Mais pessoas vão usar o dinheiro extra do 13º salário para quitar dívidas, revela pesquisa feita pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) durante o mês de outubro. Segundo a pesquisa, feita com 1.066 consumidores de todas as classes sociais, 81% disseram que pretendem usar o dinheiro extra para pagar dívidas já contraídas, mais que os 76% do ano passado e que os 68% de 2014.
Ao mesmo tempo, os que pretendem comprar presentes com o dinheiro são agora 6%, comparados a 8% em 2015 e 11% em 2014. São os mesmos percentuais de quem disse que vai guardar dinheiro para as despesas do começo de ano, como IPTU, IPVA, material e matrículas escolares. Os que declararam que vão usar parte dos recursos para comprar ou reformar a casa caíram para 1%, ante 2% no ano passado e no anterior.
Do total, 4% afirmaram já ter recebido parte ou todo o 13º salário ao longo do ano ou fizeram empréstimos de antecipação, percentual inferior aos 6% do ano passado e de 2014. Já os que afirmaram que pretendem poupar o que sobrar se mantém em 2%, o mesmo número dos anos anteriores.
O aumento dos que pretendem quitar dívidas com o 13º demonstra que a redução de atividade econômica, o desemprego maior a elevação das taxas de juros e a inflação mais elevada ampliaram o endividamento dos consumidores, diz Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Anefac.
Ele destaca também que houve uma redução de 25% no percentual dos que pretendem usar o dinheiro extra para comprar presentes, demonstrando maiores dificuldades e preocupações com os gastos neste ano. A queda de 25% também no percentual dos que pretendem poupar para as despesas do início do ano que vem se deve ao fato de que, com o maior endividamento das famílias, a maior parte dos recursos serão destinados ao pagamento de dívidas, o que reduz o volume que sobra para aplicações financeiras.
Cartão e cheque especial são vilões
As principais dívidas dos entrevistados são ainda as de curto prazo, justamente as mais caras. O cartão de crédito lidera com 48%, ou quase metade dos entrevistados, número superior aos 44% de 2015 e 43% de 2014. Já o cheque especial é a principal dívida em aberto para outros 41%, também acima dos 39% de 2015 e 38% de 2016.
Um dado positivo é a queda dos que disseram que vão regularizar o nome registrado em sistemas de cadastro negativo, para 2% este ano, contra 4% em 2015 e 2014. Também os que disseram estar com dívidas em atraso no comércio caíram para 2%, ante 4% em 2015 e 5% em 2014.
Os que têm dívidas em atraso com bancos e financeiras caíram para 5%, ante 7% no ano passado e 8% no anterior, o que indica que a maior seletividade dos bancos e do comércio está funcionando. Já os que têm dívidas em atraso de outros tipos, como telefone, escola, cheques e tarifas se mantiveram em 2%, como nos anos anteriores.
Para a Anefac, o dinheiro do 13º deve ser usado justamente para regularizar as dívidas no cartão e no cheque especial. Já sobre a queda dos que pretendem limpar o nome ou renegociar dívidas no comércio o com os bancos, de 50% no percentual, a explicação é que muitos já procuraram acordos ou estão em situação tão difícil que vão manter a inadimplência.
Roupas, celulares e eletroeletrônicos lideram compras
Já entre os que vão usar o 13º para compras de fim de ano, a maioria, ou seja, 72%, pretende comprar roupas, percentual que caiu em relação aos 75% ao ano passado. Em seguida, com 66% das intenções de consumo, aparecem os celulares, também em queda em relação aos 73% do ano passado e os 75% de 2014. Empatados com 61% das preferências estão bens diversos e produtos eletroeletrônicos ou eletroportáteis, como DVD, rádios e máquinas fotográficas. No ano passado, esses dois itens tinham 65% da preferência. Os brinquedos aparecem com 44% das intenções de consumo, menos que os 49% de 2015 e os 52% de 2014, e os que pretendem adquirir produtos de informática, com 34%, ante 38% em 2015 e 40% em 2014.
Segundo a Anefac, quase todos os itens de compras apresentaram redução na intenção de consumo este ano, especialmente os de maior valor agregado, como linha branca, que caiu 50%, de 12% em 2015 para 8% este ano, ou informática ou materiais de construção, que passou de 6% para 4%, também um recuo de 50%. A queda demonstra uma maior cautela e redução dos gastos, seja por causa de um ano de 2016 mais difícil pelo desemprego, recessão, juros e inflação altos, seja pela continuidade das perspectivas econômicas para o ano que vem.
Maioria vai gastar até R$ 200 nos presentes
Sobre o quando vão gastar nos presentes, a maioria, ou seja 51%, disseram que pretendem usar até R$ 200 para fazer as vezes de Papai Noel este ano. No ano passado, esse percentual era de 48% e, em 2014, 44%.
Nesse número, o maior crescimento foi nos que pretendem gastar até R$ 100 este ano, que são 18%. No ano passado, eram 16% e, em 2014, 14%.
Outros 33% vão gastar entre R$ 100 e R$ 200, percentual que era de 32% no ano passado e 30% em 2014.
Os que pretendem gastar entre R$ 200 e R$ 500 são 43% do total, mais que os 42% do ano passado e mesmo percentual de 2014.
Os que vão gastar de R$ 500 a R$ 1 mil caíram pela metade, de 6% no ano passado para 3% este ano. Em 2014, eram 8%.
Os que estimam gastos de R$ 1 mil e R$ 2 mil com presentes também caíram 50%, de 2% para 1% este ano. Em 2014, eram 3%.
Já os que pretendem gastar de R$ 2 mil a R$ 5 mil e os que estimam os presentes em mais de R$ 5 mil se mantiveram com 1% cada, como nos anos anteriores.
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