As ações da Natura (BOV:NATU3) sobem cerca de 5% nesta quarta-feira (22), com a confirmação de compra da americana Avon. Segundo o Financial Times, o negócio será feito por meio de compra de ações. A Natura deve oferecer US$ 2 bilhões pela rival, equivalente a R$ 8,07 bilhões. A Avon, no entanto, tem valor de mercado de US$ 1,5 bilhão.
Os papéis da companhia brasileira chegaram a cair cerca de 5%, a R$ 52,84, assim que a Bolsa brasileira abriu. Com maiores detalhes da compra, eles inverteram o sinal e, às 13h03, tem alta de 4,46%, a R$ 58,71. Na máxima, as ações foram a R$ 59,62.
“O modelo de transação por ações pode gerar bastante valor por não ter alavancagem financeira. Nas outras aquisições, a Natura teve solavancos no caixa porque desembolsou grandes valores”, afirma Luis Gustavo Pereira, estrategista-chefe da Guide Investimentos.
O receio de investidores era de que a compra poderia comprometer a dívida da companhia brasileira. Ao fim de 2018, o déficit da companhia era de 2,71 vezes o Ebitda.
“O negócio só poderia ser melhor se a compra da Avon fosse mais barata e o dólar estivesse mais baixo”, diz Pereira. Nesta sexta, o dólar está cotado a R$ 4,0330.
Por meio de fato relevante, a Natura confirmou que as negociações estão em estágio final e que a aquisição “será em uma operação que envolve troca de ações (all-share merger), que resultaria na combinação de seus negócios, operações e das bases acionárias da Natura e da Avon”.
Neste modelo de compra, o pagamento é feito por ações. A Natura oferece um valor, em ações, acima do preço de mercado, para cada ação da Avon.
A companhia ainda ressalta que a transação está sujeita a aprovação dos órgãos reguladores e pelas bases acionárias de ambas as partes. “Não há como garantir que uma Transação definitiva será anunciada ou ainda os outros termos de qualquer eventual acordo”, diz o comunicado.
“A Avon passou por tempos difíceis em todos os seus principais mercados e pode precisar de investimentos para revitalizar suas operações em todo o mundo, ao mesmo tempo em que a Natura têm que manter o seu plano de reestruturação em curso para a marca The Body Shop”, afirma Henara Matache, analista do Brasil Plural.
Neste ano, a Natura adquiriu a operação da inglesa The Body Shop na América Latina.
Apesar disso, Matache afirmou em nota a clientes que as sinergias que podem resultar da combinação das duas empresas “devem superar o lado negativo dos investimentos necessários e contribuir diretamente com o objetivo maior da companhia de se tornar uma marca verdadeiramente global”.
Com a perspectiva de crescimento, as ações da Natura inverteram sinal e sobem 4,4%, a R$ 58,68, às 12h49. A alta é a maior do Ibovespa, maior índice acionário do país, que opera em alta de 0,12%, a 94.602 pontos.
Já os papéis da Avon chegaram a subir mais de 20% na Bolsa de Nova York pela manhã. No momento, a companhia tem alta de 10%, a US$ 3,52 (R$ 14,20).
Com o jornal Folha de S. Paulo.