Em busca de ampliar ainda mais seu leque de atividades, os Correios planejam entrar no mercado de entregas compartilhadas, serviço em crescimento disputado hoje por empresas como Uber, Rappi e iFood.
Pelo projeto em desenvolvimento, a estatal faria uma parceria societária com o setor privado para criar uma espécie de “Uber das encomendas”.
Na entrega compartilhada presente no mercado, o usuário acessa um aplicativo e faz o pedido por um alimento ou produto. A entrega é feita por colaboradores cadastrados no sistema.
De acordo com fontes próximas à estatal, o Correios está avaliando a possibilidade de fazer uma parceria com as empresas que já atuam no segmento. A intenção principal da companhia é criar um serviço novo em parceria com uma empresa de tecnologia.
Hoje, a pessoa que deseja enviar uma encomenda pelos Correios precisa ir a um ponto de atendimento e fazer uma postagem convencional. O produto passa por uma extensa logística interna na companhia até chegar às mãos do carteiro e ao destino final.
Com o novo modelo, etapas do processo poderiam ser eliminadas e isso poderia gerar uma redução de custos.
Inicialmente, o projeto em estudo não prevê a contratação de colaboradores sem vínculo aos Correios. A medida, segundo dirigentes, não vai promover uma “terceirização branca” dos serviços, e sim a otimização da atual estrutura da companhia.
Segundo os relatos, os estudos caminham para a criação de um modelo híbrido, que carrega a simplificação da entrega compartilhada ao mesmo tempo que se beneficia com o uso da força de trabalho, da estrutura e da capilaridade dos Correios.
A definição do modelo ainda depende da conclusão de estudos técnicos e de viabilidade econômica. Encerrada essa primeira etapa, deve ser lançado um projeto-piloto em algumas cidades.
A visão dentro estatal é de que os Correios podem perder uma fatia importante do mercado se não entrarem nesse tipo de serviço, que é recente, mas apresenta forte crescimento.
O diagnóstico da necessidade de diversificação fica claro nos números registrados pela companhia nos últimos anos. As entregas da área na qual os Correios têm monopólio -envio de cartas, telegramas e outras mensagens- caíram de 8,9 bilhões de unidades em 2012 para uma estimativa de 5,7 bilhões em 2018.
Na postagem de encomendas, a estatal não conta com esse benefício e enfrenta concorrência de gigantes do setor, como DHL e UPS.
A empresa, que tem cerca de 105 mil funcionários, passa por um processo de reestruturação que inclui redução do número de agências físicas e enxugamento do quadro de empregados.
O novo serviço, que inicialmente vai dispensar entrega de comida e deve focar apenas em encomendas, entraria no portfólio da estatal para complementar o que é oferecido hoje.
Também está em estudo aliar o sistema a novas formas de coleta de encomendas. Entre os planos está a instalação de armários automatizados em shoppings e estações de trem e ônibus. Nesse caso, o usuário poderia fazer o pedido pelo aplicativo e retirar a encomenda nesses locais.
A execução do projeto será tocada pela CorreiosPar, controlada pela estatal. Esse tipo de negócio pode ser feito desde 2011, quando uma lei autorizou a empresa pública a ampliar o campo de atuação, comprar participações em companhias já estabelecidas e constituir subsidiárias.
Fonte: Folha de S. Paulo