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Trump declara guerra comercial

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pegou o mercado de surpresa ao anunciar na tarde desta quinta-feira intenção de impor pesadas tarifas nas importações de aço e alumínio. Após reunião com executivos de grandes metalúrgicas norte-americanas, Trump afirmou à jornalistas que existe um plano para taxar em 25% as importações de aço e 10% as importações de alumínio já na próxima semana.

O objetivo, na avaliação da Casa Branca, é prevenir o que os americanos chamam de dumping (venda de produtos de outros países a um preço abaixo do seu valor justo, prejudicando concorrentes norte-americanos). A medida é altamente protecionista, causando revolta imediata em diversos países no mundo inteiro.

As importações de aço dos Estados Unidos são importante válvula de impulso a varias economias desenvolvidas e emergentes. Os norte-americanos importam aço de mais de 100 países. Entre os principais fornecedores estão, em ordem de grandeza, o Canadá, Brasil, Coreia do Sul, México, Rússia, Turquia, Japão, Taiwan, Alemanha, Índia e China.

Apesar de produzir cerca de metade de todo o aço do mundo, a China é apenas o 11 da lista de fornecedores nos Estados Unidos, justamente por já estar sofrendo barreiras comerciais impostas no passado, o que só reforça o potencial de impacto a ser causado no atual TOP 5 de principais fornecedores de aço aos Estados Unidos. Isso significa que o Brasil tende a ser duramente afetado pela medida protecionista de Donald Trump.

A Casa Branca afirma que na maior parte do planeta o aço é subsidiado injustamente e, portanto, as tarifas são necessárias para proteger suas empresas e postos de trabalho. Um relatório do Departamento de Comércio apontou vários fechamentos de siderúrgicas nos últimos anos, acompanhado de maciça perda de empregos.

Atualmente, a indústria siderúrgica norte-americana emprega 140 mil trabalhadores, significativamente inferior aos 650 mil trabalhadores empregados há cerca de 50 anos atrás. Em parte, a queda de postos de trabalho pode ser explicada pelas mudanças tecnológicas ocorridas desde o final da Segunda Guerra Mundial, o que permitiram aumento de produtividade. Além disso, o processo de reciclagem, hoje muito mais avançado do que há cerca de meio século atrás, exige menos postos de trabalho, possui apelo ambiental e potencializa as margens de lucro das empresas.

A experiência do passado mostra que a tarifação não é uma forma inteligente de promover o crescimento sustentável a médio e longo prazo. O Brasil é uma bela prova concreta do que não se deve fazer. George Bush, Bill Clinton e Roland Regan também criaram tarifas de importação em menor intensidade. A indústria local, insuficientemente competitiva, ficou em situação confortável e ainda aproveitou o momento para subir preços, o que forçou clientes e fabricantes locais a buscarem materiais de substituição mais baratos para evitar o custo do aço maior.

O segundo ponto, ainda mais grave, é uma possível retaliação de parceiros comerciais dos Estados Unidos, impondo barreiras em outros produtos, além da criação de um efeito protecionista dominó de tarifações generalizadas entre diferentes países. Antes mesmo de a medida ser anunciada por Donald Trump, o setor siderúrgico brasileiro, por exemplo, já pressionava o governo para levantar barreiras contra o aço que vem da China e Rússia.

O presidente executivo da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse que a medida anunciada pelo presidente dos Estados Unidos é um flagrante de intervenção para proteção da indústria local. Segundo Juncker, a União Europeia vai reagir firmemente e defender seus interesses na OMC (Organização Mundial do Comércio).

O Ministério da Indústria e Comércio Exterior do Brasil afirmou em nota publicada hoje a noite que não descarta eventuais ações complementares, no âmbito multilateral e bilateral, para preservar nossos interesses.

O governo canadense também publicou nota afirmando que qualquer restrição ao seu aço e alumínio é absolutamente inaceitável, no qual também frisou que tomará medidas de resposta para defender seus interesses.

No México, a Câmara Nacional da Indústria do Ferro e Aço pediu uma resposta recíproca e imediata de seu governo à eventual imposição de tarifas pelos norte-americanos.

O motivo apresentado pela Casa Branca para tarifação do aço e alumínio também colaborou para despertar a ira de muitos países, incluindo aliados tradicionais. Os Estados Unidos citaram questões de segurança nacional, pois o país precisa de oferta doméstica de aço e alumínio para fabricar seus tanques e navios de guerra.

Os detalhes da medida que pegou o mundo de surpresa serão divulgados somente na próxima semana. Sarah Huckabee Sanders, porta-voz da Casa Branca, quando questionada se não considerava que as novas tarifas eram muito duras, simplesmente respondeu que a ideia é justamente esta.

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