O grupo EDP (BOV:ENBR3) firmou parceria com a rede Graal para instalar oito pontos de recarga para veículos elétricos no Estado de São Paulo. A expectativa é que os “eletropostos” estejam prontos até o fim deste ano e que a operação tenha início já nos primeiros meses de 2021. O objetivo das duas empresas é largar na frente em um mercado que deve disparar nos próximos anos, com o avanço dos carros elétricos no Brasil.
Para a EDP, empresa de energia elétrica, o projeto é mais um passo na chamada transição energética. Já para a Graal, a iniciativa é uma forma de garantir a presença dos clientes com a oferta de mais um serviço essencial, além dos atuais postos de combustível, lojas de conveniência e restaurantes.
As estações de recarga fazem parte do projeto Plug&Go, uma iniciativa em parceria com as fabricantes Audi, Porsche e Volkswagen para montar uma rede de recarga ultrarrápida na América Latina. A expectativa é que 30 postos sejam instalados até 2022 no País, num total de R$ 33 milhões de investimentos.
Na parceria entre EDP e Graal, as instalações da primeira fase serão feitas nos postos Buenos Aires (Rodovia Regis Bittencourt km 449 – Registro); Petropen (Rodovia Régis Bittencourt km 461 – Pariquera-Açu); Coral (Via Anhanguera km 210 – Pirassununga); Topázio (SP 330 km 140 – Limeira); 125 Sul (Rodovia dos Bandeirantes, Km 125 – Santa Bárbara d’Oeste); Mairiporã (Fernão Dias, km 62 – Mairiporã); e Rancho Português (Fernão Dias, km 70 – Mairiporã); e Trevo (Rodovia Anhanguera, Km 320, s/n – Ribeirão Preto SP).
Segundo o chefe de mobilidade elétrica e negócios B2C da EDP, Nuno Pinto, a expectativa é avançar essa parceria para uma segunda etapa. No total, serão 15 estações de recarga instaladas nos postos Graal, incluindo duas unidades em Minas Gerais. Com isso, a empresa de energia passa a ter presença em todos os Estados do Sudeste. Atualmente, ela tem 50 pontos de carregamento ativos no País e espera triplicar o tamanho dessa rede até o fim de 2022.
“Não podemos esperar a demanda aumentar para começar a se movimentar nesse caminho”, diz Nuno Pinto. Segundo ele, a previsão é que o mercado de veículos elétricos tenha um crescimento de 60% neste ano comparado a 2019. Até outubro, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), a venda desses carros havia crescido 31%, somando 15.565. Se mantiver o ritmo dos últimos meses, a meta prevista por Nuno será batida. “Isso já nos dá uma demanda interessante para atender.” O gerente de expansão da Rede Graal, Nivaldo Júnior, completa que tem recebido pedido de clientes para a instalação dos postos de recarga.
Cada local terá dois equipamentos que possibilitam o abastecimento de até três carros simultaneamente. Um será de recarga ultrarrápida, que dá autonomia de até 100 km em cerca de 15 minutos. O outro será semirrápido, que consegue abastecer até 100% da bateria em cerca de uma hora e meia. “Mas o tempo depende muito do tipo de carro e da capacidade da bateria”, destaca Nuno Pinto.
O executivo explica que neste momento, o abastecimento será gratuito. Mas a empresa vai usar os primeiros eletropostos instalados para estudar formas de cobrança.
‘Círculo virtuoso’
Para o professor da UFRJ, Nivalde Castro, a instalação de postos de recargas provoca um circulo virtuoso e estimula a compra de veículos elétricos, cuja manutenção é praticamente zero, além de ser uma opção mais sustentável. “Esse é um processo irreversível e cabe muito bem ao País, que tem a matriz elétrica mais limpa do mundo.”
Até julho, segundo ABVE, com base no aplicativo Tupinambá Energia, o País tinha 315 eletropostos no Brasil (excluídos pontos de recarga em condomínios residenciais).
Lucro líquido de R$ 299,8 milhões no 3T20
A EDP Brasil fechou o terceiro trimestre com um lucro líquido atribuído ao controlador de R$ 299,8 milhões, queda de 15,3% em relação a observada em igual período de 2019.
A receita líquida atingiu R$ 1,9 bilhão no trimestre e R$ 5,3 bilhões no acumulado, redução de 11,8% e de 6,2%, respectivamente.
Miguel Setas, presidente da EDP Brasil, comunicou que o grupo se prepara para operar no varejo do mercado livre de energia.
“Estamos nos preparando para uma abertura maior do ACL [ambiente de contratação livre]. Queremos operar no B2B [transações com grandes empresas], mas também no ‘varejo’. É completamente diferente, no relacionamento comercial, nas políticas de créditos. Temos equipes internas junto com consultores”, disse o executivo, durante teleconferência de resultados.