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Bolsonaro contraria Mandetta e diz que povo quer voltar ao trabalho

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No dia seguinte ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defender o isolamento horizontal para evitar a disseminação do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro divulgou neste domingo um vídeo em que conversa com um vendedor ambulante em Taguatinga, no Distrito Federal, no qual afirma que o povo quer voltar a trabalhar.

No vídeo, o presidente também volta a defender o medicamento hidroxicloroquina como tratamento pata o Covid-19, doença causada pelo coronavírus, apesar de Mandetta ter alertado na véspera para os riscos do uso indiscriminado do remédio, que pode ser tóxico para determinados órgãos como o fígado.

“O que eu tenho conversado com o povo aí é que eles querem trabalhar. É o que tenho falado desde o começo, vamos tomar cuidado, quem for maior de 65 fica em casa”, disse Bolsonaro enquanto conversava com um vendedor de espetinhos que defendia a necessidade de estar na rua trabalhando.

Enquanto o presidente conversava com o ambulante, outras pessoas começaram a se aglomerar no entorno gravando vídeos e tirando fotos. Muitos dos populares também defenderam a necessidade de romper o isolamento e retornar ao trabalho.

Evitar aglomerações, assim como isolamento e o distanciamento social, é uma das recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter a disseminação do coronavírus, responsável por 114 mortes no país até o sábado.

“Aquele remédio hidroxicloroquina está dando certo em tudo que é lugar. Um estudo francês chegou para mim agora. Eu não sou médico não, mas chegou para mim agora”, afirmou o presidente sem dar detalhes sobre a que estudo se referia.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi um dos primeiros do país a adotar medidas de restrição à circulação para conter o avanço do coronavírus e a orientação da administração local é para que as pessoas fiquem em casa e saiam apenas em casos de extrema necessidade.

Bolsonaro tem criticado governadores e prefeitos pela adoção de medidas de restrição à circulação, e chegou a acusar os gestores locais que as adotam de cometerem um “crime” (Imagem: Flickr/Isac Nóbrega/PR)

Bolsonaro tem criticado governadores e prefeitos pela adoção de medidas de restrição à circulação, e chegou a acusar os gestores locais que as adotam de cometerem um “crime”, de estarem “arrebentando com o Brasil” e de serem “exterminadores de empregos”.

Em entrevista coletiva no sábado, Mandetta defendeu o isolamento social como uma forma de conter a propagação do vírus e dar tempo para que o sistema de saúde se organize para o pico da epidemia de Covid-19.

A postura de Mandetta na coletiva veio depois de uma tensa reunião dele com Bolsonaro e outros ministros, na qual o titular da Saúde avisou que não defenderia o isolamento vertical apregoado por Bolsonaro e pediu que o presidente parasse de minimizar a pandemia de coronavírus, a qual ele se referiu por mais de uma vez como “gripezinha”.

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