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As dicas dos analistas para as aplicações com os juros de 7% ao ano

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O mercado se convenceu na semana passada que os juros podem chegar a 7% ao ano em dezembro e ficar assim até o fim de 2018, como mostra a pesquisa Focus do Banco Central (BC) divulgada hoje (07/08). Isso não quer dizer, porém, que a Selic vai continuar nesse nível para sempre, o que complica um pouco as estratégias para os investidores. Várias consultorias e bancos trabalham com uma alta dos juros a partir do segundo semestre de 2018. Mas já dá para se ter uma ideia de como ficam as aplicações financeiras no que resta deste ano e no próximo, incluindo fundos, Bolsa e Tesouro Direto.

Juro de 1% ao mês equivale a 150% do CDI

Para Marco Bismark, sócio gestor da Tag Investimentos, o brasileiro tem de adaptar suas aplicações ao novo momento. “O investidor sempre teve na cabeça o juro 1% ao mês, e já estamos bem longe disso”, diz, lembrando que, para atingir 1% ao mês, seria preciso uma aplicação que rendesse 150% do CDI, o que não é trivial. “Teria que correr muito mais risco para obter esse retorno ou aceitar um ganho menor”, aconselha.

Parece que o juro baixo veio para ficar

O principal ponto para se decidir o que fazer com o dinheiro é avaliar se essa queda dos juros é estrutural, ou seja, se vai se manter no longo prazo, ou é um novo “voo de galinha”, como em 2012 e 2013, quando a Selic bateu em 7,25%, voltou a subir e pegou todos no contrapé, observa Bismark. “Tem alguns elementos que podem nos levar a achar que é uma queda estrutural, como a nova política econômica, a equipe e seus objetivos de longo prazo”, explica. Aí pode-se olhar para investimentos que fazem sentido com um juro desses ou perto disso, afirma o gestor.

Ainda tem ganhos nos papéis do Tesouro Direto

Na lista de opções, os papéis prefixados ou indexados à inflação de prazo mais longo do Tesouro Direto têm um prêmio maior, mas um risco mais elevado também, levando-se em conta que haverá eleição presidencial em 2018. “Mas achamos que o novo presidente não vai dar um ‘cavalo-de-pau’ nessa agenda de reformas e de ajuste fiscal”, explica Bismark.

Por isso, ele vê prêmio nas LTN prefixadas e nas NTN-B, corrigidas pela inflação do IPCA mais longas. “Se o juro for para 7,5% e a inflação permanecer ancorada  em 2019 e 2020 em 4%, teríamos um juro real de 3,5% mais inflação na Selic e de 5% reais nos papéis mais longos, para 2035, o que parece um prêmio interessante em um cenário de longo prazo”. Os papéis mais curtos já convergiram para taxas reis mais baixas.

Fundos multimercados

Outra opção são os fundos multimercados que, segundo Bismark, estão conseguindo surfar bem essa turbulência, como mostraram os ganhos de julho. “Os gestores vão ter de buscar outras coisas que não a queda dos juros, o que vai ser mais difícil, mas alguns conseguem, principalmente os que olham coisas lá fora.”

Ações, espaço para “small caps”

Sobre a renda variável, Bismark acredita que a alta da bolsa deve começar com o investidor institucional procurando bater suas metas,e depois a recuperação vai atrair pessoas físicas. “Mas o movimento de alta do mercado foi grande e generalizada no ano passado e as oportunidades já não são tantas, então agora é melhor olhar para gestores que façam uma boa seleção de empresas”, diz. “E com uma pitadinha de small caps, pois desde o fim do ano passado vemos espaço para as empresas pequenas voltarem a se destacar”, diz.

Fundos de investimento no exterior

Ele cita ainda os fundos de investimentos no exterior, com alguns gestores procurando popularizar o investimento lá fora com hedge, para reduzir o risco cambial. Com isso, o investidor corre apenas o risco da aplicação e não do dólar. “Até para comparar com as  aplicações daqui é melhor”.

