Dólar sobe 4,64%, maior alta em 8 anos, e Ibovespa cai 3,25%; exportadoras disparam

Dois dias depois da eleição presidencial americana, o mercado financeiro viveu mais um dia de turbulências. A moeda americana teve a maior alta diária em oito anos frente ao real e a bolsa de valores caiu significativamente. O dólar comercial subiu 4,64% e encerrou esta quinta-feira vendido a R$ 3,360. A moeda fechou no maior valor desde 7 de julho, quando foi vendida a R$ 3,366. Já o ´dólar turismo, dos cartões e viagens, subiu 2%, para R$ 3,44 para venda.

O nervosismo do mercado refletiu fatores externos, com receio das medidas protecionistas a serem tomadas pelo presidente eleito Donald Trump nos EUA, que podem resultar em forte alta dos juros lá, e por notícias políticas no Brasil. Há a expectativa de julgamento de irregularidades na chapa que elegeu a presidente cassada Dilma Rousseff e o seu vice, o atual presidente Michel Temer.

BC volta a rolar swaps cambiais

Desde hoje, o Banco Central não faz mais leilões de swap cambial reverso, que equivalem à compra de dólares e tinham como objetivo conter a queda da moeda. Em vez disso, hoje à tarde, o BC anunciou que voltará a rolar (renovar) integralmente os contratos de swap cambial tradicional, equivalentes à venda de dólares, e que servem para segurar a alta. O BC disse que inicia amanhã a rolagem de US$ 6,490 bilhões de swaps que vencem em 1º de dezembro. Se a rolagem for completa, o estoque de swaps em aberto do BC com o mercado continuará em US$ 24,106 bilhões, depois de ter atingido mais de US$ 100 bilhões no ano passado.

Ibovespa cai para 61 mil pontos com volume alto

O dia também foi de instabilidade na bolsa de valores. Depois de iniciar o dia em alta, o Índice Bovespa, que reúne as principais ações do mercado, reverteu a trajetória e fechou com queda de 3,25%, aos 61.200 pontos. O volume negociado foi alto, R$  16,480 bilhões, o dobro da média diária, indicando bastante consistência na queda dos preços.

Petrobras cai 7% e Vale sobe 8%

As ações da Petrobras, segundo papel mais negociado no dia, caíram 4,99% (BOV:PETR3) nos papéis ordinários ( ON, com direito a voto) e 6,91% (BOV:PETR4) nos  preferenciais (PN, sem voto). Já as ações da Vale, ação mais negociada no pregão de hoje da Bovespa, fecharam em forte alta. As ON subiram (BOV:VALE3) 7,48%; e as PNA (BOV:VALE5), 8,21%.

Bancos despencam

As ações dos bancos, que possuem maior peso no Ibovespa, tiveram fortes quedas. Itaú Unibanco PN (BOV:ITUB4) recuou 4,98%, enquanto Bradesco PN (BOV:BBDC4) perdeu 8,92%, depois de divulgar seu balanço trimestral hoje. Banco do Brasil ON (BOV:BBAS3), que também divulgou resultado e reviu para baixo suas estimativas para crédito, também fechou em baixa, de 6,41%.

Exportadoras disparam com alta do dólar

As maiores quedas do Ibovespa foram de Rumo Logística ON (BOV:RUMO3), 9,23%, Bradesco PN (BOV:BBDC4), Cemig PN (BOV:CMIG4), 8,84%, Smiles ON(BOV:SMLE3) , 8,76% e Kroton ON (BOV:KROT3) 8,67%. Já as maiores altas foram de Suzano Papel PNA (BOV:SUZB5), 13,57%, Fibria ON (BOV:FIBR3), 11,12%, Vale PNA (BOV:VALE5) e Vale ON (BOV:VALE3), Bradespar PN (BOV:BRAP4), 6,18%, além da Unit de Klabin (BOV:KLBN11), 5,78%. Todos os papéis são de exportadoras, que se beneficiam da disparada do dólar.

Juros futuros em forte alta

Os juros futuros também subiram, acompanhando a instabilidade do dólar. O contrato para janeiro de 2017 subiu de 13,689% ao ano para 13,696%. Já para 2018, a taxa passou de 12,15% para 12,28%. Maior impacto teve o juro longo, para 2021, que subiu 0,48 ponto, de 11,45% ontem para 11,93%.

Bolsas internacionais também caem

Além de fatores políticos internos, o mercado financeiro continua influenciado pela eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, que tem provocado turbulências globais no mercado financeiro. A Bolsa de Londres recuou 1,21%. Em Paris, a queda foi 0,28%. Nos Estados Unidos, as bolsas tiveram desempenho misto. O índice Nasdaq, que engloba as ações das empresas de tecnologia, caiu 0,81%. Em contrapartida, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, fechou em alta de 1,2%, quarto dia seguido de alta e em nível recorde.

Com informações da Agência Brasil.

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