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Bradesco piora projeções do ano

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O cenário para o segundo semestre de 2017 semestre é o melhor dos últimos 2 anos, afirma o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, em entrevista para comentar os resultados do banco. Trabuco diz que espera o início de um novo ciclo econômico de crescimento à frente, mesmo com crises políticas. Mesmo assim, o banco reviu para baixo as projeções de crédito, diante das dificuldades do primeiro semestre deste ano.

O presidente do Bradesco admitiu que o cenário econômico no primeiro semestre não favoreceu o crédito, o que levou o banco a rever para baixo sua projeção de crescimento da carteira de empréstimos para o ano. “Mas, a boa notícia é que já sentimos melhora no ritmo de originação (concessão) de empréstimos e nos últimos trimestres, com crescimento para pessoas físicas e estabilização para empresas”, diz o executivo. “O crédito deve voltar a crescer e a inadimplência se estabilizar”, afirma, acrescentando que os dados mostram que os picos de inadimplência ficaram para trás. Segundo ele, os indicadores macroeconômicos começaram a dar sinais de recuperação e,com eles, o crédito.

Sobre a crise política, Trabuco afirma que ela afetou pouco a tomada de crédito. “Tivemos os eventos políticos, a turbulência, mas o desempenho do crédito está mais condicionado ao processo recessivo da economia brasileira”, afirma. Segundo ele, o aumento da capacidade ociosa da indústria levou à menor procura por capital de giro. “A queda do crédito não é pela turbulência no cenário político, mas por fatores estruturais da recessão”, diz Trabuco. “Ela deixa um rastro de demanda reprimida e maior cautela de consumidores e empresários para consumir e investir e tomar crédito”.

O presidente do Bradesco destaca que mais mudanças na área de cartões de crédito estão por vir. “Por isso, a tendência é de a margem financeira do banco se estabilizar, pela redução da inadimplência”, afirma. Sobre o resultado do banco no primeiro semestre, ele observou que os prêmios de seguros tiveram forte crescimento e que o segmento continua sendo uma forte estável e previsível de retorno. A área de banco de investimentos foi importante geradora de resultados positivos, com volta das fusões e aquisições e aberturas de capital de empresas.

Sem razões para pessimismo

O presidente do Bradesco diz que não vê razões para ser pessimista com relação ao futuro do Brasil, nem com o do banco. Ele lembra da sucessão de eventos econômicas e políticos de grande impacto e inesperados, que aumentaram a incerteza no país, numa referência à crise política iniciada com as denúncias de Joesley Batista, da JBS, contra o presidente Temer. “Apesar da reação negativa inicial, os ativos brasileiros são destaque entre os investidores globais, basta ver as ações e bônus que foram a mercado”, lembra. A razão para isso são as âncoras que o país tem hoje, como a capacidade técnica do Banco Central e da equipe econômica e e indicadores chaves da economia melhorando, como inflação e juros em queda. “Além disso, o Brasil tem uma agenda intensa na politica e economia, e a primeira é o cumprimento das metas fiscais”, afirma.

Para Trabuco, com a inflação e os juros em queda e a responsabilidade fiscal, o PIB brasileiro deve continuar em recuperação “Por isso as reformas avançam e serão as bases da governabilidade para as próximas administrações”, afirma.

Crédito deve cair este ano

O banco reviu para baixo sua estimativa para a carteira de crédito, de um crescimento de 1% a 5% para uma queda de -5% a -1%. Na prestação de serviços, a expectativa é de crescimento menor, de 8% a 12%, ante 12% a 16% no trimestre passado. As despesas operacionais, por sua vez, devem ser menores, de 7% a 11%, ante 10% a 14% antes. E as despesas de provisões foram reduzidas, de R$ 21 bilhões a R$ 24 bilhões para R$ 18 bilhões a R$ 21 bilhões.

Carlos Firetti, diretor de Relações com Investidores do Bradesco, explica que essa revisão reflete a realidade do primeiro semestre em relação às expectativas do começo do ano. “O cenário continua bastante difícil e o que fizemos foi adequar um pouco mais as projeções à realidade que se viu ao longo do semestre com a expectativa para o restante do ano”, diz.

Por isso, o banco reduziu a projeção para a carteira de crédito expandida, para queda em vez de crescimento, já que até junho ela vinha caindo 7%. “Vemos recuperação ao longo do segumento semestre, mas não vai ser suficiente para levar a um crescimento no ano como previsto no guidance anterior”, diz.

 

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