Mercados Globais
O índice S&P 500 subiu 1,74% no pregão de ontem e recuperou noventa dos 270 pontos perdidos nas quedas ocorridas desde a semana passada. As bolsas europeias também subiram e os mercados de títulos tiveram queda dos juros mais longos, refletindo a melhora na percepção de riscos. Na abertura de hoje, a Europa tem bolsas em alta, mas os futuros nos EUA pressionam negativamente.
Às 13:30 hs serão divulgados estoques de petróleo e dois dirigentes importantes do banco central dos EUA falarão hoje, podendo mudar o cenário da volatilidade, tanto para cima como para baixo. William Dudley fala às 11:30 hs em uma conferência em Nova York e Charles Evans em um evento em Des Moines às 13:15 hs.
Ambos têm votos no FOMC, comitê de política monetária do banco central, e seus discursos serão ouvidos com atenção, já que os agentes buscam pistas sobre o futuro da política monetária dos EUA. O índice VIX, que mede a volatilidade, ou risco, das ações do mercado americano ainda está elevada, em torno de 30%, segundo os contratos futuros negociados em Chicago, sinalizando que os tremores iniciados na semana passada ainda estão repercutindo. Veja o gráfico do índice VIX:
Enquanto a volatilidade estiver elevada, podemos considerar que os agentes ainda estão se mexendo como resposta ao choque imposto pelas fortes quedas dos pregões anteriores. Em termos de fundamentos, é provável que as quedas tenham levado alguns agentes a resgatar suas posições em ativos mais arriscados, como as ações, e eles demoram alguns pregões para serem realizados.
De qualquer forma, não descartamos uma retomada do ciclo de realização, ou queda, das ações pelo mundo. Já os mercados de títulos e de moedas, tudo indica, estão ancorados em limites que ainda não foram rompidos e devem se manter sob controle.
Brasil
No Brasil, o ciclo de divulgação de resultados confirma a melhora dos balanços das empresas, após vários trimestres de ajustes, que envolveram redução de custos, venda de ativos e redução das dívidas. Com a melhora da atividade, os volumes de produção e vendas subiram, puxando os lucros para cima. O crescimento dos lucros tem recompensado os acionistas com a valorização das ações e isso leva o Ibovespa, que subiu 9,81%, a ter um ano melhor que o do S&P500, que está com 0,81% de alta e que a média da Europa, medida pelo índice Euro Stoxx 50, que está com queda de 2,61%.
Hoje o Copom, comitê de política monetária do BC, termina a sua 212ª reunião, às 18:20 hs, e deve reduzir os juros em 0,25%, para 6,75%. Vale lembrar que será a menor taxa SELIC da história e seu futuro ainda é incerto. As taxas de juros no Brasil ainda são um caso particular na história econômica e, apesar dos imensos esforços nessa direção, não temos uma conclusão convincente sobre o que torna nossa taxa básica tão alta.
Ainda que pensemos na dívida ou no déficit públicos, eles estão longe de serem os mais elevados. Países em situação fiscal semelhante ou pior têm juros mais baixos. De qualquer forma, o patamar atual dos juros, por ser muito mais baixo que o que vigorou por décadas, vai produzir mais efeitos sobre o nível de atividades, o emprego, e os preços, tanto os capturados pelo índices de inflação, como os dos ativos, como ações e imóveis. A nova taxa SELIC continuará a jogar o nível de atividades para cima e sua manutenção por muito tempo ainda deve ser avaliada como um enorme desafio.