O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, disse nesta sexta-feira (27) que a cooperação entre os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) pode ajudar a na prevenção de uma possível guerra comercial que tem ameaçado o mundo. O crescente protecionismo econômico de alguns países desenvolvidos foi um dos temas mais discutidos na 10ª Cúpula do Brics, em Joanesburgo.
“[O Brics] são cinco países importantes, países chaves em seus respectivos continentes, que trabalhando na coordenação de suas ações e discursos, poderá, sem dúvida nenhuma, ser um movimento que possa deter essa tendência que é muito preocupante”.
Aloysio Nunes alertou que o desencadeamento e a generalização de uma guerra comercial global poderá ter consequências diretas sobre a geração de emprego e renda de todos os países, incluindo o Brasil.
O ministro ressaltou que o Brics está pronto para negociar com os Estados Unidos e outros países as mudanças nas regras impostas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), no sentido de tornar as decisões mais ágeis e representativas, mas defendeu que se preserve os mecanismos de cooperação e de solução de controvérsias, consideradas essenciais para o funcionamento da OMC.
Acordos
O ministro disse que o Brasil foi contemplado com os acordos assinados durante a cúpula de Joanesburgo, que começou na última quarta-feira (25). Entre os acordos destacados por Nunes está o que permite a instalação de um escritório regional no Brasil do Novo Banco do Desenvolvimento, banco do Brics para financiar projetos de infraestrutura.
“Firmamos este acordo e as providências serão tomadas imediatamente para instalação, começando com a sede em São Paulo”, disse.
Aloysio Nunes também destacou a criação de um centro de pesquisa e produção de vacinas e a assinatura de um protocolo de entendimento sobre aviação regional. “Esta também é uma iniciativa importante, porque o Brasil, como nós sabemos, tem uma experiência, tem a Embraer, que é muito conceituada no fornecimento de aviões para aviação regional, e isso vai nos permitir termos uma cooperação no sentido de estabelecer padrões, normas, que favoreçam a uniformização desse mercado”, disse.
O ministro citou ainda a ideia levantada pelos chefes de Estado de ampliar a cooperação entre os países do bloco na área de cinema, música e esporte. Para Aloysio Nunes, o setor cultural, além de promover maior integração entre os povos, tem grande relevância econômica.