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Programa de trainee da Magazine Luiza para negros gera polêmica

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Magazine Luiza (BOV:MGLU3) abriu nesta sexta-feira (18) as inscrições para seu programa de trainee 2021, com salários de R$ 6.600 mais bônus de contratação de um salário. Diferentemente das edições anteriores, as vagas deste ano são exclusivamente voltadas para pessoas negras.

Atualmente, 53% do quadro de funcionários do Magazine Luiza são pretos e pardos. Desses, apenas 16% ocupam cargos de liderança.

“O Magazine Luiza acredita que uma empresa diversa é uma empresa melhor e mais competitiva. Queremos desenvolver talentos negros, atuar contra o racismo estrutural e ajudar a combater a desigualdade brasileira”, diz Patrícia Pugas, diretora executiva de Gestão de Pessoas.

Podem se inscrever candidatos formados em qualquer curso superior entre dezembro de 2017 e dezembro de 2020. As vagas são para trabalhar em São Paulo, mas pessoas de todo o Brasil podem participar. O Magazine Luiza vai dar auxílio mudança aos selecionados que sejam de fora da cidade.

Conhecimento em língua inglesa e experiência profissional não são pré-requisitos para a seleção.

O processo seletivo foi desenvolvido em parceria com as consultorias Indique Uma Preta e Goldenberg, Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), Faculdade Zumbi dos Palmares e Comitê de Igualdade Racial do Mulheres do Brasil. São seis etapas: testes online, vídeo de apresentação profissional, entrevista com o RH, entrevista com diretores da área, entrevista com a diretoria executiva e conversa com o CEO Frederico Trajano.

Os benefícios oferecidos pelo Magazine Luiza vão desde plano médico e odontológico, vale-transporte e vale-refeição a descontos em produtos, gympass, home office híbrido e bolsa de inglês.

Assuntos mais comentados e polêmicas

A decisão da Magazine Luiza em colocar apenas negros no próximo programa de trainees foi um dos assuntos mais comentados do momento no Twitter neste sábado (19).
A decisão da empresa abriu um disputa nas redes sociais entre os que elogiam a medida e aqueles que acusam a Magalu de “racismo reverso” com brancos, usando a hashtag #MagazineLuizaRacista.
Dentre os críticos, estão o vice-líder do governo na Câmara, deputado Carlos Jordy. O deputado afirmou que está entrando com representação no Ministério Público contra a empresa para que seja apurado crime de racismo.
A Magazine Luiza respondeu ao deputado pelas redes sociais dizendo que a empresa tava tranquila da legalidade do programa. “Inclusive, ações afirmativas e de inclusão no mercado profissional, de pessoas discriminadas há gerações fazem parte de uma nota técnica de 2018 do Ministério Público do Trabalho”, escreveu por meio do perfil oficial.
O deputado rebateu dizendo que a situação prejudicava pessoas não negras: “ações afirmativas, tais como cotas, existem e são até previstas em lei para ingresso no ensino e serviço público, apesar de discordar frontalmente de cotas raciais. Porém, a ação da @magazineluiza não se trata de uma ação afirmativa mas de impedir a contratação de pessoas não negras”.
O Presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, faz coro às acusações de racismo. “Magazine Luiza terá que instituir Tribunal Racial no seu RH para evitar que pardos e brancos consigam fraudar o processo seletivo que é exclusivo para pretos. Portanto, terá que fazer a análise do fenótipo dos candidatos, prática identificada com o nazismo.”
Já a deputada federal Benedita da Silva (PT) compartilhou a matéria do Broadcast/Estadão em sua conta na rede social e destacou que a Magalu tem 53% de pretos e pardos em seu quadro de funcionários, mas apenas 16% deles em cargos de liderança.
 A deputada ainda se mostrou contrária a publicação da juíza do Trabalho Ana Luiza Fischer Teixeira de Souza Mendonça que afirmou nas redes sociais, segundo a Folha de São Paulo, que o programa era inadmissível e proibido pela Constituição Brasileira. A juíza apagou a publicação após as críticas.

Componente Matemático

Segundo o presidente da empresa, Frederico Trajano, um componente matemático foi o motivo da decisão da empresa em colocar apenas negros. De um lado, há o desequilíbrio entre o número de funcionários e o de lideranças negras dentro da empresa. Por outro, ter à frente pessoas que refletem a realidade da população brasileira levará a tomadas de decisão que aumentarão as vendas – e gerarão maior valor ao acionista. “Somos responsáveis por quem selecionamos e promovemos”, diz. “Claramente, se temos 53% da equipe negra e parda e só 16% de negros e pardos em cargos de liderança, há um problema para resolver com uma ação concreta.”

Perguntado se a decisão teve a ver com demandas de investidores, o presidente foi enfático: “Definitivamente, não de investidores. Não espere isso tão cedo. Embora exista a pauta de ESG (meio ambiente, sustentabilidade e governança, da sigla em inglês), ainda não chegamos lá. Fizemos uma pesquisa interna. Eu não sabia, mas 53% da nossa equipe é formada por negros e pardos. Na mesma pesquisa, vimos que apenas 16% dos nosso líderes eram negros e pardos. Isso acendeu um sinal amarelo ou vermelho. Nunca nos posicionamos em relação à pauta racial porque não havia um diagnóstico claro dessa questão. A partir da pesquisa, vimos que tínhamos uma anomalia, um problema concreto. Somos muito pragmáticos. O caminho mais curto para se chegar à liderança é o programa de trainee. Porém, nos programas anteriores – e eu sempre entrevisto os finalistas –, a gente sempre tinha só uma pessoa negra ou parda no final. Então, de certa maneira, não estávamos conseguindo atrair e selecionar essas pessoas. Precisávamos fazer algo diferente. Não é oportunismo. Queremos resolver um problema que sabemos que temos. Estamos sendo honestos em relação à necessidade de mudar uma realidade que nós mesmos criamos. Somos responsáveis por quem selecionamos e promovemos”.

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