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Este governo é legítimo? Os discursos usados na tentativa de tirar seu ranço golpista soam como o de quem, trancado sozinho no banheiro, discute valente com o espelho. Democracia não vinga no Brasil. Talvez seja uma nação muito jovem para algo tão sofisticado. Talvez seja um sistema de governo apenas para países industrializados. Aqui, se produz commodities. Aliás, nada é mais democrático no Brasil do que um golpe. O povo pede.

Desde a Revolução de 1930, apenas cinco presidentes eleitos conseguiram terminar seu mandato: Dutra, Juscelino, FHC, Lula e Dilma (ao menos uma vez). Mas, diriam os governistas, o povo foi às ruas pedir o “Fora, Dilma”. Nunca antes na história deste país, viu-se tanta gente interessada em política. Gente que sempre disse que nunca gostou de política – como se fosse possível gostar de um troço desses – adquiriu, num átimo, enormes conhecimento e revolta e protestou cheia de razão e sangue nos olhos. Atores pararam de falar sobre si no Twitter e mostraram sua indignação. Halteres foram deixados de lado para serem apresentados modelos de ensino tão fascinante que possibilitam, entre tantos, explicar a crianças o que foi a Segunda Guerra Mundial sem falar em ideologias. Vá lá, isso seria bom para que as pessoas que vivem hoje neste país – como eu e você – não sejam ridicularizadas no futuro.

Mas, durante toda essa gritaria, alguém ouviu “Venha, Temer!”? Não mais interino, carece da popularidade que nunca teve. Diferente de um Collor, não ganhou um voto sequer para estar onde está. Vários institutos de pesquisa apontam sua rejeição perto dos 70%, mas, da mesma forma que nas ruas, talvez a repressão possa fazer os entrevistados conterem sua insatisfação e os próximos índices venham a mostrar menos antipatia pela pessoa. Afinal, Temer foi o “eleito” para conquistar investimentos internacionais e singrar caminho rumo à estabilidade, seja lá o que for isso.

Mas será que acabou? Após milhões de votos serem anulados, autoridades, até então complacentes, passam a conter – com gás e balas – manifestações de descontentes, deixando as ruas aos carros como ficaram as panelas aos alimentos. Mas e quanto aos favores a serem pagos por esta posse? Quantos outros serão necessários para se governar. Quanto durarão os namoros? Se fará o ajuste fiscal? As medidas até agora anunciadas – muito suaves perto das propostas por Joaquim Levy – foram só isso: anunciadas. E isso perante um Congresso menos irraci… não, não é a palavra… agressivo! Menos agressivo, mas que cobra caro para ficar assim.

A grande questão é que o governo não tem a legitimidade que precisa para realizar o que é primordial. Tal qual a mulher atual que requer o trono, sempre há a sombra da ex. A equipe econômica tem capacidade, porém a pergunta que fica é se há autonomia. Palpitaria, por exemplo, sobre um reajuste para o Supremo?

Diferente da época em que Itamar Franco governou, parte da população está indignada. Na época, ansiava-se pelo controle inflacionário. Não se questionava o processo que levou à saída de Collor e o governo legítimo conseguiu a credibilidade necessária para estabilizar a economia através do Plano Real. Agora, o que mais se deseja é a retomada do crescimento, depois de seis trimestres consecutivos de encolhimento da economia. O resto talvez venha com o amadurecimento da nação.

A equipe econômica terá longos desafios para conter gastos, o que gera mais contração econômica para, só depois, reverter o encolhimento do PIB. Temer ficaria ainda mais impopular. O desafio é maior ainda quando há favores a serem pagos. No momento, o que se vê é o agravamento do desemprego, inflação alta, recessão, desajuste fiscal, entre tantos outros problemas. O mercado financeiro comemora, o lado produtivo pede medidas e o presidente sai por aí passando o caneco para que novos investimentos entrem em um país cuja a democracia, um fator básico para que qualquer país tenha estabilidade, é questionável.

 

Escrito por Ana Borges e Maurício Palhares, diretores da Compliance Comunicação

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