A Era das moedas digitais: é o fim do dinheiro?

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O Reitor da Universidade de Wharton, Geoffreey Garrett, vê uma grande diferença no modo como Wall Street e o Vale do Silício entendem as moedas digitais baseadas na tecnologia do blockchain. Na Costa Leste, a ideia de que as moedas digitais irão substituir o papel-moeda emitido pelos Estados é ainda visto com ceticismo. Mas, no Vale do Silício, eles apostam tudo que isso irá acontecer. Nesse espaço, ele compartilha sua opinião sobre o assunto.

Eu passei  a primeira semana do ano novo com um maravilhoso grupo de bacharéis da Universidade de Warthon visitando nossos formidáveis ex-alunos na área da Baía de São Francisco, Califórnia. Dizer que eu me senti diferente do que na Costa Leste é um eufemismo. E não me refiro a isso por ter me livrado do ciclone que passou pela Costa Leste.

Refiro-me sobre a tecnologia do blockchain, o bitcoin e as demais moedas digitais, que são muito mais do que uma obsessão especulativa.

Enquanto a maioria das pessoas de Wall Street estão céticas e esperando o que vai acontecer, o Vale do Silício aposta tudo. Literalmente, todas as reuniões que eu participei, desde as maiores empresas de tecnologia até as menores start ups, giravam em torno de discussões entusiasmadas e criativas sobre as criptomoedas. Eu pensava que “fintech” significava o fim do dinheiro físico em papel-moeda, substituído por plataformas de pagamentos instaladas em dispositivos móveis comandadas por grandes empresas multinacionais e liderada pela China.

Eu agora me pergunto se a fusão da tecnologia do blockchain e o mundo das finanças irá acabar com o dinheiro como conhecemos pelo último milênio. Não é mais ficção científica imaginar a substituição do dólar ou do euro por um código de fonte aberta, radicalmente descentralizado, com forte mecanismo de criptografia e auto-regulado por meio de transações em corretoras (exchanges), em vez  de controlado por bancos centrais.

Uma verdadeira revolução tecnológica nas finanças

Não é uma surpresa que existem muito mais fiéis do Bitcoin na Costa Oeste dos EUA

jamie-dimon-jpmorgan-bitcoinEu tenho que admitir que eu fui para a Costa Oeste com a mentalidade de Jamie Dimon. O CEO do JPMorgan Chase e a voz de Wall Street desde a primeira crise financeira que ocasionou o surgimento do Bitcoin. “Eu  não poderia me importar menos com o bitcon”. Descarte os seus floreios retóricos tipicamente rudes e Dimon estava defendendo dois pontos fundamentais. O primeiro argumento de Dimon era que a tecnologia do blockchain – um livro de registro globalmente compartilhado das transações financeiras assegurado por uma criptografia avançada e por meio de uma competição entre “mineradores” (computadores que executam e anotam as transações e são recompensados por isso) – tinha um grande valor. Mas, para se tornar utilizado por todo o mercadoterá que perder o seu caráter desregulado e de código de fonte-aberto, ser administrado por um conglomerado multinacional (pense numa combinação de Visa/Master Card e Swift) e com base na jurisdição de governos nacionais e mediante acordos internacionais.

O segundo ponto de Jamie Dimon era que as transações  que o blockchain grava serão, ao fim, “cryptodólares” ou “cryptoeuros” ou “cryptoiene”, etc. – não bitcoin, ethereum, ou qualquer outra moeda puramente digital que não é emitida por um Estado. Essa é a razão pela qual o bitcoin não tem qualquer valor inerente  (“pior do que tulipas”, para usar o sempre citado exemplo das bolha de tulipas na Holanda do Século XVII). Por outro lado,  há um valor subjacente ao dólar, garantido pelo Governo Federal norte-americano e relacionado com a força da economia americana.

Quanto mais eu falava com do pessoas Vale do Silício, menos convencido desses dois argumentos eu me tornava. Isso é muito desconcertante para pessoas como eu, preso há mais de dois séculos de pensamento macroeconômico. Todos os gigantes (Adam Smith, David Ricardo, John Maynard Keynes, Milton Friedman, Paul Samuelson, e outros) não somente presumiam o aspecto centralizado das moedas, como também valorizavam a moeda como, literalmente, a fundação de um bom funcionamento da economia – uma unidade que conserva tanto poder de troca, assim como é uma reserva de valor.

No Vale do Silício, há um saudável desprezo por todas as coisas de Washington, governo e regulação – e, com certeza, o status quo. Não é surpresa que há muito mais fiéis do bitcoin na Costa Oeste.

Fonte: http://knowledge.wharton.upenn.edu/article/is-this-the-end-of-money/

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