O cenário vivido pelo mercado brasileiro entre os meses de julho, agosto e setembro, culminando num pico recente no começo de outubro, mostrava que a alta da bolsa vinha bastante dissonante do comportamento recente dos mercados de juros, avalia o Fundo Verde, do aclamado gestor Luis Stuhlberger.
“É verdade que muitas vezes a bolsa está em Marte e a renda fixa está em Vênus…, mas essas distorções tendem a não durar”, revela a carta do fundo sobre outubro, quando a gestora anotou desvalorização de 0,38% em seu produto Verde FIC FIM. O benchmark acompanhado é o CDI, que variou 0,65%.
“Em nossa visão, a principal tese por trás de parte da alta recente do mercado acionário é: se o juro é 7% (ou abaixo) então o investidor brasileiro vai despejar um caminhão de dinheiro na bolsa. E, portanto, apesar de já um pouco caro, o mercado poderia subir muito ainda”, ressalta o Verde.
7% mágicos
Essa tese, contudo, tem pontos fracos. O principal, pontua o relatório, diz respeito ao juro, já que temos um mercado cuja função exata é arbitrar o valor futuro desta variável. E a ideia de que o piso de 7% ficaria estável por um tempo não tem encontrado fundamento no mercado de juros.
“Por exemplo, a taxa de juro futura entre os anos 2019 e 2020 (os dois primeiros anos do próximo mandato presidencial) atingiu o nível mais baixo em meados de setembro, quando bateu 9,62%. De lá para cá, essa taxa subiu aproximadamente 0,90% (ou 90bps) para 10,51%”, destaca.
O Verde finaliza dizendo que a ideia não é fazer um tratado sobre a precificação do juro futuro nem discorrer sobre se 10,50% por si só é alto ou baixo, “mas sim, apontar que o juro que deveria importar para o preço das ações não é, e talvez nunca seja, os tais 7% mágicos”.
Fonte: Money Times