Dólar para proteção apenas

Uma parte das aplicações pode ir para o dólar, como forma de proteger a carteira e compensar o risco das aplicações em bolsa e em NTN-B longa, sugere Bismark. “Se tiver mais complicações políticas ou a eleição contrariar o mercado,o  dólar pode ser boa proteção”, diz. “Mas não é aposta para ganhar dinheiro”.

Queda inevitável dos juros

O cenário de queda dos juros é inevitável, avalia Walter Maciel, presidente da AZ Quest Investimentos. “As coisas vão acontecer de qualquer jeito, não tem alternativa, quem tentar fazer algo muito diferente e brincar com o fiscal vai entrar em corner muito rapidamente”, diz. “E a sociedade está começando a entender isso com as tragédias vistas todos os dias com a quebra dos Estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, e que mostram que o caminho é o ajuste fiscal”, acrescenta. “Nisso há uma evolução.”

Para Maciel, a queda dos juros se dará pela própria força do mercado. Vai haver primeiro um movimento de aumento da oferta de papéis de empresas, depois o custo para as companhias cai, elas passam a lucrar mais e a bolsa vai atrás. “O país vai precisar do mercado de capitais, porque o governo quebrou”, resume.

Ele vê o investidor ainda com um pouco de receio em diversificar, até pelo ambiente político mais conturbado. Mas dá o exemplo do comportamento logo após as denúncias contra Michel Temer por Joesley Batista, que derrubaram os mercados. “O investidor teve uma atitude muito bacana, manteve os investimentos e deu oportunidade para o gestor recuperar as perdas”, explica.

Empresas beneficiadas pelo juro mais baixo

Na bolsa, a AZ Quest aposta nas empresas beneficiadas pelo juro menor, como as endividadas, que terão um custo menor e um fluxo de caixa mais longo, como empresas de concessões elétricas, rodoviárias, aluguel de carros, shoppings e construção e varejo de tíquete mais baixo. A inflação mais baixa e o ganho de renda deve beneficiar primeiro o consumo mais barato, não de imóveis ou de carros. Ainda na bolsa, a gestora não está tão otimista com o setor de commodities.

Mas e se o juro não cair?

Mais desconfiado, Alexandre Espírito Santo, economista da Órama Investimentos, questiona tanto a queda dos juros para 7% quanto sua manutenção por um longo período. “Sou otimista com o PIB deste ano e do próximo, mas não comungo com a projeção de Selic a 7%”, afirma. Para ele, o pior que poderia ocorrer no país seria uma reprise do que ocorreu em 2013, no governo Dilma Rousseff, quando os juros caíram para 7,25%  e depois tiveram de subir para 14,25%. “Seria muito ruim cair nessa cilada”, explica.

Juro estrutural do país em 7%

Ele justifica a descrença com uma conta para chegar ao juro estrutural do país, aquele que evita a saída de capitais, a partir dos juros dos títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA, do risco-Brasil e do cupom cambial, que é o juro em dólar dos papéis brasileiros. “Espera-se que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) suba os juros mais uma vez este ano e mais duas no ano que vem, levando a taxa lá para 2% ao ano”, diz. O risco-Brasil está em torno de 2,5% e o cupom cambial para janeiro de 2019, em 2,5%, o que daria os 7% que o mercado trabalha.

Sem gordura para enfrentar eleição

Mas aí não haverá gordura nenhuma para enfrentar qualquer estresse dos mercados no ano que vem, um ano complicado em todos os aspectos, principalmente pela eleição presidencial. “Tem possibilidade do ex-presidente Lula  e os jornais falam bastante de Bolsonaro (Jair Bolsonado, ex-militar que defende posições de extrema direita), será difícil qualquer previsão”, diz Espírito Santo.

Cenário incerto nos EUA com saída de Yellen

Também no exterior, o cenário será conturbado, já que o presidente americano deve trocar a atual presidente do Fed, Janet Yellen, no momento em que ela começa a limpar o balanço do banco, vendendo os títulos que o BC americano comprou para ajudar os mercados. Diante dessas incertezas, ficar sem gordura nos juros fica um pouco ousado, ainda mais imaginando que esses 7% seriam ainda este ano, alerta Espírito Santo.

