A expectativa da maioria dos analistas para 2018 é de um cenário com a inflação e os juros baixos, economia interna em recuperação e o ambiente externo relativamente favorável. Com o aumento gradual dos juros nos Estados Unidos e a expansão da economia Americana e Chinesa, as estimativas não poderiam deixar de ser diferentes, e também seguem positivas para a B3.
O Ibovespa, índice que mede o comportamento das principais ações negociadas na bolsa, acumula uma alta beirando os 20% em 2017 e, dependendo dos resultados do cenário político, tem chances de repetir ou até melhorar esses resultados.
Reforma da Previdência e eleições: principais desafios
As dificuldades para a aprovação da Reforma da Previdência, e as eleições presidenciais no próximo ano vão gerar grandes incertezas no mercado financeiro, destaca Pedro Galdi, analista de investimentos da Magliano. Ele acredita que mesmo com a possibilidade do Banco Central interromper o movimento de redução dos juros, não se perderão os ganhos consolidados com cortes já promovidos na Selic e a queda na inflação.
“É um cenário que envolve muitas variáveis a serem acompanhadas, mas caso tenhamos o avanço de um candidato comprometido com as reformas, ajuste fiscal e agenda positiva, veremos mais um ano bom para a bolsa”, analisa Galdi. “E com oportunidades de curto prazo e, para quem tiver um horizonte mais longo de investimento, possibilidade de encontrar papéis de empresas que vêm mostrando bons fundamentos e têm espaço para valorização de suas ações.”
Ambiente melhor para as empresas
A constante queda na taxa selic (atualmente, a 7% ao ano), segundo o analista Carlos Souza, já provocou efeitos positivos sobre muitas empresas, que ficam claros nos resultados do terceiro trimestre deste ano. “Uma parcela importante das companhias tem dívidas atreladas a juros pós fixado (Selic ou CDI) e tiveram um gasto menor com despesas financeiras, maior facilidade de financiamento, melhora nos lucros e incentivo para novos projetos e investimentos.”
Queda no custo de capital terá impacto sobre negócios e investimentos
Mauricio Carvalho, sócio da Condere, assessoria independente e acionista brasileira do Global M&A, ressalta que o corte da Selic promovido pelo BC no último dia 6 de dezembro, para 7% ao ano, reflete diretamente no custo de capital das empresas. Ele destaca a rapidez com que os juros caíram e o possível impacto na atividade de negócios e de investimentos.
“Nossos estudos mostram diversos setores da economia com ROIC (Retorno sobre o Capital Investido) entre 8% e 12% que provavelmente passaram a viabilizar projetos com a nova taxa.”
Enquanto o conceito de ROE (Retorno sobre o Patrimônio) indica o quanto de retorno a empresa gera para cada centavo que o acionista aplica na organização, e se relaciona somente ao Retorno sobre o Capital Próprio, o ROIC é retorno sobre o capital total investido, incluindo o capital próprio somado ao capital de terceiros.
Crescimento potencial para tecnologia, concessões, bebidas e alimentos
De acordo com Mauricio Carvalho, o crescimento tende a ser maior para companhias com um custo de capital igual ou menor do que o ROIC, o que hoje ocorre em setores como tecnologia, concessões (energia, rodovias, saneamento), alimentos e bebidas, entre outros.
“A queda da Selic fez cair rapidamente o custo de capital das empresas, com reflexo já nos balanços do terceiro trimestre de 2017”, afirma Carvalho. “Se as reformas seguirem adiante e continuar o movimento de retomada da economia, elas poderão viabilizar projetos em novas fábricas, novos produtos e mercados.”
Recuperação gradual
José Fernando Rodrigues, presidente da Opersan (empresa de saneamento de capital aberto), não acredita em uma melhora rápida na economia, mas permanece otimista quanto a um cenário positivo para 2018 e espera que o ano tenha resultados melhores que 2017. Ele ressalta entre os fatores de incerteza para o próximo ano, as eleições presidenciais e a votação da reforma da previdência estão mexendo um pouco mais com os investidores.
Entre os pontos positivos, Rodrigues destaca a reforma trabalhista, a queda nos juros e a inflação baixa.
Desemprego
A taxa de desemprego já está respondendo e melhorando antes do esperado, parte com emprego não formal, “mas ninguém espera que recuperação já ocorra com emprego formal”, disse Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados. Ela acredita também que pode haver ainda uma melhora discreta do investimento das empresas, por conta de privatizações e concessões. Já o governo não ajudará no crescimento por estar promovendo um ajuste fiscal de corte de gastos.
Investidor tende a continuar buscando alternativas à renda fixa
A expectativa dos analistas é um bom desempenho no mercado de ações em 2018 e apesar da grande volatilidade enfrentada pelo mercado financeiro, a queda na Selic, que já ajudou muito em 2017, tende a ajudar ainda mais as empresas em 2018.
Os investidores devem continuar dispostos a assumir um pouco mais de risco, diante da queda da na rentabilidade das aplicações da renda fixa. É difícil estimar quanto o mercado poderá crescer, mas há potencial para resultados tão bons ou até melhores do que os obtidos em 2017.
Crescimento do Brasil
O crescimento de 2018 do Brasil está encaminhado e a dúvida é se o país vai entrar em um ciclo virtuoso, afirma Thaís Zara. Para ela, a recuperação de renda das pessoas físicas com a queda dos juros e a melhora do mercado de trabalho vão ajudar no crescimento do ano que vem. E a recuperação bem forte da concessão de crédito puxará o PIB ao longo de 2018.