. “Sempre defendemos uma legislação que permita uma diversificação maior”, acrescenta.

Segundo o executivo, as empresas de previdência estão montando as novas opções de investimentos para os grandes investidores. Ele reconhece que o setor não poderá ser muito agressivo no varejo, pela falta de regulamentação das normas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), que regula o setor, e pelo próprio perfil dos investidores, mais avessos ao risco e a oscilações de cotas.

Baixo número de investidores

Mesmo assim, todas essas mudanças deve melhorar a cultura previdenciária do Brasil, ampliando o número de usuários, que ainda é muito baixo, acredita Valle. Ele cita o caso da Brasilprev, que tem 2 milhões de CPF, para 60 milhões de correntistas do Banco do Brasil. “Temos um potencial de crescimento muito grande, buscamos uma massificação maior da previdência privada e estamos já conversando com os clientes de private bank sobre os novos fundos, mas a Susep precisa definir os detalhes”, diz.

Regulamentação da Susep

Há alguns detalhes a serem regulamentados pela Susep, diz Sandro Bonfim, superintendente de produtos da Brasilprev. Entre eles está a definição de investidor qualificado, que poderia investir em fundos de maior risco, e questões operacionais, como o novo limite de ações de 70% da carteira. No caso dos qualificados, a expectativa geral é que ele seja igual ao dos fundos de investimentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), de R$ 1 milhão em ativos líquidos. “A proposta é fazer agora em R$ 1 milhão e depois evoluir para ajustar o perfil para o qualificado para o longo e médio prazos”, diz Bonfim. Ele lembra que equipes da federação do setor, a Fenaprev, e a Susep, estão discutindo esses assuntos e já fizeram uma cartilha, mas ainda falta a regulamentação.

Na parte de private, de alta renda, a Brasilprev está fazendo um projeto piloto com algumas agências e vendo o apetite para novos investimentos, o que a regulamentação permite “Quando mostramos para os clientes de alta renda as vantagens da resolução e da maior diversificação, eles gostam, até por permitir o alongamento em um momento em que as taxas de juros tendem a cair e é preciso aproveitar o momento”, diz Bonfim.

Planejamento sucessório aumenta a demanda

Outro motivo para o aumento da demanda por previdência privada é o planejamento sucessório, afirma Valle. Como os fundos de previdência são vistos como seguros, eles não entram nos inventários e permitem resgatar o dinheiro antes e indicar pessoas fora dos herdeiros naturais. “São  movimentos diversos que se somam”, explica. As pessoas, pela crise, abdicam mais do consumo e poupam mais, a reforma da Previdência traz à tona fragilidade do sistema e a necessidade de poupança privada  e, por fim, o planejamento de longo prazo inclui algum tipo de planejamento sucessório. “Mas são coisas que ajudam num momento de crise.”

Segundo Bonfim, não é possível quantificar o impacto desses fatores na captação do setor, “mas ouvimos de nossa força de vendas em toda a rede do BB que a demanda está aquecida por esses fatores”, afirma. ´”Mas é percepção.”

Diversificação maior deve demorar

Vale acredita que os novos fundos mais diversificados começarão a ser distribuídos ainda este ano, mas, no caso do varejo, não serão muito agressivos. “Mas vai ser movimento importante até para mudar a cultura do investidor, sobre alongamento e diversificação”, diz. Ele diz que simulações feitas pela Brasilprev mostram que uma carteira concentrada em papéis corrigidos por índice de inflação com duração mediana de 3 anos renderia 20 pontos percentuais a mais que o CDI em cinco anos.

Hoje, a maioria dos fundos de previdência aplica em papéis atrelados ao CDI para não correr riscos. “Por isso, acredito que os novos ativos vão propiciar melhores fundos para os clientes e dar esse tipo de percepção, de dar ao investidor de médio e longo prazo essa diversificação, que ajuda a ter mais rentabilidade com menor risco”, afirma Valle.

Medo do alongamento

Segundo o executivo, hoje as pessoas acabam não percebendo o ganho do alongamento. “O cliente de previdência em geral fica muito focado na rentabilidade de um a seis meses, quando deveria olhar período mais longo”, explica. “Se fica preocupado com a rentabilidade de um mês, em fundos com papéis mais longos, que podem oscilar bastante para cima ou para baixo, ele acaba sacando e perdendo oportunidades”, acrescenta.

A ideia de Valle é ir por etapas, etapas, começar a mostrar para o cliente, que hoje está no curtíssimo prazo, a vantagem de aproveitar títulos mais longos no Brasil. Quando o mercado brasileiro voltar a crescer, leva-lo então para outros investimentos mais sofisticados, como ações, infraestrura, imóveis, etc. “Mas o processo é longo.”

Parcela de ações em torno de 5%

Hoje, dos fundos da Brasilprev, apenas 10% possuem ações. Como no máximo cada carteira só pode investir 49% na bolsa, a parcela de ações representa, portanto, apenas 5% do total, estima Bonfim. “Mas vamos mudar isso, com diversificação aqui e no exterior e novos ativos”, diz. “E temos de alongar um pouco, o CDI não pode ser o carro chefe da previdência.”

Idade média acima de 50 anos

Ele observa também que a idade média de quem aplica em previdência no Brasil é alta, acima de 50 anos, e o giro dos recursos ainda é baixo, em torno de 5 anos. “A permanência não é tão longa quanto deveria, mas isso está mudança gradualmente”, explica o presidente da Brasilprev. “Por isso, nossa estratégia é incutir nas pessoas o caráter previdenciário, de que previdência é para todos os projetos de vida, não só aposentadoria, e ao mesmo tempo aproveitar a discussão do setor para tentar uma reforma para melhorar a questão regulatória”, diz.

Planos empresariais alongam mais

Valle destaca que, nos planos empresarias de previdência privada, a permanência dos recursos é maior, 15, 20 anos. Já nos individuais, que são a maioria, o prazo é bem mais curto, de 5 anos. “O brasileiro tem na cabeça que longo prazo é cinco anos e, no primeiro impulso, saca para trocar de carro, mas estamos nos esforçando para mudar isso”, afirma.

Diante desses dados, Valle afirma que os planos empresariais são muito importantes para difundir a cultura da previdência privada. “Mas é preciso alguma mudança regulatória que incentive as empresas a oferecerem planos para seus funcionários”, diz, lembrando que, no exterior, a maioria da previdência privada é empresarial. “Temos de trabalhar bastante para isso”, diz.

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