Pouco depois de o Relatório de Inflação divulgado na quinta-feira da semana passada ter transmitido clara sinalização de intensificação moderada do ritmo de flexibilização da política monetária (de 0,75 p.p. para 1 p.p.), dois importantes membros do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) adotaram um discurso menos dovish nesta semana, o que volta a deixar porta aberta para manutenção do atual ritmo de corte da taxa Selic (0,75 p.p.).
Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, discursou hoje na audiência pública da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado num tom relativamente diferente daquele sinalizado pelo Relatório de Inflação. Normalmente, quando não há alterações a serem feitas na política monetária, os membros do Comitê adotam o mesmo tom (ou as mesas frases) utilizado nos últimos documentos de comunicação do Banco Central com o mercado.
O trecho chave do Relatório de Inflação (“a consolidação do cenário de desinflação mais difundida, que abrange os componentes da inflação mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, fortalece a possibilidade de uma intensificação moderada do ritmo de flexibilização da política monetária, em relação ao ritmo imprimido nas duas últimas reuniões do Copom”), responsável por sacramentar as expectativas dos agentes de corte de 1 p.p. na taxa Selic na próxima reunião de Comitê a ser realizada entre os dias 11 e 12 de abril, não foi utilizado no discurso de Goldfajn nesta terça-feira.
Reforça uma possível mudança de opinião dentro do Copom a mensagem de Carlos Viana, diretor de Política Econômica do Banco Central, também feita nesta terça-feira. Viana afirmou que a queda da inflação neste ano tem forte componente cíclico e há evidência que as expectativas estão ancoradas apenas no longo prazo, o que revela certa preocupação com a inflação de curto e médio prazo.
A mudança de tom de dois diretores do Copom deixa o jogo aberto para a reunião da semana que vem. Poderá haver frustração por parte dos agentes caso o Banco Central confirme manutenção do atual ritmo de flexibilização da política monetária, sentimento que corre risco de ser transmitido à curva de juros futuros.
A bolsa de valores (BOV:IBOV) voltou a subir nesta terça-feira, operando acima da linha central de bollinger, muito próxima de realizar teste sobre a importante faixa de resistência localizada ao redor de 66.000 pontos, ameaçando posições vendidas em aberto.
Wall Street segue apresentando pequenas oscilações, com investidores/operadores mais cautelosos, à espera da importante reunião entre Donald Trump, presidente dos Estados Unidos e Xi Jinping, presidente da China. Diversos assuntos polêmicos devem ser abordados no encontro de dois dias (quinta e sexta-feira desta semana) na mansão do presidente Trump em Mar-a-Lago, na Flórida.