“Seria muito precipitado, ousado, e se eu estivesse lá no BC não faria, ainda mais sem nada de fiscal aprovado, só o teto de gastos, e ainda tendo de aumentar a meta de déficit deste ano”, diz. Espirito Santo acha que o BC deveria parar nos 8,5% ao ano, considerando que o BC já deu um corte de 5 pontos percentuais na taxa, desde os 14,25% do ano passado. Além disso, a atividade caminha para um crescimento maior no ano que vem que deve pressionar a inflação. “Os efeitos secundários da desinflação  estão chegando ao fim e a inflação mai perto de 4% e não deixaria espaço, o juro real cairia para 3% ao ano, seria uma ousadia em um momento de eleições”, afirma.

Juro real atrativo

Já em termos de investimentos, Espírito Santo diz que é preciso olhar o juro real. Se a inflação ficar em 3,5% nos próximos 12 meses e taxa em  8,5%, o juro real será de 5%, ainda elevado, dando conforto para tirar o dinheiro da caderneta e aplicar em fundos, Tesouro direto, ou fundos DI. “Ainda não é ruim para investidor que gosta de aplicações conservadoras.”, afirma.

No Tesouro Direto, Espírito Santo acha que está na hora de repensar a forma de investir. “Se puder alongar, melhor, tem boas oportunidades mesmo em prefixados mais longos, e tem NTN-B com 5% mais IPCA”, afirma. “É bom dar uma alongada, mas claro que o investidor começa a correr mais risco pelas intempéries”, afirma.

Diversificação em multimercados

Mas, em algum momento, o investidor acostumado com juro de 1% vai ter de começar a correr um pouco de risco nas aplicações, e a opção é um multimercado. A sugestão é começar a fazer isso a partir de agora, começar a lidar com um pouco mais de risco, recomenda Espírito Santo. “Talvez começar a colocar 20%, 30% em um multimercado, que têm chances de se sobressair em um ambiente de juro mais baixo”.

Nos fundos de renda fixa, em um ambiente de juro baixo, a taxa de administração pesa mais, e é preciso procurar os fundos mais baratos.

Bolsa, risco vem do exterior

Já a bolsa é a grande interrogação, afirma Espírito Santo. E não é com a bolsa brasileira, mas a americana. Professor de avaliação de empresas (valuation), ele vê com preocupação os índices, como o Dow Jones, acima de 22 mil pontos, no maior nível de todos os tempos, e com preços de ações muito acima dos lucros projetados. “E estou ouvindo conversas parecidas com as dos anos 1990, da Bolha da Internet, com excesso de dinheiro em circulação indo para renda variável”, descreve.

Além disso, o governo de Donald Trump é uma grande incógnita, com um problema por dia e um relacionamento difícil com o resto do mundo, caso da Rússia. E o ex-presidente do Fed, Alan Greenspan, falando novamente em bolha no mercado acionário. “Eu temo que se houver uma queda lá fora de uns 5% o mercado brasileiro sofra muito, eu não colocaria dinheiro na bolsa neste momento”, afirma.

Hora de garantir os juros reais

Outro especialista que se declara fã dos títulos do Tesouro Nacional via o sistema Tesouro Direto é Fernando Meibak, da Sunrise Investimentos. Segundo ele, as taxas de juros reais no Brasil são altas há muito tempo por diversos motivos. “Mas estamos num processo de redução nos últimos tempos”, diz.

Os títulos Tesouro IPCA, as NTN-B, estavam em 5% ao ano para baixo antes dos eventos da JBS e voltaram a subir. “O mercado deu uma estressada e está acalmando”, explica. O título 2035, por exemplo, está na faixa de 5.07% ao ano mais IPCA. “Sou favorável ao posicionamento nesses papeis, para travar juro real”, afirma. “Esse patamar, em minha visão, virá para a casa dos 4% no curto, médio prazo”, diz. “Sou otimista com a gestão econômica e acho que as coisas vão melhorar no Brasil, por isso, recomendo esse posicionamento em títulos 2035 ou outros vencimentos”, explica. Ele lembra que dá para investir valores pequenos, a liquidez é diária e várias corretoras têm taxa zero para o investidor no Tesouro Direto.

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