A CoronaVac, vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech, atingiu o número mínimo de voluntários infectados nos testes clínicos da fase 3, segundo o Yahoo! Notícias.
Contraíram a doença somente 74 dos 13 mil voluntários que participaram do estudo até aqui. Para que a análise fosse realizada, eram necessárias ao menos 61 infecções, patamar atingido na última sexta-feira (20), segundo o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
Na fase 3 do estudo, que envolve 10,8 mil voluntários, metade dos participantes tomou duas doses da vacina e a outra metade, um placebo. Os participantes não sabem a qual grupo pertencem.
A expectativa do governo de São Paulo, comandando por João Doria (PSDB), é que o Comitê Internacional Independente divulgue a efetividade e eficácia da vacina ainda na primeira semana de dezembro.
“Assim que divulgados estes resultados, eles serão então encaminhados para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para seu reconhecimento e chancela”, afirmou o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn.
Caso a Anvisa aprove no prazo expresso esperado pela emergência sanitária, o governo de São Paulo trabalha com um calendário efetivo de vacinação em janeiro de 2021.
“Expectativa é que, já no mês de janeiro, a Anvisa tenha aprovado a Coroanvac. E com os 46 milhões de doses disponíveis, o Instituto Butantan junto ao Programa Nacional de Imunização consiga vacinar os brasileiros”, completou Gorinchteyn.
120 MIL DOSES JÁ CHEGARAM EM SP
Na quinta-feira (19), o primeiro lote composto por 120 mil doses da vacina Coronavac chegou no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP). As doses que compõem o primeiro lote já estão prontas para o uso e foram acondicionadas em bolsas de 200 litros cada uma dentro de contêineres refrigerados numa temperatura que varia entre 2ºC e 8ºC.
As primeiras 120 mil doses integram a primeira remessa de 6 milhões de doses que o governo paulista adquiriu da Sinovac. As doses prontas e a matéria-prima necessária para a fabricação de mais 40 milhões de doses contra o novo coronavírus serão transportadas em voos fretados e comerciais.
A previsão do governo Doria é que a carga completa esteja em solo paulista até o dia 30 de dezembro.
O Butantan detém duas fábricas para produção e envase de vacinas cuja capacidade atinge cerca de 2 milhões de doses de vacina. Segundo o instituto, as duas linhas de produção já passaram por manutenção e estão prontas para o início dos trabalhos.
ENTENDA A ‘GUERRA DAS VACINAS’
A CoronaVac ganhou projeção ao entrar no centro de uma guerra política entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador João Doria (PSDB), prováveis adversários nas eleições presidenciais de 2022.
Na avaliação de aliados do presidente, Doria estaria tentando ganhar “capital político” ao encampar a produção de uma vacina contra a Covid-19 e chegaria municiado neste tema em uma eventual disputa pela presidência em 2022 contra Bolsonaro.
Há duas semanas, a Anvisa paralisou os estudos clínicos da vacina após a agência alegar a ocorrência de um “evento adverso grave” com um voluntário do estudo. A paralisação, anunciada no dia 9, pegou de surpresa o governo Doria.
Na terça (10), o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que era “impossível” a relação entre “evento adverso grave” e com a vacina. A retomada dos testes foi anunciada na quarta-feira (11).
Nesse intermédio, foi revelado que o “evento adverso grave” tratava-se da morte do voluntário, ocorrida no dia 29 de outubro, que foi registrada inicialmente pela Polícia Civil como suicídio. A vítima integrava o grupo que fazia parte do estudo conduzido pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
A suspensão do estudo foi comemorado por Bolsonaro. Na terça, o presidente compartilhou a notícia de suspensão pela Anvisa dos testes da vacina Coronavac e disse ter “ganhado” do tucano.
Bolsonaro esvaziou o plano de aquisição futura da Coronavac feito em outubro pelo seu próprio ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, criticou o governador João Doria e disse que a vacina não era confiável por causa de sua origem.
Neste mês, o presidente voltou atrás e declarou que poderia autorizar a compra da vacina produzida pela Sinovac, mas não pelo preço que um “caboclo aí quer”.
Por João Conrado Kneipp