As condições de crédito para as companhias não financeiras brasileiras têm apresentado sinais de melhora à medida que o Brasil (Ba2 estável) emerge da pior recessão de sua história, mas as incertezas econômicas persistem antes das eleições presidenciais de outubro de 2018, afirma a Moody’s Investors Service em um novo relatório. O real fraco deve pressionar os preços, embora a inflação e as taxas de juros devam continuar em mínimas históricas.
A economia brasileira crescerá novamente em 2018, após a expansão de 1% em 2017 que seguiu-se a dois anos de recessão, mas o consenso do Banco Central aponta para crescimento de 1,5% em 2018 – abaixo da previsão inicial de 2,6% para este ano – seguida por expansão de 2,5% em 2019.
Segundo Erick Rodrigues, um vice-presidente da Moody’s, “as métricas de crédito corporativo permanecerão sólidas para a maioria dos exportadores, mas terão melhora bastante modesta em 2018-19 para os segmentos que atuam no mercado doméstico em meio a uma recuperação econômica lenta, incerteza política e, confiança do consumidor neutra, enquanto as companhias manterão cautela com os gastos para ajudar a controlar os custos”.
A Petrobras (PETR4) (Ba2, estável) continuará focada na redução da dívida e fortalecimento do desempenho operacional para melhorar a geração de caixa e métricas de crédito.
Antecipa-se que os preços do minério de ferro continuarão estáveis e que a Vale S.A. (VALE3) (Baa3 estável) seguirá demonstrando melhora na qualidade de sua produção e dos custos. Os níveis de endividamento absoluto da companhia devem protegê-la de volatilidade futura nos preços do minério de ferro. O aumento da produção e a redução dos níveis de endividamento são bons sinais para um 2019 mais forte.
Já a indústria siderúrgica deve continuar sua recuperação, embora de modo mais lento. As incertezas políticas e a greve dos caminhoneiros atrasam a recuperação da siderurgia, após as três principais companhias do setor terem promovido cortes de custos e ajustado as operações. Preços mais elevados para o aço ajudarão as siderúrgicas a compensar a demanda menor no segundo semestre de 2018.
A Moody’s afirma que preços robustos para papel e celulose e a gestão das dívidas melhoraram substancialmente os fluxos de caixa tanto para a Suzano quanto para a Fibria. O real mais fraco impulsionará a receita com exportações de carne de BRF (BRFS3), JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva S.A. (BEEF3), mas as margens com aves em 2018 apresentam compressão de margens e perdas devido à greve dos caminhoneiros.
Em outros setores, como o de telecomunicações, aumentaram os planos de investimentos para atender à demanda crescente por dados fixos e móveis mais velozes e o processo de desalavancagem continua com EBITDA menos capex e fluxo de caixa positivos até 2019.
A incerteza política e o ambiente macroeconômico atrasarão a recuperação das construtoras de imóveis residenciais para 2019. Esta recuperação dependerá do resultado das eleições gerais e das perspectivas macro do país. Juros e inflação mais baixos são os principais fatores de suporte para as vendas de imóveis no Brasil hoje, reduzindo os juros dos financiamentos imobiliários e os níveis de endividamento dos mutuários, ao mesmo tempo em que a renda disponível dos consumidores cresce.