Foram quase Bodas de Prata. Após 24 anos, Roberto Teixeira da Costa, primeiro presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), vai deixar o Conselho de Administração do Grupo SulAmérica (SULA11). Conforme a convocação para a assembleia deste ano, ele não terá seu mandato renovado.
Aos 83 anos, Teixeira da Costa mostra uma disposição incomum para o trabalho. Faz questão de se manter atualizado e de discutir desde estratégias empresariais com amigos, como Jorge Paulo Lemann, que foi seu estagiário na Deltec, pioneira do mercado de capitais, até o impacto das moedas virtuais e do blockchain no mercado de capitais.
Teixeira da Costa dirigiu um dos primeiros departamentos de análise de ações do país na Deltec e depois foi gestor do primeiro fundo de ações aberto do mercado, o Crescinco, no Banco de Investimentos do Brasil (BIB).
Ele se preocupa com o papel do conselheiro nas empresas diante dos avanços na economia e nas relações com os executivos e acionistas. “É uma situação delicada, pois o conselheiro tem um limite, não pode interferir na gestão e, ao mesmo tempo, recebe tudo pronto dos diretores, então tem o risco de se tornar um carimbador apenas”, diz. Além disso, fica cada vez mais difícil pensar em estratégias de longo prazo com as novidades do mundo digital modificando mercados a cada descoberta. Isso exige um esforço de atualização imenso dos conselheiros, que terão de se reinventar, acredita.
Teixeira da Costa também continua a se reinventar. Vai fazer um curso na London Business School e pretende se dedicar a escrever livros sobre o mercado financeiro de capitais.