A rede de shoppings de luxo Iguatemi obteve lucro líquido de 43,6 milhões no segundo trimestre de 2020, queda de 23% em relação ao mesmo período de 2019. O setor de shopping centers foi um dos mais atingidos pelas medidas de isolamento social para conter a pandemia do novo coronavírus.
Os resultados do Iguatemi (BOV:IGTA3) referente a suas operações do segundo trimestre de 2020, foram divulgados no dia 04/08/2020.
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A receita líquida atingiu R$ 160,9 milhões, recuo de 14,3% no comparativo anual. O Ebitda, que representa o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, caiu 16,5%, para R$ 114,9 milhões.
A companhia afirmou no balanço que atualmente 12 de 16 empreendimentos do portfólio estão em operação, mas com limite de capacidade entre 20% e 50%.
A receita de aluguel foi apenas 2,8% menor, mas o Iguatemi usou um mecanismo de prorrogar os aluguéis com vencimento em abril para outubro. A empresa também afirmou que descontos por conta do efeito da pandemia “serão linearizados por um período de 30 meses”.
As vendas totais do período despencaram 82,8%. O indicador SSS (Vendas Mesmas Lojas), referente aos estabelecimentos abertos há mais de 12 meses, encerrou no negativo (-70,6%).
Segundo Carlos Jereissati, CEO da Iguatemi, os impactos da pandemia de covid-19 foram sentidos com ainda mais força entre abril e julho.
“Todos os ativos da companhia permaneceram com suas operações suspensas até final de abril, período em que apenas as operações essenciais, como farmácias e supermercados, além da operação de delivery de alimentos, seguiram funcionando”, relembrou.
Os shopping centers estão voltando a operar conforme as restrições de deslocamento impostas por autoridades públicas começam a ser flexibilizadas. Jereissati assegurou que a Iguatemi está preparada para o processo de reabertura dos empreendimentos, implementando todos os protocolos de saúde necessários para garantir a segurança dos clientes, lojistas, colaboradores e fornecedores.
“Seguiremos adotando uma postura transparente, focados em operar com todo o cuidado que este novo cenário exige, e atentos às inovações para aprimorar ainda mais a experiência de consumo omnichannel”, concluiu o executivo.
A companhia reduziu fortemente as despesas, com o total excluindo amortização e depreciação caindo 28,8%, para R$ 38,9 milhões.
Esse conjunto, assim como o menor volume de impostos pagos no período, aliviou parcialmente os efeitos negativos da crise.
O resultado operacional do trimestre medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) caiu 16,5%, para R$ 114,9 milhões. A margem Ebitda caiu apenas 2 pontos percentuais, para 71,4%.
O Iguatemi fechou junho com uma posição de caixa de R$ 1,2 bilhão, alta de 17% em relação ao fim de 2019, refletindo a captação de R$ 300 milhões em debêntures. Com isso, a alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda subiu de 2,03 para 2,66 vezes, a R$ 1,56 bilhão.
Efeito Contábil
Os danos ao balanço no trimestre só não foram piores devido à adoção da prática contábil de linearização.
Essa é uma prática comum no setor de shoppings. Funciona assim: os valores dos contratos de locação dos pontos comerciais são divididos de uma forma equilibrada ao longo do seu período de vigência. Isso serve para o operador dos shoppings diminuir a volatilidade no reconhecimento da receita, que dispara em alguns períodos, como nas vendas de fim de ano.
Agora, porém, o efeito da linearização está sendo aplicado também nos valores dos descontos sobre os aluguéis, em conformidade com o direcionamento do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), segundo a Iguatemi. Ou seja, essa perda de receita “está sendo espalhada ao longo dos períodos de vigência dos contratos, diluindo os prejuízos originados no trimestre.
O lado bom para as empresas é que o prejuízo não fica tão feio agora. O lado ruim é que esses danos vão pesar nos balanços por muitos trimestres adiante.