A elétrica Neoenergia, controlada pelo grupo espanhol Iberdrola, divulgou lucro líquido de R$ 814 milhões no terceiro trimestre, crescimento de 36% na comparação anual, com o aumento da receita e a melhora dos resultados operacional e financeiro.
Os resultados da Neoenergia (BOV:NEOE3) referente a suas operações do terceiro trimestre de 2020, foram divulgados no dia 20/10/2020.
O Ebitda – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – avançou 17%, para R$ 1,76 bilhão. Segundo a administração da Neoenergia, o aumento confirma “a retomada da economia, a manutenção da eficiência e o avanço na construção de projetos de transmissão”.
O Grupo Neoenergia possui valor de mercado de R$ 20,7 bilhões. Confira a Análise completa da empresa com informações exclusivas.
A receita líquida da companhia, controlada pela espanhola Iberdrola, somou R$ 7,98 bilhões, o que representa uma alta de 11% na mesma base de comparação. O resultado operacional, antes do financeiro e dos tributos, cresceu 19%, para R$ 1,35 bilhão.
O volume de energia injetada atingiu 16,3 mil GWh, aumento de 1,3%. Já a energia distribuída (considerando os mercados cativo e livre) alcançou 13,9 mil GWh, em linha com o desempenho do terceiro trimestre do ano passado.
Segundo a Neoenergia, o consumo começou no terceiro trimestre sua trajetória de recuperação nas quatro distribuidoras administradas por ela e em todas as classes, com destaque para o segmento residencial.
“O consumo residencial, de maior margem, apresentou crescimento em todas as distribuidoras, consolidando aumento de 7,6% no terceiro trimestre de 2020 e de 4,5% nos primeiros nove meses do ano em relação aos mesmos períodos de 2019”, destacou a empresa.
O aumento no consumo foi impulsionado pela base maior de clientes, que chegou à marca de 14,2 milhões de consumidores ativos. O segmento residencial também cresceu em razão das medidas de isolamento social impostas pelos governos estaduais para conter a disseminação do coronavírus.
O resultado financeiro líquido ficou negativo em R$ 197 milhões. Um ano antes, era negativo em R$ 310 milhões. A variação foi atribuída pela companhia à queda nas despesas com encargos de dívida e pela entrada de recursos da Conta-Covid, que somaram R$ 1,66 bilhão, considerando todas as subsidiárias da Neoenergia.
Teleconferência
A pandemia de covid-19 teve um impacto de R$ 333 milhões na distribuidora Neoenergia até o final de setembro, afirmou o CEO Mário Ruiz-Tagle durante conferência com analistas nesta quarta-feira. Apenas no terceiro trimestre, os impactos da crise sanitária foram de R$ 36 milhões. O CEO, no entanto, ressalta, que o pior da crise já passou.
“Os resultados do terceiro trimestre já nos trazem a confiança de que a retomada da atividade econômica traz as coisas para uma certa normalidade e que o pior da crise está ficando para trás. Esta nova fase é de convivência com o coronavírus, o que demanda uma maior demanda de saúde com nossos colaboradores e clientes”, explicou o CEO.
A Neoenergia acredita que conseguirá antecipar a entrega dos projetos de transmissão de energia elétrica em construção, mesmo em meio à crise causada pela pandemia, afirmou o CEO.
Durante o terceiro trimestre do ano, a companhia realizou audiências virtuais para obtenção das licenças ambientais para os projetos dos lotes 1, 2, 3 e 14 adquiridos no leilão de transmissão de dezembro de 2018.
“Nosso plano segue rigorosamente em linha, apesar dos impactos da pandemia, principalmente no segundo trimestre”, afirmou o diretor financeiro Leonardo Gadelha.
A Neoenergia também mantém previsão de antecipar a entrega do projeto de geração de energia eólica de Chafariz, na Paraíba. O projeto de 471,2MW estava inicialmente programado para entrega em janeiro de 2022, mas há perspectiva de antecipação por três meses.
“Nosso projeto Chafariz segue adiantado, não tivemos impactos relevantes em decorrência da covid-19. A construção está com 1.405 pessoas aproximadamente na obra e já se encontra bastante avançada”, acrescentou o CEO, que adiantou que a previsão é iniciar a montagem dos aerogeradores em janeiro de 2021.
A companhia mantém a previsão de início das obras do complexo eólico de Oitis, no Piauí e na Bahia, para fevereiro de 2021.
A volta dos cortes de energia elétrica ajudou a Neoenergia a melhorar a arrecadação no terceiro trimestre de 2020, afirmou o diretor financeiro.
Ao todo, a companhia realizou 318 mil suspensões de fornecimento por não pagamento entre julho e setembro.
“Nossa arrecadação de todas as classes já voltou para o patamar histórico, incluindo os clientes de baixa renda. Nossas quatro distribuidoras demonstraram aumento de arrecadação, fruto das ações de cobrança que apresentaram excelente resultado, e da volta dos cortes de energia”, explicou Gadelha.
VISÃO DO MERCADO
BB Investimentos destaca do lado positivo o crescimento de energia injetada de 1,3% a/a, aumento de 1,6% a/a no número de clientes, recebimento de recursos da Conta-Covid no total de R$ 1,66 bilhão pelas concessionárias de Distribuição do grupo, e melhora na inadimplência, após apresentar números alarmantes no 2T20, quando concentrou-se o pior dos efeitos da pandemia.
Porém, do lado negativo, o BB ressalta que o aumento expressivo de perdas de energia que, em volumes totais, aumentaram 12,03% a/a no 3T20 e 0,4% a/a nos 9M20, anularam o crescimento da energia injetada e fez com que a energia distribuída viesse 0,3% abaixo do 3T19 e -2,9% no acumulado do ano. “Diante disso, ressaltamos a relevância que a próxima revisão tarifária das distribuidoras terá na perspectiva de geração de caixa e no valor da companhia, sejam elas realizadas via Revisão Tarifária Extraordinária ao longo de 2021, ou no calendário regular de cada uma das concessões, a fim de reestabelecer o equilíbrio econômico. No acumulado em 12 meses, a energia injetada ainda apresenta queda de 2,5% a/a” finaliza a avaliação.
BB Investimentos mantém recomendação Neutra para Neoenergia com preço-alvo em R$ 22,30 para o final de 2020.
(Com Valor)