A quinta-feira fecha o mês de novembro, o que deve promover ajustes nos preços dos ativos antes da virada da folhinha, e também é marcada por um feriado em Brasília, o que tende a esfriar o noticiário político sobre a reforma da Previdência, mantendo a ansiedade nos mercados domésticos. Os investidores já descontam as apostas feitas em relação à aprovação das novas regras para a aposentadoria, mas ainda não se dão por vencidos.
Em Brasília, a contagem de votos já começou e o governo Temer se vê distante dos 308 deputados necessários para aprovar a reforma da Previdência, em dois turnos, ainda neste ano. Pelos cálculos da base aliada, o real apoio é bem inferior, oscilando ao redor de 250 votos. Faltam, portanto, pouco mais de 50 votos para aprovar o texto e o governo corre contra o tempo para definir estratégias e conseguir aprovar as mudanças antes do recesso.
O presidente Michel Temer dará no fim de semana o último lance para aprovar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados em dezembro. Ele recorreu ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para conquistar os votos da bancada do PSDB. Só que o partido sugere mudanças no texto que podem reduzir a economia esperada em 10 anos em outros R$ 109 bilhões, desidratando ainda mais a versão já enxuta.
Temer e Alckmin se reúnem neste sábado, no interior do Estado, e também devem tratar do desembarque dos tucanos do governo. No dia seguinte, no domingo, o presidente recebe ministros, líderes e presidentes de partidos no Palácio da Alvorada para convencer os aliados e cobrar que a maioria das bancadas vote a favor da reforma
Mas o governo sabe que tem pouca margem para fazer novas concessões em troca de votos. A expectativa de que o PSDB deixe os cargos nos ministérios na semana que vem reduziria a fatura a ser paga em troca de apoio e mantém vivo o plano do governo de colocar a pauta em votação no plenário da Câmara na próxima quarta-feira (dia 6). Se houver o quórum de 308 votos, o segundo turno aconteceria uma semana depois.
No exterior, é a possível aprovação de reforma tributária de Donald Trump que anima os investidores. A sensação é de que a proposta de corte de impostos às empresas e aos consumidores nos Estados Unidos vai passar no plenário do Senado, onde será votada hoje, com os senadores republicanos posicionando-se a favor do pacote fiscal.
A medida deve turbinar a economia norte-americana, que já mostrou ontem que ganhou tração no terceiro trimestre deste ano. A atividade se expandiu no ritmo mais intenso desde o mesmo período de 2014, com alta de 3,3%. Apesar disso, o crescimento econômico nos EUA não tem pressionado a inflação, o que deve manter o tom suave do Federal Reserve.
Esse sentimento sustenta os índices futuros das bolsas de Nova York no terreno positivo nesta manhã, mas já começam as especulações sobre quanto mais pode durar o rali em Wall Street. Ontem, o índice Dow Jones cravou novo recorde de alta, diante das apostas de que a nova legislação de impostos nos EUA irá impulsionar o balanço das empresas.
O dólar, por sua vez, mede forças em relação às moedas rivais. Nos destaques, a libra esterlina saltou ao maior nível desde outubro, diante do otimismo com as negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, após avanço nas negociações com a fronteira irlandesa. Na outra ponta, chama atenção o tombo do won sul-coreano, após o Banco Central local (BoK) elevar os juros pela primeira vez desde 2011.
Também na Ásia, a produção industrial japonesa cresceu pelo décimo segundo mês consecutivo, ao passo que o índice dos gerentes de compras (PMI) da indústria na China subiu inesperadamente em novembro, encostando-se ao maior nível em cinco anos, a 51,8, de 51,6 em outubro e contrariando a previsão de queda a 51,4. O PMI chinês do setor de serviços avançou de 54,3 para 54,8, no período.
Logo cedo, saem dados sobre a inflação ao consumidor e sobre o desemprego na zona do euro. No fim da manhã, serão conhecidos os números sobre a renda pessoal e os gastos com consumo nos EUA, além dos pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país. Ao longo do dia, os membros dos países que compõem o cartel de petróleo (Opep) se reúnem em Viena para discutir o prolongamento do acordo que limita a produção da commodity.
No Brasil, destaque para os dados de desemprego. A taxa de desocupação deve ter caído novamente em outubro, a 12,2%, no sétimo recuo consecutivo e ao menor nível do ano. O número deve refletir um aumento no total de trabalhadores no setor privado sem carteira de trabalho assinada, com estabilidade no contingente de empregados celetistas. O dado oficial será divulgado às 9h. Antes, às 8h, sai o índice de confiança da indústria em novembro.