O banco suíço UBS cortou a estimativa de preço justo para a ação ordinária (ON, com voto) da BRF (BOV:BRFS3), dona das marcas Sadia e Perdigão, de R$ 47,50 para R$ 28,50, uma redução de 40%,e mudou a recomendação de “comprar” para “manter” (Neutral), conforme relatório enviado aos clientes hoje.
Segundo o relatório, assinado pelos analisas Lauren Torres e Guilherme Haguiara, as mudanças acompanham os maiores riscos internos e externos para a empresa e as incertezas com a visão estratégica e a liderança e habilidade do atual time de executivos da empresa para lidar com as dificuldades. Por isso, o banco reduziu as estimativas de vendas da empresa em 3% e a geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida ou Ebitda) em 20% neste ano. O lucro por ação foi cortado em 75%, o que justifica o novo preço-alvo da ação.
Na sexta-feira, a agência de risco Standard & Poor’s rebaixou a nota de crédito da BRF também por conta dos problemas com resultados, entre os sócios e com a PF.
A empresa ainda acha que a BRF vai se beneficiar da recuperação do consumo e custos menores, que permitirão ajustes nas margens e os preços. Mas as investigações da Polícia Federal na Operação Carne Fraca e a repercussão externa das denúncias, bem como a instabilidade dos executivos pela insatisfação dos acionistas com os resultados da empresa, em especial os fundos de pensão, devem pesar sobre as ações e dificultar os planos da empresa de reduzir o endividamento.
O banco destaca a assembleia de acionistas dia 26 de abril, para decidir pela troca de comando da empresa, como um ponto fundamental para a recuperação da empresa, além dos desdobramentos das investigações da Operação Carne Fraca.