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Coeteris paribus

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A economia está em crescimento, com queda no desemprego e aumento do consumo e investimentos. É carnaval. A crise retorna somente na quarta-feira de cinzas. Apesar de o otimismo ser apregoado nos últimos dias por todos os cantos entre os economistas das instituições financeiras e o próprio governo fazer campanha em cima da queda da taxa de juros, hoje em 12,25% ao ano, poucos fatores demonstram que, de fato, haverá o início da retomada nos três primeiros meses de 2017. E, mesmo que haja alguma recuperação no ano, o movimento será pífio: crescimento ao redor de 0,5%. Depois de tanta perda na produção, é cedo para comemorar a saída da recessão.

Não há base para tanto otimismo quanto o apregoado pela equipe econômica do Itaú ou do BNP Paribas, que defendem um crescimento de, ao menos 1% para 2017. Para 2018, o Itaú vê aumento de 4%. No início do ano passado (22 de abril), enquanto esta coluna defendia que 4% de queda era o piso, as instituições estavam bem menos pessimistas. A projeção do BNP Paribas era de uma retração de 3,2% e o boletim Focus previa em 3,88%. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que antecipa o comportamento do PIB, caiu 4,55% em 2016. Em 2015, ainda pelo indicador, a atividade havia recuado 4,07%.

A realidade é que o Brasil está na última fase da pior crise de sua história. Nem na época de planos mirabolantes para conter a inflação, o PIB registrou quedas tão fortes. Em 2015, a economia brasileira encolheu 3,8% na comparação com 2014 e ao se confirmar a perda superior a 4% em 2016, praticamente não há precedentes. Desde 1948, o Brasil registrou PIB negativo sete vezes: 1981 (-4,3%), 1983 (-2,9%), 1988 (-0,1%), 1990 (-4,3%), 1992 (-0,5%), 2009 (-0,1%) e, agora, 2015 (-3,8%).

Protegidos pelo Coeteris Paribus (tudo mais inalterado), os economistas deixam uma esperança de que o pior já passou. E se forem questionados adiante, poderão se justificar com a mudança de uma ou outra variável nos seus cenários. Segundo o Itaú, já no 1º trimestre, o PIB deve ficar entre estabilidade e alta de 0,5%. O banco já fala de recuperação do emprego. No entanto, os indicadores antecedentes revelam algo de exacerbado nesse otimismo, caso da retração de 4,2% no volume físico de produção da indústria de embalagem apurado pelo Estudo Macroeconômico da Embalagem ABRE (IBRE/FGV). Para 2017, a previsão é de melhora gradativa: o primeiro trimestre será negativo em 0,5% e o último, positivo, em 2,1%.

A economia chegou ao fundo do poço. No entanto, escalar as paredes requer muito mais do que retórica. Mesmo com a queda dos juros, não é possível pensar em investimentos, aumento do crédito e consumo para os primeiros meses do ano. Pela ótica da demanda, a avaliação dos segmentos que compõem o PIB deixa claro que ainda é imprudente falar em recuperação. Com relação ao governo, não é preciso ir longe para entender que a expansão da demanda não virá por aí. A PEC 55 garante que não haverá aumento dos gastos acima da inflação.

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) subiu 1,2% de janeiro para fevereiro deste ano, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Mas, o indicador recuou 2,1% na comparação com fevereiro do ano passado e, ao se encontrar baixo dos 100 pontos, mostra a insatisfação das famílias com a situação da economia.

Do lado das empresas, o que se vê é a produção com alta ociosidade e desinvestimentos, o que reduz o PIB potencial. Ao mesmo tempo, há elevado endividamento. Somente no ano passado, 1.863 empresas entraram com pedidos de recuperação judicial, volume 44% superior ao de 2015, 1.287, segundo a Serasa. O volume deve aumentar este ano, mas é a vez das grandes corporações, como construtoras e incorporadoras, empresas da cadeia de óleo e gás e unidades de conglomerados investigados pela operação Lava Jato. A construtora PDG Realty é a primeira da lista. Se a morte de peixinhos causou o que causou, o que virá na hora dos tubarões brancos?Comemorar a saída do péssimo para o muito ruim só no país do carnaval.

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